🔴 GANHOS DE ATÉ R$ 1.000 POR HORA? ESTE MÉTODO PODE GERAR RENDA DE 7 DÍGITOS POR MÊS – CONHEÇA

Ricardo Gozzi
BOB GRANDSON FIELDS

Quem é Roberto Campos Neto e por que Lula partiu para cima do presidente do Banco Central

De ‘neto do Roberto Campos’ a presidente do BC, Roberto Campos Neto está em rota de colisão com Lula por causa da taxa Selic

Ricardo Gozzi
8 de fevereiro de 2023
7:39 - atualizado às 14:32
Montagem de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), com chapéu de aviador olhando sorrindo para o lado
Roberto Campos Neto e o plano de voo do BC. - Imagem: Montagem Andrei Morais / Agência Brasil / Shutterstock/doomu

Até novembro de 2018, ele era apenas o neto do Roberto Campos, até mesmo para quem já era do mercado financeiro. Pouco mais de quatro anos depois, Roberto Campos Neto tornou-se personagem-chave de um cabo de guerra entre o Palácio do Planalto e o Banco Central.

Embora mais conhecido hoje do que quando foi indicado por Jair Bolsonaro para suceder Ilan Goldfajn à frente do BC, Roberto Campos Neto segue relativamente desconhecido fora de círculos restritos como a imprensa especializada, o mercado financeiro e agrupamentos políticos.

Nesse sentido, conhecer a origem, a trajetória e o impacto das ações de Campos Neto como banqueiro central talvez seja fundamental para entender por que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva despendeu tanto tempo, energia, cordas vocais e capital político em críticas diretas à autoridade monetária na semana que passou.

Quem foi Roberto Campos, o avô de RCN

Comecemos então pelas origens de Roberto Campos Neto.

Quando ajudou a criar o Banco Central do Brasil, fundado em 1964, o economista Roberto Campos tinha como prever muita coisa, menos que a autoridade monetária um dia viria a ser presidida por um de seus netos.

Uma das principais referências intelectuais para os liberais clássicos e neoliberais de hoje em dia, Roberto Campos não foi apenas economista. Teve atuação destacada também como diplomata e político.

Leia Também

Nos estertores da Segunda Guerra Mundial, participou da delegação brasileira na Conferência de Bretton Woods, que daria origem ao sistema monetário global ainda em vigor na atualidade.

Sob Getúlio Vargas, participou da criação da Petrobras e de sua estruturação como empresa de capital misto.

No governo Juscelino Kubitschek, Roberto Campos presidiu o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), que mais tarde incorporaria o Social no nome e o S na sigla, transformando-se no atual BNDES.

Mais de 20 anos depois de sua morte, fatos como ter sido o primeiro ministro do Planejamento sob a ditadura civil-militar (1964-85) ou de ter participado da criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) ainda fomentam opiniões fortes e debates acalorados em torno da figura de Roberto Campos. Contra ou a favor.

Cordão umbilical

Diante do extenso e influente currículo do avô, é quase natural que até quase completar meio século de existência Roberto Campos Neto fosse lembrado na maior parte do tempo como parente de Roberto Campos.

Apesar disso, Campos Neto construiu uma longa e sólida reputação no mercado financeiro ao longo dos anos.

Sem renegar o avô, formou-se em economia e especializou-se em finanças. De 1996 a 1999, operou com juros, câmbio, bolsa, renda fixa e até a quase esquecida dívida externa no banco Bozano Simonsen.

Na sequência, Campos Neto acumulou quase duas décadas em duas passagens pelo Banco Santander intercaladas por um período na Claritas Investimentos.

Campos Neto na presidência do Banco Central

De executivo do mercado financeiro, Campos Neto foi convidado por Bolsonaro para ficar à frente do Banco Central a partir de 2019.

A indicação teria partido de Paulo Guedes na intenção de reforçar a imagem de liberal em sua passagem pelo Ministério da Economia.

Foi como presidente do Banco Central que passou a atender mais como Roberto Campos Neto do que neto de Roberto Campos.

À frente da autoridade monetária, Campos Neto implementou em 2020 o projeto do Pix, que vinha sendo gestado por seu antecessor, Ilan Goldfajn.

A partir do início de 2021, tornou-se o primeiro presidente do BC a atuar com autonomia formal na condução da autarquia.

Também está à frente do projeto do real digital e impressiona na fluência quando é convidado a falar sobre novos mercados como o de criptomoedas.

Campos Neto e a taxa Selic

Não faz muito tempo que a taxa Selic visitou suas mínimas históricas. Com Campos Neto no comando, o Comitê de Política Monetária (Copom) levou a taxa Selic a 2% ao ano em 2020.

Mas a alta dos preços derivada da paralisação das cadeias de suprimento em meio à pandemia da covid-19 forçou a autoridade monetária a desencadear um intenso ciclo de aperto monetário.

Num intervalo de um ano e meio, a partir de fevereiro de 2021, a taxa Selic subiu mais de mil pontos-base até alcançar 13,75% ao ano no segundo semestre de 2022.

Mesmo assim, Campos Neto não conseguiu manter a inflação dentro da meta nos últimos dois anos.

A queda de braço com Lula

Ainda em dezembro de 2022, antes mesmo do início de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva incumbiu o hoje ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de buscar uma aproximação com o BC.

Ciente da autonomia formalmente concedida ao Banco Central, Lula parecia ter como principal objetivo engajar a autoridade monetária em um esforço conjunto para recuperar a economia brasileira.

Afinal, na avaliação do novo governo, a herança recebida de Bolsonaro é “ainda mais maldita” do que aquela vinda de Fernando Henrique Cardoso em 2003.

O Copom da discórdia

Entre uma provocação e outra vinda do Planalto, tudo parecia estar sob controle até a virada de janeiro para fevereiro. Foi quando o Copom reuniu-se pela primeira vez desde a posse de Lula para seu terceiro mandato.

No encontro, o Copom decidiu pela manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano. Isso já era esperado. Na visão do governo, o problema estava no tom do comunicado.

O Copom cita no documento a "ainda elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país" como um dos fatores do risco de alta para o cenário inflacionário.

O comunicado também indica que o Brasil precisaria conviver com juros altos por mais tempo que o esperado.

A reação do governo

No Palácio do Planalto, o teor do comunicado foi recebido como uma tentativa de sabotagem por parte do BC.

Além disso, Lula e seus ministros acreditam que seriam merecedores de um voto de confiança. Eles argumentam que herdaram de Bolsonaro um orçamento insuficiente, a inflação em níveis elevados e até mesmo uma situação de apagão de dados em alguns ministérios.

Nos dias que se seguiram à decisão do Copom, Lula soltou o verbo contra Campos Neto. Disse ter se sentido traído, elevou o tom do descontentamento com o nível do juro básico, criticou o descompasso entre a alta dos preços e a taxa Selic e propôs a revisão do regime de metas de inflação.

Política no Banco Central?

O governo também passou a avaliar mudanças na diretoria do BC, de modo a enfraquecer Campos Neto e alinhar o BC com o governo.

Não é preciso dizer que isso contraria um dos principais argumentos dos defensores da autonomia do Banco Central, que é limitar eventuais interferências políticas no trabalho da autoridade monetária.

Para membros da administração Lula, porém, Campos Neto já atua de forma política, mas de modo a dificultar o sucesso do governo.

Uma rápida visita a perfis de aliados do governo nas redes sociais traz à tona uma série de argumentos para que Lula confronte publicamente Roberto Campos Neto.

Acusam o banqueiro central, por exemplo, de ter permanecido em silêncio quanto às desonerações fiscais e à alocação de bilhões de reais em medidas por eles denunciadas como uma tentativa de Bolsonaro de comprar a reeleição ao longo do segundo semestre de 2022.

A preocupação fiscal, porém, já faz parte das comunicações oficiais do Copom pelo menos desde o fim de 2021.

Observadores apontam ainda que Campos Neto manteve contato próximo com ministros do antigo governo mesmo depois da posse de Lula. Além disso, foi votar vestindo uma camisa amarela da seleção brasileira, símbolo associado a simpatizantes de Bolsonaro nos últimos anos.

Campos Neto joga água na fervura

Ontem, ao divulgar a ata da reunião da discórdia, o BC tentou jogar água na fervura.

Mesmo sem alterar os termos do comunicado, o Copom reconheceu sinais de uma atividade econômica mais fraca no Brasil e no mundo. Esse cenário pode tirar pressão da alta esperada para a inflação, de acordo com os diretores do Banco Central.

Além disso, indicou que as medidas fiscais anunciadas pelo novo governo podem reduzir o déficit primário previsto para este ano.

Mesmo que isso sirva para embasar uma possível trégua, é preciso ter em mente que, em política, nem tudo é o que parece. Analistas consideram improvável que Lula esteja disposto a arcar com o desgaste político de uma tentativa de derrubar Campos Neto.

O que interessa ao governo é outra queda: a da taxa Selic. Afinal, o fato de o Brasil dispor atualmente de uma das taxas de juros reais mais altas do mundo é um obstáculo adicional à tentativa de recuperar a economia. E ter um culpado na ponta da língua caso a recuperação não se concretize.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
OPERAÇÃO CONTRAGOLPE

Polícia Federal: general preso imprimiu plano de execução de autoridades no Palácio do Planalto

20 de novembro de 2024 - 13:45

PF divulgou que o general reformado Mário Fernandes deu o nome de Planejamento ao arquivo impresso

‘PUNHAL VERDE E AMARELO’

O que se sabe até agora sobre o complô dos ‘Kids Pretos’ para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes — e que teria a participação do vice de Bolsonaro

19 de novembro de 2024 - 14:28

A ideia de envenenamento, de acordo com o plano do general, considerava a vulnerabilidade de saúde e a ida frequente de Lula a hospitais

IMPOSTO PARA RICOS

É hora de taxar os super-ricos? G20 faz uma proposta vaga, enquanto Lula propõe alíquota  que poderia gerar US$ 250 bilhões por ano no mundo

19 de novembro de 2024 - 14:19

Na Cúpula do G20, presidente Lula reforça as críticas ao sistema tributário e propôs um número exato de alíquota para taxar as pessoas mais ricas do mundo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo

19 de novembro de 2024 - 8:02

Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer

18 de novembro de 2024 - 20:00

Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro

ELE ESTÁ PRA CHEGAR…

O primeiro dia do G20 no Rio: Biden, Xi e Lula falam de pobreza, fome e mudanças climáticas à sombra de Trump

18 de novembro de 2024 - 19:20

As incertezas sobre a política dos EUA deixaram marcas nos primeiros debates do G20; avanços em acordos internacionais também são temas dos encontros

NA PONTA DO LÁPIS

O tamanho do corte que o mercado espera para “acalmar” bolsa, dólar e juros — e por que arcabouço se tornou insustentável

18 de novembro de 2024 - 13:22

Enquanto a bolsa acumula queda de 2,33% no mês, a moeda norte-americana sobe 1,61% no mesmo intervalo de tempo, e as taxas de depósito interbancário (DIs) avançam

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil

18 de novembro de 2024 - 8:07

Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias

ANTES DA CÚPULA

No G20 Social, Lula defende que governos rompam “dissonância” entre as vozes do mercado e das ruas e pede a países ricos que financiem preservação ambiental

16 de novembro de 2024 - 15:56

Comentários de Lula foram feitos no encerramento do G20 Social, derivação do evento criada pelo governo brasileiro e que antecede reunião de cúpula

EMBOLOU O MEIO DE CAMPO

Milei muda de posição na última hora e tenta travar debate sobre taxação de super-ricos no G20

16 de novembro de 2024 - 9:11

Depois de bloquear discussões sobre igualdade de gênero e agenda da ONU, Milei agora se insurge contra principal iniciativa de Lula no G20

ANTES DA DESPEDIDA

A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas

14 de novembro de 2024 - 17:32

As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA

13 de novembro de 2024 - 8:09

Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar

O QUE FAZER?

Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?

13 de novembro de 2024 - 6:03

Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira

SE A ELEIÇÃO FOSSE HOJE…

Lula ainda vence a direita? Pesquisa CNT/MDA mostra se o petista saiu arranhado das eleições municipais ou se ainda tem lenha para queimar

12 de novembro de 2024 - 15:45

Enquanto isso, a direita disputa o espólio de Bolsonaro com três figuras de peso: Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro e Pablo Marçal

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quantidade ou qualidade? Ibovespa repercute ata do Copom e mais balanços enquanto aguarda pacote fiscal

12 de novembro de 2024 - 8:11

Além da expectativa em relação ao pacote fiscal, investidores estão de olho na pausa do rali do Trump trade

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado

12 de novembro de 2024 - 7:01

Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo

FOME DE AQUISIÇÕES

Mubadala não tem medo do risco fiscal: “Brasil é incrível para se investir”, diz diretor do fundo árabe

11 de novembro de 2024 - 17:12

O Mubadala Capital, fundo soberano de Abu Dhabi, segue com “fome de Brasil”, apesar das preocupações dos investidores com o fiscal

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA

11 de novembro de 2024 - 7:03

A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)

BOMBOU NO SD

Campos Neto acertou, mudanças na previdência privada, disparada do Magazine Luiza (MGLU3) e mais: confira os destaques do Seu Dinheiro na semana

9 de novembro de 2024 - 14:07

Na matéria mais lida da semana no portal, André Esteves, do BTG Pactual, afirma que o presidente do BC, está correto a respeito da precificação exagerada do mercado sobre o atual cenário fiscal brasileiro

TOUROS E URSOS #197

Renda fixa apimentada: “Têm nomes que nem pagando CDI + 15% a gente quer”; gestora da Ibiuna comenta sobre risco de bolha em debêntures 

9 de novembro de 2024 - 8:00

No episódio da semana do podcast Touros e Ursos, Vivian Lee comenta sobre o mercado de crédito e onde estão os principais riscos e oportunidades

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar