A Faria Lima é um condado provinciano — e é por isso que os brasileiros não surfaram o rali da bolsa
Analistas e gestores estão esquecendo que existe um mundo lá fora — e estão perdendo oportunidades na bolsa por isso

Parece que um intenso processo de autocrítica está acontecendo na Faria Lima — pelo menos na parte que costuma visitar o estúdio do Market Makers. Seu principal catalisador, ao que tudo indica, é a forte alta da Bolsa que aconteceu recentemente.
Desde seu pior momento no ano, em 23 de março, o Ibovespa subiu mais de 20%, de 97 mil para 119 mil pontos, tudo isso enquanto muitos investidores institucionais se apegavam de modo obstinado às mais catastróficas previsões econômicas, motivados sobretudo pelo noticiário político.
Essa autocrítica foi a tônica de várias das nossas últimas conversas. Ao que parece, analistas e gestores estão mergulhados demais na política brasileira e esquecendo que existe um mundo lá fora — e estão perdendo oportunidades por isso.
A autocrítica do mercado financeiro e a bolsa brasileira
No último dia 2, Daniel Leichsenring, economista-chefe da Verde Asset, disse para nós que o mercado brasileiro fazia jus à sua fama de caseiro e não percebia o quanto poderíamos ser beneficiados, como exportadores de commodities, com um cenário internacional que melhorava e um arcabouço fiscal aprovado.
O foco estava nos ruídos que vinham de Brasília.
Semanas antes, o gestor José Rocha, da Dahlia Capital, mostrou que os dois últimos grandes ciclos de alta da Bolsa brasileira, aparentemente ligados a motivos internos, na verdade tiveram causas externas.
O primeiro é o de 2003, que sempre se atribuiu à Carta ao Povo Brasileiro, do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, e o segundo é de 2015 e 2016, comumente imputado ao impeachment de Dilma Rousseff.
Rocha mostrou que, na verdade, ambas altas estavam totalmente correlacionadas aos movimentos das bolsas internacionais - no primeiro caso, o Ibovespa teve movimento igual ao do S&P, enquanto, no segundo caso, nosso índice andou lado a lado com o índice de emergentes.
Esse hábito de ser autocentrado não vem de hoje.
- VEJA TAMBÉM - A NETFLIX REALMENTE PODE TE PROIBIR DE COMPARTILHAR SUA SENHA? VEJA SE VOCÊ PODE IMPEDIR A COBRANÇA
A bolsa e uma Faria Lima provinciana
O convidado do Market Makers desta quinta-feira vai ainda mais longe nesta autocrítica.
Leia Também
Head de mercados e trading da tesouraria do banco Santander, Sandro Sobral acredita que a Faria Lima não apenas é autocentrada demais, como chega a ser provinciana. E o resultado disso pode ser, mais uma vez, a perda de rentabilidade.
“Aqui no Brasil não tem diversidade de pensamento. Quando eu faço um road show por aqui, encontro pessoas que têm a mesma cara que eu, que frequentaram os mesmos lugares. Não tem diversidade de pensamento, é uma elite que se fecha nesse quadrilátero”, resume Sandro.
“Nós somos provincianos (...) temos uma certa fórmula para ver as coisas e não fazemos diferente. Foi isso que fez os brasileiros perderem a chance de surfar esse rali da bolsa”, completa, referindo-se à alta da Bolsa citada acima.
Em sua cadeira de tesoureiro, ele passa muito tempo conversando com investidores estrangeiros e em road shows internacionais, e conta que lá fora é diferente.
“Os gringos olharam para o Brasil no começo do ano e falaram: a inflação aqui está abaixo da média dos países da América Latina e com juros mais altos. O cara lá fora olha para o Brasil, Colômbia, e México, e pensa: será que o Brasil é tão pior assim? (...) E enfia o dinheiro”.
É uma objetividade e uma visão relativa que o investidor brasileiro não consegue ter. Pensamos que somos Condado, mas parece que somos mais uma província.
Quem é Sandro Sobral
Sandro Sobral é um dos economistas mais influentes entre os profissionais do mercado financeiro brasileiro. E você provavelmente não o conhece.
Ele não vai a podcasts, não dá opiniões no Twitter, não tem coluna em nenhum jornal, muito menos posta no Instagram.
Mesmo assim, suas teses e estudos sobre os mercados chegam à nata da Faria Lima, e repercutem muito. Tanto que nós chegamos ao nome dele por sugestão de outras pessoas influentes que já ocuparam essa cadeira.
Com quase 30 anos de mercado financeiro, metade vividos no Santander, ele é o primeiro tesoureiro a vir ao Market Makers e protagonizou uma conversa que, prometo, está imperdível.
Abraços,
Renato Santiago
Tarifaço de Trump aciona modo cautela e faz do ouro um dos melhores investimentos de março; IFIX e Ibovespa fecham o pódio
Mudanças nos Estados Unidos também impulsionam a renda variável brasileira, com estrangeiros voltando a olhar para os mercados emergentes em meio às incertezas na terra do Tio Sam
Trump Media estreia na NYSE Texas, mas nova bolsa ainda deve enfrentar desafios para se consolidar no estado
Analistas da Bloomberg veem o movimento da empresa de mídia de Donald Trump mais como simbólico do que prático, já que ela vai seguir com sua listagem primária na Nasdaq
Mais valor ao acionista: Oncoclínicas (ONCO3) dispara quase 20% na B3 em meio a recompra de ações
O programa de aquisição de papéis ONCO3 foi anunciado dias após um balanço aquém das expectativas no quarto trimestre de 2024
Ainda dá para ganhar com as ações do Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11)? Não o suficiente para animar o JP Morgan
O banco norte-americano rebaixou a recomendação para os papéis BBAS3 e BPAC11, de “outperform” (equivalente à compra) para a atual classificação neutra
Casas Bahia (BHIA3) quer pílula de veneno para bloquear ofertas hostis de tomada de controle; ação quadruplica de valor em março
A varejista propôs uma alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill dias após Rafael Ferri atingir uma participação de cerca de 5%
Tanure vai virar o alto escalão do Pão de Açúcar de ponta cabeça? Trustee propõe mudanças no conselho; ações PCAR3 disparam na B3
A gestora quer propor mudanças na administração em busca de uma “maior eficiência e redução de custos” — a começar pela destituição dos atuais conselheiros
Vale tudo na bolsa? Ibovespa chega ao último pregão de março com forte valorização no mês, mas de olho na guerra comercial de Trump
O presidente dos Estados Unidos pretende anunciar na quarta-feira a imposição do que chama de tarifas “recíprocas”
Agenda econômica: Payroll, balança comercial e PMIs globais marcam a semana de despedida da temporada de balanços
Com o fim de março, a temporada de balanços se despede, e o início de abril chama atenção do mercado brasileiro para o relatório de emprego dos EUA, além do IGP-DI, do IPC-Fipe e de diversos outros indicadores
O e-commerce das brasileiras começou a fraquejar? Mercado Livre ofusca rivais no 4T24, enquanto Americanas, Magazine Luiza e Casas Bahia apanham no digital
O setor de varejo doméstico divulgou resultados mistos no trimestre, com players brasileiros deixando a desejar quando o assunto são as vendas online
Nova York em queda livre: o dado que provoca estrago nas bolsas e faz o dólar valer mais antes das temidas tarifas de Trump
Por aqui, o Ibovespa operou com queda superior a 1% no início da tarde desta sexta-feira (28), enquanto o dólar teve valorização moderada em relação ao real
Não é a Vale (VALE3): BTG recomenda compra de ação de mineradora que pode subir quase 70% na B3 e está fora do radar do mercado
Para o BTG Pactual, essa mineradora conseguiu virar o jogo em suas finanças e agora oferece um retorno potencial atraente para os investidores; veja qual é o papel
TIM (TIMS3) anuncia pagamento de mais de R$ 2 bilhões em dividendos; veja quem tem direito e quando a bolada cai na conta
Além dos proventos, empresa anunciou também grupamento, seguido de desdobramento das suas ações
Nem tudo é verdade: Ibovespa reage a balanços e dados de emprego em dia de PCE nos EUA
O PCE, como é conhecido o índice de gastos com consumo pessoal nos EUA, é o dado de inflação preferido do Fed para pautar sua política monetária
Não existe almoço grátis no mercado financeiro: verdades e mentiras que te contam sobre diversificação
A diversificação é uma arma importante para qualquer investidor: ajuda a diluir os riscos e aumenta as chances de você ter na carteira um ativo vencedor, mas essa estratégia não é gratuita
Após virar pó na bolsa, Dotz (DOTZ3) tem balanço positivo com aposta em outra frente — e CEO quer convencer o mercado de que a virada chegou
Criada em 2000 e com capital aberto desde 2021, empresa que começou com programa de fidelidade vem apostando em produtos financeiros para se levantar, após tombo de 97% no valuation
Tarifas de Trump derrubam montadoras mundo afora — Tesla se dá bem e ações sobem mais de 3%
O presidente norte-americano anunciou taxas de 25% sobre todos os carros importados pelos EUA; entenda os motivos que fazem os papéis de companhias na América do Norte, na Europa e na Ásia recuarem hoje
JBS (JBSS3) pode subir 40% na bolsa, na visão de Santander e BofA; bancos elevam preço-alvo para ação
Companhia surpreendeu o mercado com balanço positivo e alegrou acionistas com anúncio de dividendos bilionários e possível dupla listagem em NY
CEO da Americanas vê mais 5 trimestres de transformação e e-commerce menor, mas sem ‘anabolizantes’; ação AMER3 desaba 25% após balanço
Ao Seu Dinheiro, Leonardo Coelho revelou os planos para tirar a empresa da recuperação e reverter os números do quarto trimestre
Oncoclínicas (ONCO3) fecha parceria para atendimento oncológico em ambulatórios da rede da Hapvida (HAPV3)
Anunciado a um dia da divulgação do balanço do quarto trimestre, o acordo busca oferecer atendimento ambulatorial em oncologia na região metropolitana de São Paulo
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC