🔴 SAVE THE DATE – 25/11: MOEDA COM POTENCIAL DE 30.000% DE VALORIZAÇÃO SERÁ REVELADA – VEJA COMO ACESSAR

Felipe Miranda: O fim da história do Credit Suisse

Instituições tão grandiosas como o Credit Suisse são uma metonímia do mercado. Não é apenas uma figura de linguagem. É o que as define como “risco sistêmico”, grandes demais para falir. Se algo está errado com elas, é porque existe algo tóxico no sistema inteiro.

20 de março de 2023
18:32 - atualizado às 17:54
Crise Credit Suisse
Imagem: Montagem: Beatriz Azevedo

Escolho as palavras com um pouco mais de cuidado hoje. Tenho muito respeito por instituições centenárias. Há também uma dose subjacente de tristeza. 

Um conservador é muito diferente de um reacionário. O primeiro quer conservar, manter, preservar ritos, tradições, instituições e organizações que funcionaram bem por muito tempo, numa ideia sintetizada pela “Lindy's Law” – surgiu como anedota de Albert Goldman, foi formalizada por Benoit Mandelbrot e depois popularizada por Nassim Taleb.

A expectativa de carreira para um comediante de televisão seria proporcional ao total da exposição no passado pela metade. O termo fazia alusão ao restaurante novaiorquino homônimo, centenário e muito frequentado por comediantes.

Mandelbrot definiu a concepção original, concluindo, a partir das leis de Pareto, que se algo tem um certo tempo de vida, provavelmente vai perdurar um total do dobro do tempo, e a cada dia que passa vai durar um pouco mais. Se alguém resistiu ao teste do tempo, tem algum valor.

Aventuras revolucionárias deveriam ser preteridas frente àquilo que, de alguma forma, mesmo com seus defeitos e vícios, funcionou até aqui. Se você está em dúvida sobre o que ler, assistir ou comer (ou até mesmo investir), recorra aos clássicos. As chances de erro são menores.

Já o reacionário quer uma volta a um passado, normalmente de privilégios para si ou para os seus. 

Leia Também

Credit Suisse: é só o começo?

O fim de uma instituição tão longeva e representativa carrega notas tristes. Para um “animal de mercado”, o Credit Suisse é (era) admirável, a despeito de erros recentes tidos por muitos como imperdoáveis (Archegos, Wirecard, etc).

Com os traços pessoais de quem se refere ao BTG como “Pactual" até hoje, com uma voz empostada não-deliberadamente incapaz de esconder algum orgulho interno, as linhas abaixo são escritas. 

Há várias questões a serem tratadas sobre a crise bancária internacional. A lista é grande. Existem outros bancos em situação semelhante? Qual o próximo da fila? Ao salvar o Credit Suisse, o UBS seria também levado a problemas? Se o banco era grande demais para falir, não seria também grande demais para ser salvo? O socorro ao First Republic Bank fora suficiente ou em poucos meses estaremos rediscutindo a coisa?

Se os contingent convertible bonds (um instrumento de dívida) foram marcados a zero e as ações do Credit Suisse valem alguma coisa, então, em alguma medida, invertemos a ordem clássica entre credor e acionista, com o segundo furando a fila… O que isso significa para esse mercado de contingent convertible bonds senão sua derrocada iminente?

Trazendo para nosso ambiente, será que estaríamos diante de uma daquelas (talvez raras) oportunidades de ampliarmos nossa pauta de exportação e mostrar ao mundo as virtudes da nossa regulação bancária?

A verdade objetiva é que os bancos brasileiros, ao menos até aqui, passaram incólumes a mais essa turbulência. Ok, ok, boa parte dessa vantagem relativa deriva de nosso oligopólio macunaímico, mas também não precisamos desse sincericídio todo em plena segunda-feira.

Mais dúvidas do que respostas

Muito já foi dito por analistas e imprensa a respeito dos temas acima. A verdade é que, neste momento, há mais dúvidas do que respostas, justamente porque os desdobramentos da crise bancária e das tentativas de sua resolução só serão conhecidos no futuro mesmo. “Caminha que o caminho se abre.”

Minha maior preocupação pessoal, no entanto, reside em uma questão de mais longo prazo: se eu fosse o Saudi National Bank, tendo investido US$ 1,5 bi por 10% do Credit Suisse há poucos meses, não estaria propriamente feliz neste momento. Mais do que o prejuízo em si, a compra de um banco por outro sem aprovação de seus acionistas em assembleia abre precedentes questionáveis.

Se a situação de um banco oferece crise sistêmica, então, algum regulador central pode deliberar sobre seu futuro sem passar pelo ordenamento típico de fusões e aquisições privadas. Sim, sim, não sou ingênuo.

Aprendi com uma frase atribuída a Daniel Dantas (não sei se veio mesmo dele) que, na prática, o direito público se sobrepuja ao direito societário privado. Mas, bicho, estamos falando da Suíça, famosa por sua tradição de neutralidade e discrição, com direito a conta numerada até os ataques terroristas de 2001…

Há uma mensagem tácita relevante aqui: algum planejador central onisciente seria capaz de deliberar melhor sobre o futuro de um banco do que seus acionistas. Hmmm, “who watches the Watchman?” Quem arbitra? Sob quais critérios? E quem regula o arbitrador? A qual escrutínio ele está submetido?

Estamos, de algum modo, atacando égides do capitalismo e dos valores ocidentais clássicos das democracias liberais. Falamos do respeito aos contratos, do direito à propriedade privada (e de como isso está regulado) e da obediência à sinalização do sistema de preços.

O coletivismo à frente do individualismo, ferindo um traço marcante da cultura ocidental e de toda a orientação de Ayn Rand, uma filósofa essencial no instrumentalismo norte-americano.

A inversão de valores ocorre em momento particularmente delicado. Conforme escreveu há mais de 20 anos Francis Fukuyama, os valores ocidentais clássicos pareciam ter vencido a disputa em definitivo contra alternativas, quando caiu o muro de Berlim.

Não havia mais antítese à tese da democracia liberal. Fim da história como um processo dialético. Eis que nos últimos anos líderes autocratas (Putin, Xi, Orban, Erdogan, entre outros) voltaram a ameaçar a democracia liberal, surgindo como alternativa.

  • Imposto de Renda sem complicações: não passe perrengue na hora de declarar o seu IR em 2023. Baixe de forma GRATUITA o guia completo que Seu Dinheiro preparou com todas as orientações que você precisa para fazer sua declaração à Receita sozinho. [É SÓ CLICAR AQUI]

Credit Suisse, uma metonímia do mercado

Dois grandes medos, ainda que de baixa probabilidade, nos visitavam.

O primeiro: quando estamos diante de líderes autocratas irresponsáveis, os mecanismos de pesos e contrapesos são, por definição, menos influentes e resistentes. Se o camarada possuir um arsenal atômico e acordar um pouco mais mal humorado, é melhor tentar mantê-lo distante do botão vermelho.

O segundo: a Ucrânia ser a antessala de Taiwan; o embate real a que assistimos se dá entre EUA e China, ainda que esses não estejam em guerra quente.

Agora, fica mais claro um terceiro elemento de preocupação. Quando a China entrou para a OMC em 2001, criou-se a expectativa de sua “ocidentalização”, aumento das liberdades individuais, maior respeito a direitos humanos, democratização etc.

Quando abrimos mão de valores e princípios individuais em prol de um suposto “bem maior” em favor da sociedade, somos nós, ocidentais, que nos aproximamos da coletivização, cujos resultados são menor produtividade, menor crescimento e menor desenvolvimento econômico-social no longo prazo.

Instituições tão grandiosas como o Credit Suisse são uma metonímia do mercado. Não é apenas uma figura de linguagem. É o que as define como “risco sistêmico”, grandes demais para falir. Se algo está errado com elas, é porque existe algo tóxico no sistema inteiro. Essa história merece um outro final. 

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
RESULTADOS FINAIS

Lucro dos bancos avança no 3T24, mas Selic alta traz desafios para os próximos resultados; veja quem brilhou e decepcionou na temporada de balanços 

18 de novembro de 2024 - 6:01

Itaú mais uma vez foi o destaque entre os resultados; Bradesco avança em reestruturação e Nubank ameaça desacelerar, segundo analistas

DO ROXO AO VERMELHO

Warren Buffett não quer o Nubank? Megainvestidor corta aposta no banco digital em quase 20% — ação cai 8% em Wall Street 

15 de novembro de 2024 - 18:01

O desempenho negativo do banco digital nesta sexta-feira pode ser explicado por três fatores principais — e um deles está diretamente ligado ao bilionário

OS PLANOS DO BB

Banco do Brasil (BBAS3) de volta ao ataque: banco prevê virada de chave com cartão de crédito em 2025 

15 de novembro de 2024 - 17:02

Após fase ‘pé no chão’ depois da pandemia da covid-19, a instituição financeira quer expandir a carteira de cartão de crédito, que tem crescido pouco nos últimos dois anos

DESAGRADOU (?)

“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo

14 de novembro de 2024 - 15:51

Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos

AGORA É NEUTRA

Acendeu a luz roxa? Ações do Nubank caem forte mesmo depois do bom balanço no 3T24; Itaú BBA rebaixa recomendação

14 de novembro de 2024 - 13:56

Relatório aponta potencial piora do mercado de crédito em 2025, o que pode impactar o custo dos empréstimos feitos pelo banco

DEPOIS DO BALANÇO DO 3T24

Agro é pop, mas também é risco para o Banco do Brasil (BBAS3)? CEO fala de inadimplência, provisões e do futuro do banco

14 de novembro de 2024 - 13:52

Redução no preço das commodities, margens apertadas e os fenômenos climáticos extremos afetam em cheio o principal segmento do BB

ANOTE NO CALENDÁRIO

A B3 vai abrir nos dias da Proclamação da República e da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios durante os feriados

14 de novembro de 2024 - 7:11

Os feriados nacionais de novembro são as primeiras folgas em cinco meses que caem em dias úteis. O Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante as comemorações

“SUCH A LOVELY PLACE…”

A China presa no “Hotel California”: o que Xi Jinping precisa fazer para tirar o país da armadilha — e como fica a bolsa até lá

14 de novembro de 2024 - 6:02

Em carta aos investidores, à qual o Seu Dinheiro teve acesso em primeira mão, a gestora Kinea diz o que esperar da segunda maior economia do mundo

TEMPORADA DE RESULTADOS

Banco do Brasil (BBAS3) lucra R$ 9,5 bilhões no 3T24, mas provisões aumentam 34% e instituição ajusta projeções para 2024

13 de novembro de 2024 - 19:30

A linha que contabiliza as projeções de créditos e o guidance para o crescimento de despesas foram alteradas, enquanto as demais perspectivas foram mantidas

BALANÇO DO 3T24

Nubank (ROXO34) supera estimativas e reporta lucro líquido de US$ 553 milhões no 3T24; rentabilidade (ROE) chega aos 30%

13 de novembro de 2024 - 19:22

Inadimplência de curto prazo caiu 0,1 ponto percentual na base trimestral, mas atrasos acima de 90 dias subiram 0,2 p.p. Banco diz que indicador está dentro das estimativas

ONDE INVESTIR NA B3?

Por que o Warren Buffett de Londrina não para de comprar ações da MRV (MRVE3)? Gestor com mais de R$ 8 bilhões revela 15 apostas na bolsa brasileira

13 de novembro de 2024 - 18:31

CEO da Real Investor, Cesar Paiva ficou conhecido por sua filosofia simples na bolsa: comprar bons negócios a preços atrativos; veja as ações no portfólio do gestor

DINHEIRO EXTRA

Bradespar (BRAP4) aprova pagamento de R$ 342 milhões em proventos; saiba como receber

12 de novembro de 2024 - 18:55

Terão direito aos proventos os acionistas que estiverem registrados na companhia até o final do dia 12 de novembro de 2024

BALANÇO

BTG Pactual (BPAC11): lucro bate novo recorde no 3T24 e banco anuncia recompra bilionária de ações; veja os números

12 de novembro de 2024 - 6:17

Lucro líquido do BTG foi de R$ 3,207 bilhões, alta de 17,3% em relação ao terceiro trimestre de 2023; ROE atinge 23,5%

TEMPORADA DE RESULTADOS

“Estamos absolutamente prontos para abrir capital”, diz CEO do BV após banco registrar lucro recorde no 3T24

11 de novembro de 2024 - 18:36

O BV reportou um lucro líquido de R$ 496 milhões no terceiro trimestre de 2024, um recorde para a instituição em apenas três meses

DIAS ANTES DO BALANÇO

Onda roxa: Nubank atinge 100 milhões de clientes no Brasil e quer ir além do banco digital; entenda a estratégia

11 de novembro de 2024 - 17:44

Em maio deste ano, o Nubank tinha atingido o marco de 100 milhões de clientes globalmente, contando com as operações no México e na Colômbia

DANÇA DAS CADEIRAS

Méliuz (CASH3): fundador deixa o comando da empresa e anuncia novo CEO

7 de novembro de 2024 - 20:01

Israel Salmen será presidente do conselho de administração e também assumirá outros cargos estratégicos do grupo

VAI OU NÃO VAI TER?

Após lucro acima do esperado no 3T24, executivo do Banco ABC fala das estratégias — e dos dividendos — até o final do ano

7 de novembro de 2024 - 17:55

Ricardo Miguel de Moura, diretor de relações com investidores, fusões e aquisições e estratégia do Banco ABC, concedeu entrevista ao Seu Dinheiro após os resultados

BOM PARA TODOS OS VENTOS

Itaú (ITUB4): o que fazer com as ações após mais um balanço surpreendente? Veja a recomendação dos analistas

5 de novembro de 2024 - 15:07

Reação favorável ao resultado do 3T24 do maior banco privado brasileiro é praticamente unânime; confira a visão e as indicações dos analistas para o Itaú

DINHEIRO NO BOLSO

“Podem esperar um valor maior do que no ano passado”: CEO do Itaú (ITUB4) confirma dividendos extraordinários em 2024; ações saltam na B3

5 de novembro de 2024 - 11:39

O banco aproveitou para comentar também a mudança nas projeções (guidance) para a expansão da carteira de crédito

TEMPORADA DE RESULTADOS

R$ 10,7 bilhões em três meses: lucro do Itaú (ITUB4) supera expectativas no 3T24 e banco revisa projeções para oferta de crédito

4 de novembro de 2024 - 19:57

Assim, o Itaú (ITUB4) reportou um lucro líquido recorrente de R$ 10,675 bilhões no terceiro trimestre de 2024; veja outras linhas do balanço

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar