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Carolina Gama
Formada em jornalismo pela Cásper Líbero, já trabalhou em redações de economia de jornais como DCI e em agências de tempo real como a CMA. Já passou por rádios populares e ganhou prêmio em Portugal.
A GIGANTE ESTÁ DE PÉ?

Crescimento da receita da Microsoft é o menor desde 2016, mas ações sobem em Nova York — o que agradou os investidores?

Os papéis da gigante do software reagiram bem no after market em Nova York, chegando a subir mais de 4% depois de encerrarem o dia em queda na negociação regulamentar

Carolina Gama
24 de janeiro de 2023
18:33 - atualizado às 18:53
Imagem da fachada de um prédio da Microsoft, com o logo da companhia em primeiro plano
Imagem da fachada de um prédio da Microsoft - Imagem: Divulgação

Quando o CEO da Microsoft, Satya Nadella, anunciou o corte de 10.000 empregos na semana passada, ele observou que clientes em todos os setores no mundo adotaram uma abordagem mais cautelosa por causa das preocupações com a recessão global.

Diante do alerta, os analistas esperavam que os resultados do segundo trimestre fiscal de 2023 da empresa  — encerrado em 31 de dezembro de 2022 — já acenderiam a luz amarela para a Microsoft, mas não foi o que aconteceu nesta terça-feira (24).

A a gigante do software viu seu lucro líquido cair 12,5% entre outubro e dezembro do ano passado, para US$ 16,425 bilhões. O resultado é menor do que os US$ 17,556 bilhões do primeiro  trimestre fiscal de 2023 e dos US$ 18,765 bilhões do mesmo período do ano anterior.

A receita somou US$ 52,747 bilhões, o que representa uma alta de 2% em base anual — a expansão mais fraca para a Microsoft em qualquer período desde 2016.

As projeções da Refinitiv para o trimestre de outubro a dezembro de 2022 indicavam: 

  • Lucro líquido: US$ 2,29 por ação ajustado
  • Receita: US$ 52,94 bilhões

E foi justamente o lucro líquido ajustado por ação que agradou os investidores. A expectativa era de US$ 2,29 e o resultado final chegou a US$ 2,32.

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As ações da Microsoft

Microsoft e Apple foram as duas ações de tecnologia que inicialmente se mantiveram bem em 2022 e ainda são vistas como relativamente defensivas no setor —  isso significa que essas ações são de propriedade ampla, o que pode ser um risco de curto prazo se as perspectivas continuarem se deteriorando.

Hoje, a as ações da Microsoft fecharam em queda no horário regulamentar das negociações em Nova York antecipando a pressão sobre os resultados trimestrais. No chamado after market, no entanto, os papéis chegaram a subir mais de 4%. 

Os analistas lembram que a empresa possui muitos atributos atraentes, incluindo uma estratégia de crescimento diversificada, várias vantagens competitivas e excelente liderança. Portanto, qualquer fraqueza de curto prazo pode criar uma oportunidade ainda melhor para investidores de longo prazo.

"O resultado operacional não foi dos melhores. Ainda sim, no pregão noturno, as ações sobem mais de 4%. A Microsoft domina como poucas empresas a arte de prometer menos do que é capaz de entregar", diz Richard Camargo, analista da Empiricus.

Ele ressalta que, apesar de ser uma das melhores empresas do mundo, Microsoft negocia a 25 vezes os lucros estimados para os próximos 12 meses, com algumas pressões contratadas em termos de custo e possivelmente demanda.

"Por esse motivo, estamos aguardando um melhor ponto de entrada para trazer suas ações de volta ao portfólio do Investidor Internacional", diz Camargo.

Gráfico mostra o desempenho das ações da Microsoft no pregão de hoje - Fonte: TradingView
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Microsoft no detalhe

O lucro líquido da Microsoft caiu para US$ 16,43 bilhões. A empresa assumiu um encargo de US$ 1,2 bilhão no trimestre em conexão com sua decisão de cortar 10.000 funcionários e revisar sua linha de hardware.

A receita do segmento de nuvem inteligente da Microsoft totalizou US$ 21,51 bilhões, alta de 18% em base anual, e um pouco acima do consenso de US$ 21,44 bilhões entre os analistas consultados pela StreetAccount.

A unidade inclui Azure, Windows Server, SQL Server, Nuance e Enterprise Services. A receita da Azure e outros serviços de nuvem pública, que a Microsoft não informa em dólares, cresceu 31% ano a ano, um pouco acima da estimativa que analistas consultados pela CNBC e StreetAccount esperavam. No trimestre anterior, a categoria cresceu 35%.

"Com todas as pressões macroeconômicas que conhecemos, os executivos da Microsoft vinham comunicando ao mercado que seus clientes estão buscando otimizar workloads. Em português claro, os clientes estão segurando investimentos, blindando seus orçamentos para um 2023 mais fraco. O que puder esperar, vai esperar", afirma Camargo.

O segmento de Produtividade e Processos de Negócios, contendo Microsoft 365 – anteriormente conhecido como Office 365 – software de produtividade, LinkedIn e Dynamics, gerou US$ 17 bilhões em receita, um aumento de 7% em base anual e mais do que o consenso da StreetAccount de US$ 16,79 bilhões.

Mocinhos e vilões

Para o analista da Empiricus, entre os grandes vilões do desempenho da Microsoft no segundo trimestre fiscal estão as vendas de PCs, que desaceleraram praticamente 40% na comparação anual.

Além da desaceleração no mercado de computadores, as receitas advindas do Xbox e seus serviços encolheram 12% na comparação anual.

"Faz tempo que essa linha de negócios não apresenta crescimento, apesar de todos os investimentos, especialmente as aquisições", afirma Camargo.

Os mocinhos estão na linha "Productivity and Business Processes", que compila as receitas com Office 365, LinkedIn e Dynamics — e cujas receitas totalizaram US$ 17 bilhões, crescimento de 7%.

"O destaque do segmento foi mais uma vez o LinkedIn, crescendo 10% na comparação anual, sobre uma base já forte", diz Camargo. "Interessante notar que, entre as redes sociais listadas, o LinkedIn é a única que ainda apresenta taxas de crescimento de duplo dígito. Definitivamente essa é uma prova do quão agitado está o mercado de trabalho", acrescenta.

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