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Concentração

Grandes bancos ainda dominam mercado de cartões de crédito no Brasil, apesar de aumento da competição

Dados do Banco Central mostram que 60% do saldo devedor dos clientes está concentrado nos cinco grandes bancos

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29 de maio de 2023
17:02 - atualizado às 16:44
Cartões de crédito
Imagem: Unsplash

Apesar da crescente competição e do aumento do número de cartões de crédito nos últimos anos, os cinco grandes bancos continuam a dominar o mercado brasileiro, de acordo com o Banco Central.

Os dados da autarquia mostram que a entrada de novos competidores no segmento de cartões pós-pagos possibilitou que uma parcela significativa da população brasileira obtivesse acesso a um ou mais cartões de crédito. No entanto, independentemente do número de cartões, mais de 60% do saldo devedor continua concentrado nos cinco grandes bancos.

Em junho de 2022, a quantidade de cartões de crédito chegou a 190,8 milhões, quase o dobro da população economicamente ativa do Brasil, que era de 107,4 milhões, de acordo com dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e estatísticas do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).

VEJA TAMBÉM – 10 anos de Nubank: fintech volta a deixar BB, Bradesco e Santander para trás, o que esperar daqui para a frente?

Com base no Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR), o BC identificou que em junho de 2022, 84,7 milhões de clientes possuíam saldo devedor maior que zero, um aumento de 30,9% em comparação ao mesmo mês de 2019, quando esse número era de 64,7 milhões.

O crescimento do mercado foi impulsionado principalmente pela atuação de instituições predominantemente digitais, que aumentaram sua base de usuários em 27,6 milhões de indivíduos durante o período analisado. Esse grupo também apresentou o maior crescimento do saldo devedor dos clientes entre junho de 2019 e 2022, com um aumento de 292,3%.

De acordo com o BC, a expansão do mercado de cartões de crédito se refletiu no aumento de vínculos por usuário no período, embora a fatia que mantém saldo devedor em apenas uma instituição emissora seja a maior (54% em 2022, contra 62% em 2019), seguida por dois vínculos (25% em 2022, contra 24% em 2019). Aqueles que têm três ou mais vínculos representam 22% do total, contra 14% antes.

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Endividamento em Alta

No boxe, o Banco Central busca avaliar se os usuários que possuem um número maior de cartões de crédito com diferentes emissores ou que possuem cartões de um determinado grupo de emissores tendem a utilizar mais linhas de crédito onerosas.

"O maior acesso a cartões de crédito, embora positivo do ponto de vista da inclusão financeira, também merece atenção por seu potencial de aumentar o nível de endividamento das famílias", diz o documento, citando que o crédito rotativo é uma das operações com maiores taxas de inadimplência e custo no mercado.

Após a análise, o BC considerou que o aumento do saldo devedor médio e do limite utilizado, à medida que cresce o número de vínculos, indica que provavelmente existe uma busca por mais limite para gastos por parte de usuários com cartões em um número maior de instituições.

Além disso, há indícios de que o acesso a um maior número de cartões com emissores diferentes tende a aumentar o saldo médio em modalidades sujeitas à cobrança de juros, em que se destaca o crédito rotativo, cujas taxas de juros são elevadas.

Com 4 vínculos, o porcentual das modalidades à vista e parcelado por lojista, sem característica de crédito, cai para 68%, de 71% com um vínculo. Com 4 vínculos, é de 66%.

Mas o BC destaca que o porcentual do rotativo e do rotativo não migrado (para o parcelado com juros, conforme a regra de transferência após 30 dias), gira entre 17% e 20% independentemente do número de vínculos.

As taxas exorbitantes do rotativo estão na mira do governo, que criou um grupo de trabalho junto com os bancos e o BC para pensar em soluções. Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) na semana passada, uma das opções na mesa, segundo fontes, é acabar de vez com a modalidade.

Emissores de cartões

Quando a análise é feita por grupo de emissores de cartões, o BC avaliou que o endividamento oneroso no cartão é significativamente maior no segmento de bancos privados pequenos e médios e financeiras, independentemente do número de vínculos do usuário.

"Esse resultado está em linha com o perfil de atuação desse grupo, que tem como prática comum a realização de empréstimo pessoal com cobrança das parcelas na fatura do cartão."

Em lado oposto, está o segmento dos bancos cooperativos e cooperativas singulares, com porcentual de utilização do cartão nas modalidades sujeitas à cobrança de juros bem menor que os demais grupos.

As informações são do Estadão Conteúdo.

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