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Camille Lima
Camille Lima
Repórter no Seu Dinheiro. Estudante de Jornalismo na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.
DE OLHO NO MACRO

Campos Neto vai resistir à pressão? Corte de juros pelo Copom deve vir só em setembro — e mais lento que o imaginado, diz Itaú BBA

Os analistas projetam que a mudança na política monetária do país tenha início apenas em setembro, com corte inicial de 0,25 ponto porcentual

Camille Lima
Camille Lima
13 de junho de 2023
14:41 - atualizado às 13:42
ações campos neto juros selic banco central
Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil - Montagem: Giovanna Figueredo

Ainda que o cenário macroeconômico brasileiro mostre sinais de recuperação, com perspectivas mais otimistas para inflação e crescimento da economia, o corte da taxa básica de juros (a Selic) não deve acontecer tão em breve, na visão do Itaú BBA.

Segundo os analistas do banco, a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para os dias 20 e 21 de junho, não deve trazer consigo uma redução na Selic.

O Itaú projeta que a mudança na política monetária do país tenha início apenas em setembro — e com reduções percentuais abaixo do esperado por parte do mercado. 

“Acreditamos que a eventual flexibilização da política monetária deveria ocorrer de forma gradual”, escreveu a instituição, em relatório.

A princípio, o banco estima que o Copom inicie o ciclo gradual de flexibilização na reunião de setembro, que acontecerá nos dias 19 e 20, com corte inicial de 0,25 ponto porcentual (p.p).

De acordo com os analistas, cortes mais duros devem ser anunciados apenas no fim do ano. O banco projeta duas reduções adicionais na Selic, cada uma de 0,50 ponto porcentual, nas reuniões do Copom de novembro e dezembro. 

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Com as alterações, a taxa básica de juros chegaria a 12,50% ao ano no final de 2023. Por sua vez, o banco projeta a Selic a 10% em 2024, “diante de uma desinflação lenta dos preços de serviços”.  

Vale destacar que as estimativas do Itaú consideram que o Conselho Monetário Nacional (CMN) sancione a meta de inflação de 3% para 2024 em diante e o intervalo de tolerância em 1,5 p.p durante a próxima reunião, em 29 de junho.

Uma queda gradual dos juros 

Segundo a análise do Itaú BBA, a queda da inflação corrente é o principal motivo para que o Banco Central alivie o aperto monetário já em setembro.

“Mesmo que concentrada em itens voláteis e bens industriais, a desinflação tende a ser repassada para itens mais indexados. Esses fatores permitirão o início de um ciclo de cortes em setembro”, avalia o banco. 

Porém, de acordo com os analistas, existem fatores que exigem maior cautela com as projeções de inflação de médio prazo. 

Por sua vez, isso demanda uma condução cautelosa das autoridades monetárias em relação aos cortes da taxa de juros, levando a reduções graduais na Selic.

Entre os fatores citados pelo banco, estão as “expectativas longas desancoradas” devido à inflação ter permanecido elevada por um grande período de tempo, além da pouca ociosidade no mercado de trabalho, que leva a uma inflação de serviços ainda elevada. 

Luiza Trajano vai continuar insatisfeita com os juros?

Segundo a avaliação do Itaú BBA, as chances de que Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza (MGLU3),  continue insatisfeita com Roberto Campos Neto são grandes.

Isso porque, durante evento realizado nesta semana, Trajano disse que já ligou para o presidente do BC "mais de 20 vezes".

As ligações tinham um objetivo em comum: enviar recados a Campo Neto sobre a necessidade de cortes na Selic, atualmente em 13,75% ao ano — e prometeu ligar outras dezenas de vezes, se necessário.

“Baixa os juros, mas não é 0,25 ponto porcentual, não, que é muito pouco."

Apesar da falta de comentários sobre seu gosto musical, suponho que uma música tenha se tornado recorrente nos fones do chefe do BC: “Telefone Mudo”, do Trio Parada Dura: “Eu quero que risque o meu nome da sua agenda. Esqueça o meu telefone, não me ligue mais.”.

É importante ressaltar que, segundo o presidente do Banco Central, “ele é apenas um num total de nove votos no Copom” e não poderia dar certeza sobre o movimento do juro. 

Inflação e PIB

Após um crescimento mais forte que o esperado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do primeiro trimestre de 2023, o Itaú BBA revisou para cima as estimativas para a expansão da economia para este ano e para o próximo.

Os analistas elevaram a projeção para o PIB de 2023, que passou de 1,4% para 2,3%, devido à expectativa de que o consumo vai se manter sustentado pela renda nos próximos trimestres. 

 “Apesar de esperarmos desaceleração no ritmo atual de crescimento, o consumo deve ficar mais sustentado pelo crescimento da renda, em meio ao mercado de trabalho resiliente e estímulos fiscais”, escreveram os economistas, em relatório.

O banco também aumentou a expectativa de crescimento da economia para 2024, de 1,0% para 1,5%, e reduziu a projeção para a taxa de desemprego de 2023 e do próximo ano para 8,0%, contra 9,0% e 9,1%, respectivamente.

“Os dados recentes continuam indicando que o mercado de trabalho segue forte, com criação de postos tanto informais quanto formais e crescimento dos salários reais.”

O Itaú BBA também revisou as estimativas para a inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para baixo. 

Para este ano, o banco projeta uma inflação de 5,3%, contra a expectativa anterior de 5,8%, devido a preços mais baixos de produtos e ao corte nos preços da gasolina nas refinarias. 

Enquanto isso, a estimativa dos analistas para o IPCA de 2024 caiu de 4,5% na leitura anterior para 4,4%.

De acordo com o relatório, os riscos à tese de inflação são baixistas: “o corte nos preços da gasolina pode compensar totalmente a alta de impostos, e os preços de alimentos podem ser ainda menores". 

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