A Klabin (KLBN11) pede um voto de confiança: o bilionário — e polêmico — projeto Figueira vai sim ser rentável
O projeto foi criticado pelo mercado e por parte dos conselheiros da Klabin; o CFO, no entanto, defende a estratégia de investimentos
Duas notícias aparentemente contraditórias rondam a Klabin: de um lado, a companhia teve um quarto trimestre de 2022 satisfatório, com expansão no lucro e na receita, além de diminuição da alavancagem e geração de caixa. Por outro, as units KLBN11 estão perto das mínimas em um ano, aproximando-se do o nível de R$ 18,00.
Ou seja: ou os resultados trimestrais da gigante de papel e celulose não empolgaram o mercado, ou há alguma questão mais conjuntural rondando a Klabin e que deixa os investidores receosos — uma hipótese que, naturalmente, é afastada por Marcos Paulo Ivo, diretor financeiro e de relações com investidores da companhia.
Em entrevista ao Seu Dinheiro, ele destaca o leque amplo de atuação da Klabin na cadeia de papel e celulose — a empresa é uma importante produtora e exportadora de papel ondulado (papelão), papel cartão e muitos outros produtos do setor —, e diz que essa versatilidade é fundamental para enfrentar um cenário econômico mais duro.
Uma estratégia 'a la Weg', digamos assim, já que a Klabin também atua em inúmeras geografias. Se um mercado vai mal, esse desempenho ruim é compensado por outro país com demanda aquecida; se um produto está barato, outro com cotações mais elevadas ajuda a frear o baque, e assim em diante.
Mas o temor de uma desaceleração global não é o único fantasma no horizonte da Klabin: há a desconfiança, por parte do mercado, quanto a um investimento bilionário anunciado pela companhia em junho do ano passado: o Projeto Figueira, uma unidade produtora de papelão ondulado a ser construída do zero em Piracicaba (SP).
O preço da nova empreitada? R$ 1,5 bilhão, a ser desembolsado desde já — uma decisão que gerou polêmica até mesmo no conselho de administração da empresa. Dos 14 membros do colegiado, 10 votaram a favor da aprovação do projeto Figueira — dois se abstiveram e dois foram contrários ao empreendimento.
Leia Também
Os dois que deram luz vermelha ao projeto usaram premissas financeiras para justificar o voto. Segundo eles, o volume a ser investido e o retorno projetado faziam do Figueira uma alocação de capital pouco eficiente e, portanto, com baixo valor estratégico, mesmo no longo prazo.
Pois, para Ivo, o polêmico projeto Figueira — que, no pregão após seu anúncio, fez as units KLBN desabarem até 8% — será sim bastante atraente, tanto no lado estratégico quanto no financeiro.
"O ROIC (retorno sobre o capital investido) da Klabin, nos últimos 10 anos, está na casa de 19%; mas, se você olhar uma série histórica maior, nós mudamos o patamar do ROIC", disse Ivo, ao Seu Dinheiro, quando questionado a respeito da polêmica. "Isso só é possível com uma boa estratégia de alocação de capital e uma boa execução".
- O Seu Dinheiro acaba de liberar um treinamento exclusivo e completamente gratuito para todos os leitores que buscam receber pagamentos recorrentes de empresas da Bolsa. [LIBERE SEU ACESSO AQUI]
Projeto Figueira: decisão boa ou não?
Antes de mais nada, vale a pena explicar melhor o que é o tal do projeto Figueira: trata-se de uma nova unidade que terá capacidade de produção de 240 mil toneladas de papelão ondulado por ano — ao todo, a Klabin (KLBN11) terá de investir R$ 1,5 bilhão para tirar a fábrica do chão, num terreno de quase um milhão de m².
Uma vez que o projeto Figueira estiver em operação, a companhia terá capacidade nominal de conversão de 1,3 milhão de toneladas por ano — vale lembrar que a Klabin já é um player relevante no segmento de papelão ondulado, tendo uma participação de mercado de cerca de 23%; portanto, a cada quatro caixas, uma veio da empresa.
O impasse é: o investimento demandado pelo Figueira se justifica? Para dois dos conselheiros — Camilo Marcantonio e Mauro da Cunha —, a construção da nova unidade vai contra os interesses da Klabin; o primeiro diz, inclusive, que ele "tem valor presente líquido negativo em 20 anos e baixíssimo retorno, mesmo considerando a perpetuidade".
Na ocasião, o projeto foi visto com ressalvas pelo mercado: parte dos analistas elogiou o racional estratégico do novo investimento, mas também fez suas considerações negativas. O Itaú BBA, por exemplo, diz que o projeto não adiciona valor à Klabin, afirmando que os múltiplos da operação são superiores à média das fusões e aquisições do setor.
A XP foi outra a demonstrar certa reticência com o anúncio, afirmando que a falta de harmonia entre os conselheiros traz dúvidas quanto à estratégia de alocação de capital da Klabin; a corretora lembra que o ticket médio da aquisição do negócio de papelão ondulado da International Papel (IP) foi bem mais barato.
De certo modo, o voto da conselheira Isabela Saboya — uma das que aprovou o projeto Figueira — resume bem a história: ela mostrou certa preocupação quanto às métricas financeiras da operação, mas optou por dar um 'voto de confiança' à administração. E é justamente isso que pede o CFO da companhia.
"O projeto Figueira tem uma taxa de retorno atrativa, acima do custo de capital da companhia", diz Ivo, sem revelar, no entanto, qual seria essa taxa de retorno. "Portanto, ele gera valor aos seus acionistas e isso será visto nos nossos resultados".
Mais uma vez, o referencial adotado pelo CFO é a taxa de retorno sobre o capital investido da Klabin, que ficou em 19,2% ao fim do quarto trimestre de 2022 — basicamente, a métrica serve para medir o quanto de dinheiro uma empresa gera em relação ao que foi investido.
Ou seja: nos três últimos meses do ano passado, a Klabin gerou 19,2% a mais que a quantia de dinheiro que foi alocada sob a forma de investimento.
Klabin (KLBN11): retorno elevado, macro favorável
Dito isso, fica a pergunta: como a Klabin (KLBN11) conseguiu elevar o seu retorno sobre o capital investido nos últimos anos, mesmo em meio ao forte volume de investimentos exigido pelo projeto Puma II — um enorme complexo localizado no Paraná e que elevará a capacidade de produção de papel pela empresa, ao custo de quase R$ 14 bilhões.
De certa forma, o cenário macroeconômico ajuda a explicar esse fenômeno. Por mais que a Klabin tenha uma atuação importante no mercado doméstico, ela também exporta boa parte de sua produção — e, com o dólar mais valorizado ao longo dos últimos anos, a Klabin viu sua geração de receita ser impulsionada.
Além disso, há o bom momento para o papel e celulose em si ao longo de 2022: a commodity era negociada a preços bastante elevados no mercado internacional, dada a demanda aquecida e a oferta menos abundante de diversos players desse setor. Portanto, vender no exterior era um negócio e tanto.
Só que o quadro já começou a virar: a demanda por papel, celulose e derivados começou a arrefecer já na segunda metade de 2022, especialmente na China, um importante mercado consumidor. E, para 2023, as perspectivas são de preços cada vez menores, conforme a oferta global também tende a se normalizar.
Tanto é que, em janeiro, o JP Morgan cortou as recomendações para Suzano e Klabin, de compra para neutro; os preços-alvo também foram reduzidos, de R$ 70,00 para R$ 56,00 e de R$ 36,00 para R$ 24,00, respectivamente. Além da normalização nos preços da commodity, o banco cita, no caso da Klabin, o alto volume de investimentos no ano.
Sendo assim, teremos um cenário de piora abrupta nos resultados da companhia ao longo deste ano?
Sem pânico
"A Klabin está num negócio globalizado, exportador, em que a maior parte dos produtos tem preço definido no mercado internacional", diz Ivo, afastando maiores temores quanto à piora da dinâmica global. "Estamos bem posicionados em custo caixa de produção".
O CFO reconhece que o processo inflacionário no mundo afeta todas as empresas e setores, e que a Klabin, naturalmente, não está imune a esse processo. No entanto, no lado dos custos, ele vê uma tendência de crescimento mais modesta em relação a 2022 — ainda assim, a expansão esperada para o ano é de 'dois dígitos baixos'.
A inflação é global, mas a inflação de custos consegue conversar com preço de vendas. Continuaremos entregando uma boa margem.
Marcos Paulo Ivo, diretor financeiro e de relações com investidores da Klabin
E, independente do que possa vir a acontecer com o preço das commodities ou com as questões inflacionárias internacionais, o CFO destaca o amplo leque de atuação da empresa como um trunfo num momento como esses — lembra-se do modelo 'a la Weg"?
Quando falamos apenas em celulose, a Klabin trabalha com dois tipos de fibra: a curta, usada em folhas com propriedades de absorção e sucção; e a longa, que é mais porosa e aplicada em embalagens e papéis especiais.
No lado dos papéis em si, a Klabin tem ainda mais braços de atuação:
- Cartões revestidos;
- Kraftliner (um mix de fibras que é usado em embalagens e impressões);
- MP27 (papel da linha Eucaliner feito em uma das máquinas de Puma II); e
- Reciclados.
E, vale lembrar: cada um desses produtos é vendido no Brasil e no exterior, diversificando bastante a fonte de receita da Klabin.
"Eu vou da floresta até as embalagens feitas de papéis, passando por celulose", diz Ivo. "Somos diversificados: fibra curta, longa, papel cartão, kraft, papel ondulado — não somos um produto único, e isso faz diferença".
No que diz respeito aos preços de cada um desses itens, a própria Klabin já admitiu, no quarto trimestre de 2022, que os produtos ligados à celulose fibra curta e ao kraftliner estão numa tendência de baixa que deve se alastrar por esse ano; já para papel cartão, sacos industriais e caixas de papelão ondulado é esperado um reajuste positivo de preços.
O otimismo é particularmente alto no segmento de papel cartão, em que, segundo Ivo, as condições são bastante favoráveis — a demanda está aquecida e a oferta é contida, já que a Klabin é a única grande companhia global a trabalhar com esse produto, com exceção das papeleiras da Ásia.
Klabin (KLBN11), Figueira e kraftliner: linha de produção
Voltando à polêmica envolvendo o projeto Figueira: o CFO dá um exemplo do valor que as novas instalações podem trazer à cadeia da Klabin — e que, na frieza dos números, pode não ter sido capturada nas modelagens financeiras do mercado.
É verdade que o novo complexo só deve começar a operar no segundo semestre de 2024, mas vamos supor que, até lá, o mercado de kraftliner siga desaquecido. Pois bem: as máquinas dedicadas a esse produto não precisam ficar desligadas; elas podem abastecer o maquinário em Figueira, servindo como matéria-prima para o papelão ondulado.
E, como já dissemos acima: a Klabin tem cerca de 23% de participação de mercado de caixas de papelão no país, uma fatia que pode ser ainda maior quando o projeto Figueira estiver operando.
A título de curiosidade: meu vizinho, que está de mudança, jogou algumas caixas de papelão no lixo — e adivinhe quem as produzia? (PS: respeite a intimidade alheia e não mexa no lixo dos outros)
Klabin (KLBN11): investimentos e recomendações
Considerando tudo isso, uma das preocupações do mercado em relação à Klabin diz respeito ao volume de investimentos a serem realizados no curto prazo: o projeto Puma II ainda irá demandar recursos — a máquina MP28 de papel ainda não está pronta e deve entrar em operação neste ano; o Figueira, por sua vez, já demanda dinheiro.
A Klabin, no entanto, não está numa posição ruim em termos de liquidez e perfil de endividamento: a companhia fechou o ano com uma posição de caixa e disponibilidades de R$ 6,5 bilhões e alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda nos últimos 12 meses, de 2,6 vezes.
"Estamos absolutamente confortáveis, temos caixa suficiente para pagar as dívidas que vencem nos próximos 40 meses. Também temos uma linha de crédito rotativo que vence só em 2025", diz o CFO, destacando que a Klabin possui outros R$ 5,7 bilhões em linhas de financiamento já contratadas e não sacadas.
Em um ano, as units KLBN11 amargam perdas de 26%; apesar disso, o tom dos analistas de bancos e corretoras é positivo em relação ao papel.
Segundo dados compilados pelo TradeMap, a Klabin conta atualmente com 11 recomendações de compra e uma neutra — não há calls de venda para a empresa. Os preços-alvo para KLBN11 vão de R$ 23,44 a R$ 32,00, com mediana em R$ 27,73; considerando esta última cifra, o potencial de alta é de 53% em relação às cotações atuais.
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
O Google vai ser obrigado a vender o Chrome? Itaú BBA explica por que medida seria difícil — mas ações caem 5% na bolsa mesmo assim
Essa seria a segunda investida contra monopólios ilegais nos EUA, desde a tentativa fracassada de desmembrar a Microsoft, há 20 anos
Nvidia (NVDC34) vê lucro mais que dobrar no ano — então, por que as ações caem 5% hoje? Entenda o que investidores viram de ruim no balanço
Ainda que as receitas tenham chegado perto dos 100% de crescimento, este foi o primeiro trimestre com ganhos percentuais abaixo de três dígitos na comparação anual
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Que crise? Weg (WEGE3) quer investir US$ 62 milhões na China para aumentar capacidade de fábrica
O investimento será realizado nos próximos anos e envolve um plano que inclui a construção de um prédio de 30 mil m², com capacidade para fabricação de motores de alta tensão
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Em busca de dividendos? Curadoria seleciona os melhores FIIs e ações da bolsa para os ‘amantes’ de proventos (PETR4, BBAS3 e MXRF11 estão fora)
Money Times, portal parceiro do Seu Dinheiro, liberou acesso gratuito à carteira Double Income, que reúne os melhores FIIs, ações e títulos de renda fixa para quem busca “viver de renda”
R$ 4,1 bilhões em concessões renovadas: Copel (CPLE6) garante energia para o Paraná até 2054 — e esse banco explica por que você deve comprar as ações
Companhia paranaense fechou o contrato de 30 anos referente a concessão de geração das usinas hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Equatorial (EQTL3) tem retorno de inflação +20% ao ano desde 2010 – a gigante de energia pode gerar mais frutos após o 3T24?
Ações da Equatorial saltaram na bolsa após resultados fortes do 3º tri; analistas do BTG calculam se papel pode subir mais após disparada nos últimos anos
‘Mãe de todos os ralis’ vem aí para a bolsa brasileira? Veja 3 razões para acreditar na disparada das ações, segundo analista
Analista vê três fatores que podem “mudar o jogo” para o Ibovespa e a bolsa como um todo após um ano negativo até aqui; saiba mais
Grupo Mateus: Santander estabelece novo preço-alvo para GMAT3 e prevê valorização de 33% para as ações em 2025; saiba se é hora de comprar
O banco reduziu o preço-alvo para os papéis da varejista de alimentos em relação à 2024, mas mantém otimismo com crescimento e parceria estratégica
Rali do Trump Trade acabou? Bitcoin (BTC) se estabiliza, mas analistas apontam eventos-chave para maior criptomoeda do mundo chegar aos US$ 200 mil
Mercado de criptomoedas se aproxima de uma encruzilhada: rumo ao topo ou a resultados medianos? Governo Trump pode ter a chave para o desfecho.
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3) voltam a ficar no radar das privatizações e analistas dizem qual das duas tem mais chance de brilhar
Ambas as empresas já possuem capital aberto na bolsa, mas o governo mineiro é quem detém o controle das empresas como acionista majoritário
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Lucro dos bancos avança no 3T24, mas Selic alta traz desafios para os próximos resultados; veja quem brilhou e decepcionou na temporada de balanços
Itaú mais uma vez foi o destaque entre os resultados; Bradesco avança em reestruturação e Nubank ameaça desacelerar, segundo analistas
No G20 Social, Lula defende que governos rompam “dissonância” entre as vozes do mercado e das ruas e pede a países ricos que financiem preservação ambiental
Comentários de Lula foram feitos no encerramento do G20 Social, derivação do evento criada pelo governo brasileiro e que antecede reunião de cúpula