“Febre do Ozempic” faz farmacêutica Novo Nordisk virar estrela da bolsa. Vale a pena investir nas ações ou existem ‘efeitos colaterais’?
As ações da Novo Nordisk já se valorizaram 78% ao longo dos últimos 12 meses. Mas ainda há espaço para novos ganhos? Confira na reportagem a seguir
Uma fabricante de medicamentos para diabetes dinamarquesa colocou em xeque a liderança da LVMH, um dos maiores conglomerados de luxo do mundo, na lista de empresas mais valiosas da Europa. A Novo Nordisk roubou os holofotes neste ano — e tudo graças à “joia da coroa farmacêutica”: o Ozempic.
Por um século, a empresa se dedicou inteiramente à fabricação de remédios para diabetes e insulina. Mas o nome do laboratório recentemente foi parar nos perfis de influenciadores nas redes sociais depois que medicamentos como o Ozempic e o Wegovy passaram a ser usados como uma espécie de “fórmula mágica” do emagrecimento.
Desde então, a empresa passou por uma verdadeira explosão de vendas, que se refletiu nos resultados — além, é claro, nas ações da Novo Nordisk. A companhia é listada na bolsa de valores da Dinamarca, mas também possui recibos de ações (ADRs) em Nova York, que dispararam 78% em dólar ao longo dos últimos 12 meses.
Com isso, a farmacêutica dinamarquesa atingiu um valor de mercado de aproximadamente US$ 405,9 bilhões, se tornando a empresa aberta mais valiosa da Europa, na frente do conglomerado de Bernard Arnault, atualmente avaliado em US$ 376,2 bilhões.
O crescimento da farmacêutica Novo Nordisk é tão forte que está remodelando a economia da Dinamarca. O valor de mercado da Novo ultrapassou o tamanho de toda a economia dinamarquesa, cujo PIB (Produto Interno Bruto) é atualmente estimado em US$ 395 bilhões.
De antemão, já aviso: se você veio em busca de alguma indicação do Ozempic para perda de peso ou para outras questões de saúde, a recomendação segue uma só. Converse com o seu médico.
Leia Também
Mas se você pensa em “engordar” a sua carteira com os papéis da Novo Nordisk e está inseguro se vale a pena, se a “febre do Ozempic” pode acabar rápido ou se existem “efeitos colaterais” para o investidor que aplicar nos papéis, é só continuar a leitura.
Para esta reportagem, eu conversei com Enzo Pacheco, analista de equity research da Empiricus, Mariana Campos, analista de equity research da Kinea Investimentos, e com William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.
Quem é a Novo Nordisk, dona do Ozempic
Desde a criação, em 1923, a Novo Nordisk teve como foco o combate à diabetes. Inicialmente, a atuação da farmacêutica consistia na produção de insulina na Dinamarca.
O próprio Ozempic foi lançado em 2017 para o tratamento da doença, enquanto o Wegovy foi desenvolvido alguns anos depois para agir contra a obesidade. Basicamente, as medicações possuem o mesmo princípio ativo, a semaglutida, mas em doses diferentes.
Além de ajudar no controle do nível de açúcar no sangue, os remédios à base de semaglutida auxiliam na regulação do apetite e aumentam a saciedade, o que gera uma perda de peso considerável.
Por esse “efeito secundário”, os medicamentos vêm sendo usados de forma “off label” — isto é, fora das recomendações da bula — por quem busca emagrecer.
Com a “febre do Ozempic”, o lucro líquido da Novo Nordisk aumentou 43% no primeiro semestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
As vendas cresceram 29% no mesmo período, sendo que somente a venda dos dois medicamentos “antiobesidade” dispararam 157% em igual intervalo.
Mesmo com o salto de dois dígitos, os analistas dizem que a empresa ainda tem muito a crescer. A projeção é que a companhia dinamarquesa venda cerca de US$ 15 bilhões ao ano com o Ozempic e o Wegovy em 2027, segundo analistas da FactSet.
Uma amostra desse potencial aconteceu em agosto deste ano, quando as ações da Novo Nordisk dispararam mais de 17% em um só pregão, impulsionadas pelas expectativas com o balanço trimestral da farmacêutica.
Na época, a empresa dinamarquesa ainda divulgou um estudo que mostrou que o Wegovy causou uma diminuição de 20% no risco de eventos cardiovasculares em pacientes adultos com obesidade ou sobrepeso que utilizaram a medicação.
O mercado do Ozempic
Ainda que a disparada das vendas do Ozempic e do Wegovy seja robusta, ela é considerada pequena quando comparada ao total de prescrições, que chegou a 9 milhões nos últimos três meses de 2022 — um aumento de 300% em menos de três anos.
Isso porque, após resultados positivos em estudos recentes, os médicos passaram a prescrever os remédios da Novo Nordisk de forma acelerada. Acontece que as vendas não são compatíveis com esse nível de demanda, porque falta capacidade de fabricação.
Em termos mais claros: há tanta gente querendo comprar as “canetas emagrecedoras” que a farmacêutica não dá conta de produzir a quantidade necessária da medicação.
“Esse medicamento é muito caro, e mesmo assim, a demanda é tanta que a fábrica está precisando correr para produzir esses medicamentos”, afirma Mariana Campos, analista da Kinea Investimentos.
A tese da gestora ligada ao Itaú, que está comprada nas ações da Novo Nordisk, é que o verdadeiro trunfo da farmacêutica vai além do aumento nas receitas com a prescrição do Ozempic para a obesidade. Existe um universo ainda maior de pessoas que estão insatisfeitas com os próprios corpos e podem recorrer ao medicamento como uma espécie de “dieta facilitada”.
Hoje, os indivíduos obesos e as pessoas insatisfeitas com a própria aparência são os maiores consumidores do Ozempic — e, se seguir o ritmo atual, essa “população” deve chegar ao patamar de 3 bilhões de pessoas em 2030, nas projeções da Kinea.
“A gente acredita que a ação tem espaço para crescer mais porque achamos que o mercado parece não estar levando em conta o quanto esses medicamentos estão sendo procurados. Com maior capacidade e potencial para a empresa conseguir vender, ela pode ser mais valorizada”, afirma a analista da Kinea.
A missão da Novo Nordisk agora é construir novas fábricas para conseguir suprir a demanda, em um processo consideravelmente lento. Normalmente, uma fábrica demora cerca de dois anos para ser concluída e aprovada.
Novos concorrentes do Ozempic
Se a dificuldade em aumentar a capacidade de produção é um “bom problema”, por outro lado, a Novo Nordisk lida com um grande risco: a crescente concorrência.
Atualmente, diversas empresas estão investindo em pesquisa e produção na tentativa de abocanhar parte do mercado de “canetas emagrecedoras”.
Mas é importante ressaltar que, ainda que o risco de competição seja relevante, esses novos medicamentos devem demorar pelo menos três anos para sair.
Além disso, a própria Novo Nordisk já está desenvolvendo um novo remédio na linha do Ozempic e do Wegovy.
Há ainda um risco comum a empresas de biotecnologia: a possibilidade de encontrar efeitos colaterais novos.
“É preciso colocar na balança os riscos e benefícios das medicações, e sempre há a chance de o órgão responsável pela aprovação de medicamentos revisar a recomendação dos remédios. Ele pode, por exemplo, revogar o uso irrestrito que existe atualmente”, afirma Enzo Pacheco, analista da Empiricus.
Ainda vale a pena investir nas ações da Novo Nordisk?
Na visão dos analistas com quem conversei, é incontestável que a Novo Nordisk é uma empresa sólida e consolidada no mercado de diabetes e obesidade.
Porém, quando o assunto é investimento, preço é fundamental — e, para os especialistas, boa parte da valorização potencial das ações já ficou para trás.
Mesmo a Kinea, que está posicionada nas ações da dona do Ozempic e ainda vê espaço para novas altas, “vê a relação de risco/retorno um pouco pior agora” do que há alguns meses, quando começou a investir nos papéis.
Já para William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, existe uma dificuldade de encontrar maior potencial de valorização no atual patamar das ações.
“Essa alta recente fez com que a ação negociasse no maior patamar de múltiplo da relação preço/lucro dos últimos 10 anos. Para que a ação continue se valorizando acima disso, ela teria que continuar conseguindo surpreender o mercado, o que eu acho bastante desconfortável.”
Nos cálculos de Castro Alves, a ação deveria corrigir pelo menos 10% para baixo do patamar atual para “começar a se tornar um pouco mais interessante”.
“Muitas vezes, um bom negócio não necessariamente é um bom investimento. No caso da Novo Nordisk, a este preço, eu entendo que esse é um excelente negócio, mas não necessariamente me parece um bom investimento.”
Como posso investir na Novo Nordisk?
Hoje basicamente existem três formas de virar “sócio” da fabricante do Ozempic.
A primeira delas é investir na ação no exterior por meio de uma corretora internacional. O caminho mais indicado nesse caso é a compra do ADR da Novo Nordisk na Bolsa de Nova York, negociado com o ticker NVO.
Mas você também pode investir na Novo Nordisk sem sair da bolsa brasileira. Atualmente, a dona do Ozempic possui BDRs listados na B3 sob o ticker N1VO34.
Porém, vale ressaltar que a liquidez dos BDRs costuma ser menor do que a das ações propriamente ditas.
“O principal risco de você investir em BDRs é que, na maioria das vezes, o preço na B3 não reflete o que está acontecendo com ação lá fora”, destaca Enzo Pacheco, da Empiricus.
A terceira opção é investir em ETFs (fundos de índice, em português), que replicam algum índice da bolsa de valores e investem em uma cesta de ações. Desse modo, você pode se expor a outros nomes do setor além da Novo Nordisk.
Nesse sentido, há tanto opções de ETFs ligados ao setor de biotecnologia inteiro quanto outros focados inteiramente no setor farmacêutico.
O Health Care Select Sector SPDR Fund (XLV) é um dos mais tradicionais e oferece a exposição não somente a farmacêuticas, mas a empresas de biotecnologia, de planos de saúde, a um grande espectro de saúde em geral.
Já o VanEck Pharmaceutical ETF (PPH) e o iShares US Pharmaceuticals ETF (IHE) são dois ETFs focados em farmacêuticas.
*Com informações de The New York Times e CNBC.
Vitória da Eletronuclear: Angra 1 recebe sinal verde para operar por mais 20 anos e bilhões em investimentos
O investimento total será de R$ 3,2 bilhões, com pagamentos de quatro parcelas de R$ 720 milhões nos primeiros quatro anos e um depósito de R$ 320 milhões em 2027
Angústia da espera: Ibovespa reage a plano estratégico e dividendos da Petrobras (PETR4) enquanto aguarda pacote de Haddad
Pacote fiscal é adiado para o início da semana que vem; ministro da Fazenda antecipa contingenciamento de mais de R$ 5 bilhões
Bolsa caindo à espera do pacote fiscal que nunca chega? Vale a pena manter ações na carteira, mas não qualquer uma
As ações brasileiras estão negociando por múltiplos que não víamos há anos. Isso significa que elas estão baratas, e qualquer anúncio de corte de gastos minimamente satisfatório, que reduza um pouco os riscos, os juros e o dólar, deveria fazer a bolsa engatar um forte rali de fim de ano.
Em recuperação judicial, AgroGalaxy (AGXY3) planeja grupamento de ações para deixar de ser ‘penny stock’; saiba como será a operação
Empresa divulgou um cronograma preliminar após questionamentos da B3 no início deste mês sobre o preço das ações ordinárias de emissão da varejista
Vale (VALE3) é a nova queridinha dos dividendos: mineradora supera Petrobras (PETR4) e se torna a maior vaca leiteira do Brasil no 3T24 — mas está longe do pódio mundial
A mineradora brasileira depositou mais de R$ 10 bilhões para os acionistas entre julho e setembro deste ano, de acordo com o relatório da gestora Janus Henderson
Regulação do mercado de carbono avança no Brasil, mas deixa de lado um dos setores que mais emite gases estufa no país
Projeto de Lei agora só precisa da sanção presidencial para começar a valer; entenda como vai funcionar
‘O rali ainda não acabou’: as ações desta construtora já saltam 35% no ano e podem subir ainda mais antes que 2024 termine, diz Itaú BBA
A performance bate de longe a do Ibovespa, que recua cerca de 4% no acumulado anual, e também supera o desempenho de outras construtoras que atuam no mesmo segmento
“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente
Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
O Google vai ser obrigado a vender o Chrome? Itaú BBA explica por que medida seria difícil — mas ações caem 5% na bolsa mesmo assim
Essa seria a segunda investida contra monopólios ilegais nos EUA, desde a tentativa fracassada de desmembrar a Microsoft, há 20 anos
Nvidia (NVDC34) vê lucro mais que dobrar no ano — então, por que as ações caem 5% hoje? Entenda o que investidores viram de ruim no balanço
Ainda que as receitas tenham chegado perto dos 100% de crescimento, este foi o primeiro trimestre com ganhos percentuais abaixo de três dígitos na comparação anual
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Que crise? Weg (WEGE3) quer investir US$ 62 milhões na China para aumentar capacidade de fábrica
O investimento será realizado nos próximos anos e envolve um plano que inclui a construção de um prédio de 30 mil m², com capacidade para fabricação de motores de alta tensão
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Em busca de dividendos? Curadoria seleciona os melhores FIIs e ações da bolsa para os ‘amantes’ de proventos (PETR4, BBAS3 e MXRF11 estão fora)
Money Times, portal parceiro do Seu Dinheiro, liberou acesso gratuito à carteira Double Income, que reúne os melhores FIIs, ações e títulos de renda fixa para quem busca “viver de renda”
R$ 4,1 bilhões em concessões renovadas: Copel (CPLE6) garante energia para o Paraná até 2054 — e esse banco explica por que você deve comprar as ações
Companhia paranaense fechou o contrato de 30 anos referente a concessão de geração das usinas hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Equatorial (EQTL3) tem retorno de inflação +20% ao ano desde 2010 – a gigante de energia pode gerar mais frutos após o 3T24?
Ações da Equatorial saltaram na bolsa após resultados fortes do 3º tri; analistas do BTG calculam se papel pode subir mais após disparada nos últimos anos
‘Mãe de todos os ralis’ vem aí para a bolsa brasileira? Veja 3 razões para acreditar na disparada das ações, segundo analista
Analista vê três fatores que podem “mudar o jogo” para o Ibovespa e a bolsa como um todo após um ano negativo até aqui; saiba mais