Tesla e Ozempic são bolhas? Saiba que tipo de empresa evitar para não ser o otário da vez na bolsa
O analista Ruy Hungria recomenda ficar longe destes negócios “da moda”, pois mesmo tendências que podem mudar o mundo geram as suas bolhas

"Todo dia saem de casa um malandro e um otário; e quando os dois se encontram, sai negócio." Eu não sei quem é o autor dessa frase brilhante, mas esse sujeito devia estar pensando nas "bolhas financeiras" quando disse isso.
Isso porque as bolhas não inflam sozinhas, elas precisam de compradores.
Mesmo quando os valuations já estão em níveis estratosféricos e não fazem o menor sentido, muita gente continua investindo.
É nessa parte que entra o "malandro". Eles precisam convencer boa parte do mercado que aqueles preços, apesar de parecerem inflados, na verdade representam uma ótima oportunidade de investimento.
Normalmente eles utilizam algumas táticas ardilosas de convencimento. Coisas como "essa tecnologia é muito promissora e vai mudar o mundo", ou se aproveitam de algum ativo que está em alta para te convencer de que a moda vai durar para sempre.
Por exemplo, você deve conhecer o Zoom, a plataforma de reuniões online que bombou na pandemia. O Zoom trouxe várias facilidades para a vida corporativa e é utilizado até hoje, mesmo com o fim do isolamento social.
Leia Também
Mas durante a pandemia, quando todas as reuniões eram feitas online, os malandros saíram por aí tentando convencer o mercado de que o Zoom seria a única maneira de se encontrar dali em diante.
O mercado comprou a ideia, e a companhia chegou a valer US$ 160 bilhões, mas não demorou muito para a realidade bater na porta. As ações caíram quase 90% desde então.

Ainda na pandemia, o mercado começou a dar muito mais atenção para as empresas que produziam vacinas. De uma hora para outra, essas empresas começaram a produzir e vender vacinas como nunca, o que obviamente ajudou os resultados em em 2020 e 2021.
Para os malandros era a oportunidade perfeita de fazer o mercado acreditar na narrativa de que todos nós continuaríamos tomando doses e mais doses de vacinas até o fim das nossas vidas. A Moderna, uma dessas empresas, explodiu durante a pandemia, mas cai mais de 80% desde as máximas.

As bolhas já estavam por aí muito antes da pandemia
Mas é claro que os malandros não surgiram na pandemia. Eles apareceram muito antes. A "bolha das pontocom" é icônica e atraiu muitos investidores em busca da promessa de ficarem milionários com uma novidade chamada "internet".
A moda era comprar qualquer empresa ligada à rede de computadores e esperar que ela multiplicasse o seu dinheiro…
Sabe o que é mais impressionante? É que a internet realmente mudou as nossas vidas e, mesmo assim, uma penca de investidores perdeu rios de dinheiro ao investir naquelas empresas, já que a maioria delas não passavam de uma "lorotapontocom".
Sim, algumas deram certo, muito certo, como é o caso da Amazon. Mas será que dentre centenas de empresas você colocaria o seu dinheiro em uma empresa que vendia livros online com sede em uma garagem em Seattle?
E aqui vai um outro aprendizado: já é difícil saber se uma nova invenção vai realmente pegar. E mesmo que ela transforme o mundo, isso não significa que vai ganhar dinheiro com qualquer empresa do ramo, especialmente se você investir quando isso já tiver virado bolha.
E isso pode nos ajudar a entender um pouco o que pode acontecer com a Tesla.
IBOVESPA FEZ 1 ANO DE CDI EM 30 DIAS: AÇÃO DE BANCO PODE SURFAR RALI DA BOLSA E SUBIR ATÉ 87%; VEJA
Apostar no carro elétrico é igual a apostar na Tesla?
Eu sou do tipo que gosta de carro que faz barulho, mas eu não posso negar que o carro elétrico realmente veio para ficar.
Muitos países já estabeleceram leis que proíbem a venda de carros a combustão a partir de 2030. Em outros, como a China, a venda de carros elétricos anuais já está perto de 40% do total.
No entanto, eu vejo muita gente investindo em Tesla para surfar a onda do carro elétrico. Até parece uma aposta óbvia, mas não é.
Atualmente a Tesla negocia pelo mesmo valor que as oito maiores montadoras depois dela, mesmo lucrando 3 vezes menos que a Toyota, e menos também que BMW, Volkswagen e Mercedes-Benz. Na verdade, ela lucra menos até que a GM e a Ford, que nem estão entre as 10 maiores.

Para mim, nesse valuation exorbitante, o mercado não está apenas apostando que o carro elétrico vai vencer a batalha com os carros movidos a combustível fóssil.
Nesses preços o mercado espera que a Tesla seja totalmente dominante neste setor, e que os consumidores aceitarão pagar muito mais caro nos carros da companhia, assim como acontece com o iPhone no mundo dos celulares.
Isso realmente pode acontecer, mas quem garante que empresas como Mercedes-Benz e Porsche, por exemplo, não consigam competir com a Tesla por esse mercado "premium elétrico"?
Por 80x preço/lucros e um valor de mercado igual ao das suas oito maiores concorrentes, a assimetria me parece bastante desfavorável e eu prefiro ficar de fora.
A onda dos remédios para emagrecimento
Nos últimos meses, um tema tem dominado o mercado: o Ozempic e a febre dos remédios que estão sendo utilizados para emagrecimento.
Antes de qualquer coisa, é importante lembrar que essa é mais uma tentativa de tentar entender o que vai acontecer no futuro, o que é sempre muito difícil.
O que eu sei é que a Novo Nordisk, criadora do remédio para diabetes que tem sido utilizado para emagrecimento, simplesmente voou recentemente e chegou a um valor de mercado de mais de US$ 430 bilhões. O motivo é que muita gente acha que a febre pelo Ozempic vai continuar por muitos e muitos anos.

Na verdade, os efeitos do Ozempic têm ido além. Muita gente começou a recomendar a venda de ações de McDonald's e Coca-Cola porque as pessoas parariam de consumir seus produtos por causa do remédio.
Na verdade, os analistas (malandros?) foram além e recomendaram a compra de empresas aéreas porque as pessoas ficariam mais magras, e as companhias economizariam milhões de dólares com combustíveis.

Olha, pode até ser que remédios para emagrecimento realmente se tornem a tendência mundial dos próximos anos. Mas por mais de 30x lucros, sem saber muito bem os efeitos colaterais disso e com riscos de haver mais competição por esse mercado, eu prefiro que você se mantenha longe da Novo Nordisk.
Fuja das "modinhas"
Para falar a verdade, ganhar dinheiro no mercado está longe de ser a coisa mais difícil do mundo, o problema é que as pessoas complicam.
Elas preferem correr atrás das dicas quentes, dos investimentos que subiram sei lá quantos mil por cento por causa de uma lorota qualquer, ao invés de investirem em empresas decentes com valuations atrativos.
É exatamente isso o que fazemos na série Vacas Leiteiras, repleta de ações de empresas decentes, pagadoras de dividendos e que, mesmo não sendo modinha, entregaram uma excelente valorização desde o início do ano passado.

Eu não sei o que vai acontecer em 2024 – a propósito, um Feliz Ano Novo para você. O que eu sei é que essa continuará sendo uma estratégia inteligente de investimentos, capaz de trazer valorização e ao mesmo tempo evitar que você entre em algumas bolhas.
Se quiser conferir a lista com as melhores pagadoras de dividendos, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e um Feliz 2024!
Ruy.
ONDE INVESTIR EM 2024: Descubra o que esperar do cenário econômico brasileiro e internacional e quais são os melhores investimentos para a sua carteira, em diferentes classes de ativos. Clique aqui.
Sem pílula de veneno: Casas Bahia (BHIA3) derruba barreira contra ofertas hostis; decisão segue recuo de Michael Klein na disputa por cadeira no conselho
Entre as medidas que seriam discutidas em AGE, que foi cancelada pela varejista, estava uma potencial alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill; entenda
Inteligência artificial autônoma abala modelos de negócios das big techs; Google é a que tem mais a perder, mas não é a única, diz Itaú BBA
Diante do desenvolvimento acelerado de agentes autônomos de inteligência artificial, as big techs já se mexem para não perder o bonde
“Trump vai demorar um pouco mais para entrar em pânico”, prevê gestor — mas isso não é motivo para se desiludir com a bolsa brasileira agora
Para André Lion, sócio e gestor da estratégia de renda variável da Ibiuna Investimentos, não é porque as bolsas globais caíram que Trump voltará atrás na guerra comercial
Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed
Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China
Olho por olho: como Trump escalou a guerra de tarifas com a China — e levou o troco de Xi Jinping
Os mais recentes capítulos dessa batalha são a tarifa total de 104% sobre produtos chineses importados pelos EUA e a resposta de Xi Jinping; o Seu Dinheiro conta como as duas maiores economias do mundo chegaram até aqui e o que pode acontecer agora
CEO da Embraer (EMBR3): tarifas de Trump não intimidam planos de US$ 10 bilhões em receita até 2030; empresa também quer listar BDRs da Eve na B3
A projeção da Embraer é de que, apenas neste ano, a receita líquida média atinja US$ 7,3 bilhões — sem considerar a performance da subsidiária Eve
Ação da Vale (VALE3) chega a cair mais de 5% e valor de mercado da mineradora vai ao menor nível em cinco anos
Temor de que a China cresça menos com as tarifas de 104% dos EUA e consuma menos minério de ferro afetou em cheio os papéis da companhia nesta terça-feira (8)
Wall Street sobe forte com negociações sobre tarifas de Trump no radar; Ibovespa tenta retornar aos 127 mil pontos
A recuperação das bolsas internacionais acompanha o início de conversas entre o presidente norte-americano e os países alvos do tarifaço
Minerva (BEEF3): ações caem na bolsa após anúncio de aumento de capital. O que fazer com os papéis?
Ações chegaram a cair mais de 5% no começo do pregão, depois do anúncio de aumento de capital de R$ 2 bilhões na véspera. O que fazer com BEEF3?
Não foi só a queda do preço do petróleo que fez a Petrobras (PETR4) tombar ontem na bolsa; saiba o que mais pode ter contribuído
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, teria pedido à estatal para rever novamente o preço do diesel, segundo notícias que circularam nesta segunda-feira (7)
Prazo de validade: Ibovespa tenta acompanhar correção das bolsas internacionais, mas ainda há um Trump no meio do caminho
Bolsas recuperam-se parcialmente das perdas dos últimos dias, mas ameaça de Trump à China coloca em risco a continuidade desse movimento
Guerra comercial abre oportunidade para o Brasil — mas há chance de transformar Trump em cabo eleitoral improvável de Lula?
Impacto da guerra comercial de Trump sobre a economia pode reduzir pressão inflacionária e acelerar uma eventual queda dos juros mais adiante no Brasil (se não acabar em recessão)
Sem medo do efeito Trump: Warren Buffett é o único entre os 10 maiores bilionários do mundo a ganhar dinheiro em 2025
O bilionário engordou seu patrimônio em US$ 12,7 bilhões neste ano, na contramão do desempenho das fortunas dos homens mais ricos do planeta
Líder em smartphones na China chega ao Brasil, mas troca de nome para não ser confundida com outra empresa de telefonia
A chinesa Vivo Mobile Communication Co., Ltd. vai adotar o nome JOVI por aqui, além de fabricar seus aparelhos na Zona Franca de Manaus; previsão é chegar ao mercado no segundo trimestre
Sem aversão ao risco? Luiz Barsi aumenta aposta em ação de companhia em recuperação judicial — e papéis sobem forte na B3
Desde o início do ano, essa empresa praticamente dobrou de valor na bolsa, com uma valorização acumulada de 97% no período. Veja qual é o papel
Equatorial (EQTL3): Por que a venda da divisão de transmissão pode representar uma virada de jogo em termos de dividendos — e o que fazer com as ações
Bancões enxergam a redução do endividamento como principal ponto positivo da venda; veja o que fazer com as ações EQTL3
Ibovespa chega a tombar 2% com pressão de Petrobras (PETR4), enquanto dólar sobe a R$ 5,91, seguindo tendência global
O principal motivo da queda generalizada das bolsas de valores mundiais é a retaliação da China ao tarifaço imposto por Donald Trump na semana passada
Brasil x Argentina na bolsa: rivalidade dos gramados vira ‘parceria campeã’ na carteira de 10 ações do BTG Pactual em abril; entenda
BTG Pactual faz “reformulação no elenco” na carteira de ações recomendadas em abril e tira papéis que já marcaram gol para apostar em quem pode virar o placar
Disputa aquecida na Mobly (MBLY3): Fundadores da Tok&Stok propõem injetar R$ 100 milhões se OPA avançar, mas empresa não está lá animada
Os acionistas Régis, Ghislaine e Paul Dubrule, fundadores da Tok&Stok, se comprometeram a injetar R$ 100 milhões na Mobly, caso a OPA seja bem-sucedida
Mark Zuckerberg e Elon Musk no vermelho: Os bilionários que mais perdem com as novas tarifas de Trump
Só no último pregão, os 10 homens mais ricos do mundo perderam, juntos, em torno de US$ 74,1 bilhões em patrimônio, de acordo com a Bloomberg