CVC (CVCB3) deve, não nega, mas contrata banco para “reperfilar” dívida de debêntures
Anúncio da negociação com os credores de debêntures acontece um dia depois de as ações da CVC desabarem na B3; entenda a situação da empresa
A operadora e rede de agências de turismo CVC (CVCB3) parece ter embarcado em uma viagem rumo a uma crise financeira sem passagem de volta.
Em um comunicado discreto na manhã desta terça-feira, a empresa anunciou a contratação do banco BR Partners para “assessorar a companhia no reperfilamento de sua dívida a mercado”.
O comunicado trata especificamente de três séries de debêntures da CVC: as duas da quarta emissão (CVCB14 e CVCB24) e a quinta emissão (CVCB15).
Ainda de acordo com o comunicado, os assessores poderão entrar em contato a partir de hoje com os investidores.
Aliás, o anúncio da negociação com os credores de debêntures acontece um dia depois de as ações da CVC desabarem na B3.
A única notícia relacionada à companhia ontem foi a desistência da compra da startup Ōner Travel, uma plataforma para empreendedores digitais que comercializam passagens áreas e hospedagens.
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CVC: dívida com debêntures
A CVC contava com uma dívida total de R$ 924,5 milhões com investidores de debêntures no fim do terceiro trimestre, de acordo com informações do último balanço.
O vencimento de duas das três séries debêntures que a CVC mencionou no comunicado acontece em abril e junho deste ano, de acordo com dados da Anbima.
No total, o estoque em mercado de ambos os papéis que a empresa precisa resgatar nos próximos meses é de R$ 695 milhões. Mas no final de setembro a CVC contava com apenas R$ 402,4 milhões em caixa.
Além das duas séries, a companhia conta com outra emissão, com vencimento em 2025 e no valor de R$ 215 milhões.
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Por sinal, a empresa paga uma taxa de juros bem salgada aos credores. As taxas das debêntures são equivalentes ao CDI mais um spread que varia de 5,75% a 6,5%. Ou seja, estamos falando de uma dívida na casa de 20% ao ano.
Crise vem de longe
Por fim, vale lembrar que essa é a segunda tentativa de negociação da CVC com credores de debêntures. Em 2020, a empresa conseguiu prorrogar o pagamento em troca de algumas condições. Entre elas, o aumento da taxa de juros e a restrição ao pagamento de dividendos aos acionistas.
Além das restrições que vêm desde a pandemia, a rede ainda teve de lidar com perdas provocadas por problemas contábeis.
Procurada pelo Seu Dinheiro, a CVC encaminhou uma nota após a publicação desta matéria. Leia a seguir a íntegra:
A contratação do banco BR Partners para assessorar a companhia no reperfilamento de sua dívida é um procedimento usualmente adotado pelo mercado por diversas empresas e reforça o compromisso da CVC Corp com a sustentabilidade financeira do grupo. O último balanço financeiro, relativo ao 3T22, demonstra o contínuo processo de redução da dívida, iniciado em 2020, de R$ 2,2 bilhões para R$ 900 milhões. As projeções para 2023 indicam uma forte recuperação do setor de turismo, e o mês de janeiro de 2023 já um reflexo disso.
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