🔴 DECLARAÇÃO PRÉ-PREENCHIDA LIBERADA: VEJA COMO USAR PARA ANTECIPAR A RESITUIÇÃO – ACESSE AQUI

Camille Lima

Camille Lima

Repórter de empresas no Seu Dinheiro. Formada em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.

Liliane de Lima

É repórter do Seu Dinheiro. Jornalista formada pela PUC-SP, já passou pelo portal DCI e setor de análise política da XP Investimentos.

FOCO NO VAREJO

O que está por trás da disparada das ações do Magazine Luiza, Casas Bahia e até da Americanas em novembro?

Ações subiram mesmo com notícias negativas dos balanços e a frustração com a Black Friday. Mas novas altas vão depender principalmente da expectativa para os juros, segundo analistas

Camille Lima
29 de novembro de 2023
8:45 - atualizado às 18:51
Magazine Luiza (MGLU3), Casas Bahia (BHIA3) e Americanas (AMER3)
Magazine Luiza (MGLU3), Casas Bahia (BHIA3) e Americanas (AMER3) - Imagem: Divulgação / Getty Images / Canva / Montagem Seu Dinheiro

A edição deste ano da Black Friday pode não ter sido das melhores para o varejo. Mas na bolsa brasileira, os investidores aproveitaram os preços em liquidação de algumas das principais ações do setor, como Magazine Luiza (MGLU3), Casas Bahia (BHIA3) e até mesmo a Americanas (AMER3).

Das três principais varejistas online listadas na B3, o Magalu é que apresenta o melhor desempenho, com uma alta de 43,61% em novembro. Enquanto isso, as ações da Casas Bahia registram um avanço de 17,78% e as da Americanas sobem 9,41% no mês. As cotações são do fechamento desta terça-feira (28).

Vale destacar que a disparada recente ainda está longe de apagar a forte queda acumulada das ações no ano. E, exceto pelas Americanas, que enfim conseguiu divulgar os balanços atrasados e avançou no acordo com os credores dentro do processo de recuperação judicial, nenhuma das varejistas teve muito o que celebrar recentemente, pelo contrário. 

Fonte: TradingView em 28/11/2023.

O desempenho das gigantes do varejo na B3 foi na contramão das notícias corporativas nem tão animadoras assim, especialmente após os balanços trimestrais mais fracos que o esperado e a frustração com o faturamento na Black Friday de 2023.

Então, o que está por trás da forte alta do varejo? E, mais importante que isso: essa alta deve se manter ou será um movimento temporário? Nós fomos atrás dessas respostas para você. É só continuar a leitura.

Leia Também

O que aconteceu? É a economia, investidor

Para entender além o que motivou a alta das ações do Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3), precisamos falar, mais especificamente, dos juros.

O setor de varejo é um dos segmentos mais sensíveis aos fatores macroeconômicos, como inflação e a trajetória dos juros — daqui e dos Estados Unidos. 

Para início de conversa, a maior economia do mundo começou a sentir um processo de desinflação, o que reforçou, entre outros fatores, a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) já atingiu o patamar mais elevado do aperto monetário. 

E quando há uma boa notícia sobre os juros nos Estados Unidos, o Brasil, como um país emergente, também comemora.

Com o alívio na maior economia do mundo, a expectativa é que a Selic mantenha o ritmo de corte nos próximos meses e se aproxime de uma taxa terminal abaixo dos dois dígitos no fim do ciclo de reduções dos juros. Nos cálculos da Rio Bravo, o Copom pode atingir uma Selic de 9,25% ao final de 2024. 

Em declarações recentes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou as expectativas de que o ciclo de cortes de 0,50 ponto percentual na Selic deve continuar nas próximas reuniões.

E, por consequência, os ativos cíclicos — que são mais sensíveis aos fatores macroeconômicos  — ganham impulso na B3. Como resultado, beneficiou as ações da Magazine Luiza e Casas Bahia. 

Mas, para além dos juros, a redução das preocupações com o fiscal do Brasil também ajudou as perspectivas para o cenário macroeconômico doméstico.

Atenção: o preço também importa

Uma verdade no mercado de capitais é que preço importa — e, no caso das ações de varejo, os valores há muito encontravam-se pressionados na bolsa brasileira. Por isso, qualquer lapso de melhora ou surpresa positiva leva a uma reação mais forte dos papéis.

Para gestores que analisam o setor, o desempenho recente dos papéis também pode ter se tratado de um movimento técnico, explicado pela (des)montagem de posição em empresas como o Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3).

Isso porque, por serem empresas mais endividadas durante o período de alta dos juros no Brasil, muitos investidores e fundos saíram das ações — ou até mesmo apostaram contra as ações das varejistas na B3.

Dessa forma, com ventos macroeconômicos mais favoráveis para o setor e com resultados ruins, mas ainda acima das expectativas — que estavam muito baixas —, os investidores teriam reorganizado as carteiras.

Magazine Luiza e Casas Bahia: balanços que deram o que falar

Antes de passar para os motivos da alta das varejistas na bolsa brasileira, não podemos nos esquecer de outros dados importantes: os resultados financeiros das empresas. 

Na visão do Santander, os números do setor de varejo como um todo superaram as projeções de lucro, mas o setor não foi o verdadeiro vencedor da "corrida dos balanços" do terceiro trimestre. 

Isso porque, ainda que o resultado tenha ficado 89,4% acima das projeções, os analistas afirmam que os números do setor de modo geral foram ruins, com exceção do Mercado Livre (MELI34), considerado a “joia da coroa” do varejo.

Enquanto isso, a Casas Bahia apresentou mais um resultado considerado muito ruim no terceiro trimestre. A varejista passa por um processo de reestruturação, que envolve o fechamento de lojas e redução de estoques com os famosos “saldões”.

Tudo isso fez a companhia amargar um prejuízo de R$ 836 milhões no terceiro trimestre, ainda pior do que as projeções do mercado, que já não eram boas.

Contudo, a grande surpresa negativa veio mesmo do Magazine Luiza. Não dos números do trimestre em si, que mostraram até alguma evolução, e sim do anúncio de que a varejista encontrou problemas que levaram a um ajuste contábil de R$ 829,5 milhões.

A revelação despertou nos investidores o temor de que o Magalu terá de passar por uma capitalização para reequilibrar o balanço. A empresa disse que não há decisão tomada sobre o assunto.

É importante ressaltar que a injeção de dinheiro resultaria na diluição do capital e aconteceria em um momento em que os papéis estão fortemente depreciados — o que seria negativo para os acionistas, segundo a Guide Investimentos. 

Apesar disso, um gestor ouvido pelo Seu Dinheiro afirma que a entrada de dinheiro novo seria positiva para o Magazine Luiza, mesmo com o preço atual da ação, porque ajudaria a companhia a equilibrar a estrutura de capital. Ou seja, é um mal que pode vir para o bem da companhia.

Ainda assim as ações sobem. Hora de comprar MGLU3 e BHIA3

Em meio a um contexto tão negativo, a forte alta das ações de Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) neste mês não deixa de surpreender. Então será que enfim chegou a hora de comprar os papéis?

Em resumo, a resposta é “não”, de acordo com os especialistas com quem o Seu Dinheiro conversou. As ações podem até voltar a subir, mas vão continuar mais à mercê das perspectivas para os juros do que de uma melhora operacional efetiva no curto prazo.

Segundo um gestor de fundos, o desempenho do varejo ainda está aquém e ritmo mais fraco deve se manter, ao menos, no início de 2024, especialmente para os segmentos de consumo.

A visão da Guide Investimentos também é negativa, tanto para o Magazine Luiza (MGLU3) como para as Casas Bahia (BHIA3). 

Para o analista Lucas Rietjens, a saúde financeira das companhias levanta preocupações, especialmente devido aos patamares de endividamento. 

“A gente gosta de apostar em empresas que estão alavancadas, mas tem perspectivas de se desalavancar. No caso dessas duas, a gente vê que o cenário de alavancagem é mais complicado, porque o custo da dívida é muito alto e o operacional das empresas também não está bom.”

Mesmo assim, o analista avalia que as varejistas estão agindo de maneira correta, com um plano claro do que pretendem fazer.

“A gente acha que não é tão vantajoso se posicionar em um player de menor qualidade e com endividamento e risco maior. Se é para pagar um múltiplo alto, preferimos pagar por uma empresa de qualidade”, afirmou Rietjens, destacando as ações do Mercado Livre.

O JP Morgan também revisou as estimativas para o Magazine Luiza após a divulgação do último balanço, mas manteve a recomendação neutra para as ações. 

O pior já passou para a Americanas (AMER3)?

Agora você deve estar se perguntando: e a Americanas (AMER3)? Será que há alguma chance de confiar na varejista novamente após a fraude contábil bilionária de mais de R$ 25 bilhões?

A empresa que tem o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira como acionistas de referência republicou o balanço de 2021 e divulgou os números consolidados do ano passado no último dia 16.

Em relação a 2021, o “maior lucro da história” da Americanas converteu-se em um prejuízo bilionário, que mais do que dobrou em 2022.

A publicação dos resultados abriu caminho para a varejista fechar acordo com os credores. Com isso, aumentou a expectativa de aprovação do plano de recuperação judicial na assembleia marcada para o dia 19 de dezembro.

A assembleia será fundamental para que haja a possibilidade de sobrevivência da empresa, que encontra-se em uma situação delicada.

O plano prevê uma injeção de R$ 24 bilhões em capital na Americanas. Desse total, metade virá da conversão de dívidas em ações e os outros R$ 12 bilhões serão garantidos pelos acionistas de referência.

As ações da Americanas (AMER3) reagiram bem à expectativa de aprovação do plano de recuperação. Mas não se engane: a capitalização vai impor uma diluição brutal aos acionistas que não colocarem dinheiro novo na varejista.

Portanto, investir nos papéis da companhia na B3 agora é um movimento considerado especulativo, de acordo com os especialistas.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ALERTA?

Shopee quer bater de frente com Mercado Livre e Amazon no Brasil — mas BTG faz alerta

1 de abril de 2025 - 12:37

O banco destaca a mudança na estratégia da Shopee que pode ser um alerta para as rivais — mas deixa claro: não será nada fácil

MUDANÇAS NO CONSELHO

Michael Klein de volta ao conselho da Casas Bahia (BHIA3): Empresário quer assumir o comando do colegiado da varejista; ações sobem forte na B3

1 de abril de 2025 - 11:49

Além de sua volta ao conselho, Klein também propõe a destituição de dois membros atuais do colegiado da varejista

APÓS O ROMBO

Ex-CEO da Americanas (AMER3) na mira do MPF: Procuradoria denuncia 13 antigos executivos da varejista após fraude multibilionária

1 de abril de 2025 - 9:51

Miguel Gutierrez é descrito como o principal responsável pelo rombo na varejista, denunciado por crimes como insider trading, manipulação e organização criminosa

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Em busca de proteção: Ibovespa tenta aproveitar melhora das bolsas internacionais na véspera do ‘Dia D’ de Donald Trump

1 de abril de 2025 - 8:13

Depois de terminar março entre os melhores investimentos do mês, Ibovespa se prepara para nova rodada da guerra comercial de Trump

BULL & BRISKET MARKET

Trump Media estreia na NYSE Texas, mas nova bolsa ainda deve enfrentar desafios para se consolidar no estado

31 de março de 2025 - 18:50

Analistas da Bloomberg veem o movimento da empresa de mídia de Donald Trump mais como simbólico do que prático, já que ela vai seguir com sua listagem primária na Nasdaq

DESTAQUES DA BOLSA

Mais valor ao acionista: Oncoclínicas (ONCO3) dispara quase 20% na B3 em meio a recompra de ações

31 de março de 2025 - 16:35

O programa de aquisição de papéis ONCO3 foi anunciado dias após um balanço aquém das expectativas no quarto trimestre de 2024

NO BANCO DOS RESERVAS

Ainda dá para ganhar com as ações do Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11)? Não o suficiente para animar o JP Morgan

31 de março de 2025 - 14:49

O banco norte-americano rebaixou a recomendação para os papéis BBAS3 e BPAC11, de “outperform” (equivalente à compra) para a atual classificação neutra

EM BUSCA DE PROTEÇÃO

Casas Bahia (BHIA3) quer pílula de veneno para bloquear ofertas hostis de tomada de controle; ação quadruplica de valor em março 

31 de março de 2025 - 11:37

A varejista propôs uma alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill dias após Rafael Ferri atingir uma participação de cerca de 5%

GOVERNANÇA

Tanure vai virar o alto escalão do Pão de Açúcar de ponta cabeça? Trustee propõe mudanças no conselho; ações PCAR3 disparam na B3

31 de março de 2025 - 9:34

A gestora quer propor mudanças na administração em busca de uma “maior eficiência e redução de custos” — a começar pela destituição dos atuais conselheiros

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Vale tudo na bolsa? Ibovespa chega ao último pregão de março com forte valorização no mês, mas de olho na guerra comercial de Trump

31 de março de 2025 - 8:18

O presidente dos Estados Unidos pretende anunciar na quarta-feira a imposição do que chama de tarifas “recíprocas”

BALANÇO DOS BALANÇOS

O e-commerce das brasileiras começou a fraquejar? Mercado Livre ofusca rivais no 4T24, enquanto Americanas, Magazine Luiza e Casas Bahia apanham no digital

28 de março de 2025 - 16:02

O setor de varejo doméstico divulgou resultados mistos no trimestre, com players brasileiros deixando a desejar quando o assunto são as vendas online

MERCADOS HOJE

Nova York em queda livre: o dado que provoca estrago nas bolsas e faz o dólar valer mais antes das temidas tarifas de Trump

28 de março de 2025 - 14:15

Por aqui, o Ibovespa operou com queda superior a 1% no início da tarde desta sexta-feira (28), enquanto o dólar teve valorização moderada em relação ao real

JANELA DE OPORTUNIDADE

Não é a Vale (VALE3): BTG recomenda compra de ação de mineradora que pode subir quase 70% na B3 e está fora do radar do mercado

28 de março de 2025 - 11:51

Para o BTG Pactual, essa mineradora conseguiu virar o jogo em suas finanças e agora oferece um retorno potencial atraente para os investidores; veja qual é o papel

CHUVA DE PROVENTOS

TIM (TIMS3) anuncia pagamento de mais de R$ 2 bilhões em dividendos; veja quem tem direito e quando a bolada cai na conta

28 de março de 2025 - 11:33

Além dos proventos, empresa anunciou também grupamento, seguido de desdobramento das suas ações

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Nem tudo é verdade: Ibovespa reage a balanços e dados de emprego em dia de PCE nos EUA

28 de março de 2025 - 8:04

O PCE, como é conhecido o índice de gastos com consumo pessoal nos EUA, é o dado de inflação preferido do Fed para pautar sua política monetária

SEXTOU COM O RUY

Não existe almoço grátis no mercado financeiro: verdades e mentiras que te contam sobre diversificação

28 de março de 2025 - 6:11

A diversificação é uma arma importante para qualquer investidor: ajuda a diluir os riscos e aumenta as chances de você ter na carteira um ativo vencedor, mas essa estratégia não é gratuita

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Após virar pó na bolsa, Dotz (DOTZ3) tem balanço positivo com aposta em outra frente — e CEO quer convencer o mercado de que a virada chegou

27 de março de 2025 - 21:46

Criada em 2000 e com capital aberto desde 2021, empresa que começou com programa de fidelidade vem apostando em produtos financeiros para se levantar, após tombo de 97% no valuation

EFEITO COLATERAL

Tarifas de Trump derrubam montadoras mundo afora — Tesla se dá bem e ações sobem mais de 3%

27 de março de 2025 - 16:38

O presidente norte-americano anunciou taxas de 25% sobre todos os carros importados pelos EUA; entenda os motivos que fazem os papéis de companhias na América do Norte, na Europa e na Ásia recuarem hoje

GIGANTE DAS CARNES

JBS (JBSS3) pode subir 40% na bolsa, na visão de Santander e BofA; bancos elevam preço-alvo para ação

27 de março de 2025 - 15:58

Companhia surpreendeu o mercado com balanço positivo e alegrou acionistas com anúncio de dividendos bilionários e possível dupla listagem em NY

ENTREVISTA EXCLUSIVA

CEO da Americanas vê mais 5 trimestres de transformação e e-commerce menor, mas sem ‘anabolizantes’; ação AMER3 desaba 25% após balanço

27 de março de 2025 - 14:58

Ao Seu Dinheiro, Leonardo Coelho revelou os planos para tirar a empresa da recuperação e reverter os números do quarto trimestre

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar