Então é… aniversário! Mas o que é a Linha d’Água e como ela afeta as taxas que você paga ao investir em fundos?
Em sua 27ª edição, a coluna de hoje marca um ano de Linha d’Água. Afinal, como funciona na prática o fenômeno que deu origem a esse nome?
Há um ano – e dois dias, especificamente –, Alexandre Alvarenga inaugurava nossa coluna com sua primeira edição, sobre natal e previdência privada.
O projeto, inicialmente tocado por ele e Rafaela Ribas, contava com minha participação apenas nos bastidores — sim, ainda que você não soubesse eu sempre estive ali —, e apenas quatro meses depois eu também fiz minha estreia por aqui.
Lembro que um dos temas mais importantes discutidos antes do início da coluna foi seu nome.
Após alguns títulos bastante clichês, finalmente acordamos em “Linha D’Água”, homenagem ao maior objetivo dos gestores de fundos com gestão ativa.
E devo dizer que, um ano depois, estou muito mais feliz em comemorar o aniversário da coluna “Linha D’Água” do que da “Fundo a Fundo”, uma das sugestões levantadas — pois é, Alê, não foi dessa vez.
Nesta edição especial, explicarei de forma detalhada — e, espero, didática — o significado do termo e sua importância para a indústria, com exemplos práticos de casos em que esse conceito foi importante na gestão de um fundo.
Leia Também
A remuneração de um gestor de fundos
Existem dois custos principais arcados pelo investidor de fundos.
O primeiro é a taxa de administração, percentual fixo provisionado diariamente e pago mensalmente.
Essa taxa é importante para custear os principais gastos de uma gestora, como a remuneração dos seus analistas, administrador do fundo e demais custos comuns a empresas.
O segundo é a taxa de performance — a mais importante no contexto desta coluna.
Essa taxa representa uma porcentagem do excesso de retorno (alfa) do fundo sobre um índice de referência (benchmark).
Por exemplo, em fundos multimercados e de renda fixa com gestão ativa, é comum a cobrança de performance de 20% sobre o excesso do CDI. Assim, na primeira vez que o fundo superar esse índice, 20% do excesso de retorno será convertido em receita para a gestora.
É importante ressaltar que isso não é algo ruim, muito pelo contrário. A taxa de performance é um incentivo para o gestor constantemente superar o benchmark.
Além disso, se essa taxa está sendo cobrada, significa que o gestor fez o trabalho dele: ganhar dinheiro e gerar valor para seus cotistas.
Normalmente, a taxa de performance é cobrada semestralmente. Porém, nem sempre isso acontecerá. Ela só ocorre se duas coisas acontecerem ao mesmo tempo:
- o retorno do fundo estiver acima do retorno benchmark; e
- o retorno do fundo estiver acima da linha d’água.
Essa é a minha deixa para te explicar melhor sobre esse processo.
Como funciona a linha d’água?
A imagem abaixo ilustra a cobrança de performance de um fundo hipotético:
A linha vermelha representa o retorno acumulado do fundo, enquanto a preta, de seu benchmark.
Imagine que um investidor compre uma cota em janeiro. A princípio, o único requisito para a cobrança de performance é que o seu retorno supere o do benchmark.
Como em junho esse requisito é alcançado, há a cobrança da taxa normalmente.
A partir daí surge uma linha d’água que delimita uma marca a ser superada para viabilizar uma nova cobrança de performance – além, claro, de o fundo ter que superar o benchmark.
Ou seja, em dezembro, ainda que o retorno acumulado do fundo seja melhor que o índice de referência, ele ainda está abaixo da linha d’água e, portanto, não há a incidência da taxa de performance.
Se a performance incentiva um gestor a superar o benchmark, a linha d’água o faz superar a si mesmo.
Protegendo os cotistas
A taxa de performance é apurada individualmente por cotista, mas é deduzida do patrimônio líquido do fundo, afetando a cota de todos os investidores.
Em certos momentos, isso pode se tornar um problema.
Imagine o seguinte cenário: o mercado de ações tem uma queda repentina, como em 2020, com a pandemia da covid-19.
Como geralmente essas situações são seguidas de uma correção, mesmo que parcial, é comum investidores desejarem entrar no mercado de ações nesses períodos.
O problema é que os novos cotistas de um fundo de ações, por exemplo, teriam um desempenho bastante superior ao benchmark durante essa retomada e, consequentemente, haveria uma apuração de performance muito elevada.
Essa cobrança, afetaria o investimento de todos os cotistas igualmente, mesmo aqueles que estavam na estratégia antes da queda, pagando duas vezes por uma mesma performance.
Por isso, alguns gestores optam pelo fechamento para captação de uma estratégia em momentos de drawdowns (períodos de perda) elevados.
Essa decisão em um momento importante para captação, por mais que seja um desafio, costuma ser a mais justa com os fiéis cotistas de uma estratégia e é valorizada em nossa análise qualitativa.
Foi exatamente isso que aconteceu com o XP Long Biased em 2020.
Após fortes quedas na estratégia motivadas pelo temor do mercado diante da pandemia, os gestores decidiram fechar o veículo principal e abrir um novo exatamente igual.
Assim, com a retomada do mercado acionário, os cotistas antigos não foram penalizados pela divisão da performance a ser paga pela entrada de novos investidores.
Algo semelhante também aconteceu com o Neo Future em maio deste ano.
O fundo estava passando por seu maior drawdown e, diante da expectativa de valorização da cota do fundo, de forma transparente, a equipe optou por fechar a estratégia – que permanece assim até hoje.
Vale citar também o fechamento dos fundos de crédito da Augme, após a marcação dos títulos privados de seus fundos em decorrência do evento Americanas.
Esses foram alguns dos exemplos de gestão profissional do passivo de uma gestora.
Quem sabe, em uma próxima edição, não falamos sobre exemplos negativos? Mas, por ora, ficamos por aqui.
Espero que essa coluna tenha te ajudado a entender o que é a linha d’água e sua importância neste nosso projeto e na rotina da indústria de fundos.
E, como não poderia faltar, desejo boas festas e um fim de ano lucrativo para sua carteira, caro leitor!
Nos vemos ano que vem.
Quanto custa a ‘assessoria gratuita’? O que muda com a regra que obriga à divulgação da remuneração dos assessores de investimento
A norma da CVM obriga os assessores de investimentos e outros profissionais do mercado a divulgarem suas formas e valores de remuneração, além de enviarem um extrato trimestral aos clientes
O saldão da eleição: Passado o segundo turno, Ibovespa se prepara para balanços dos bancões
Bolsas internacionais repercutem alívio geopolítico, resultado eleitoral no Japão e expectativa com eleições nos Estados Unidos
Rodolfo Amstalden: Este é o tipo de conteúdo que não pode vazar
Onde exatamente começam os caprichos da Faria Lima e acabam as condições de sobrevivência?
A porta para mais dividendos foi aberta: Petrobras (PETR4) marca data para apresentar plano estratégico 2025-2029
O mercado vinha especulando sobre o momento da divulgação do plano, que pode escancarar as portas para o pagamento de proventos extraordinários — ou deixar só uma fresta
O retorno de 1% ao mês voltou ao Tesouro Direto: títulos públicos prefixados voltam a pagar mais de 12,7% ao ano com alta dos juros
Títulos indexados à inflação negociados no Tesouro Direto também estão pagando mais com avanço nos juros futuros
Quanto renderia na poupança e no Tesouro Direto o dinheiro que o brasileiro gasta todo mês nas bets
Gasto médio do apostador brasileiro nas casas de apostas virtuais é de R$ 263 mensais, segundo levantamento do Datafolha. Mas dados mais recentes do Banco Central mostram que, entre os mais velhos, a média é de R$ 3 mil por mês. Quanto seria possível ganhar se, em vez de jogar, o brasileiro aplicasse esse dinheiro?
Em busca de dividendos ou de ganho de capital? Monte uma carteira de investimentos personalizada para o seu perfil de investidor
O que é importante saber na hora de montar uma carteira de investimentos? BTG Pactual quer ajudar investidores a montar o portfólio ‘ideal’
É hora de comprar a ação da Hapvida? BB Investimentos inicia cobertura de HAPV3 e vê potencial de quase 40% de valorização até 2025; entenda os motivos
Entre as razões, BB-BI destacou a estratégia de verticalização da Hapvida, que se tornou a maior operadora de saúde do país após fusão com a NotreDame Intermédica
Efeito borboleta: Investidores monitoram ata do Fed, falas de dirigentes e IPCA de setembro para antecipar rumos do Ibovespa e dos juros
Participantes do mercado esperam aceleração da inflação oficial no Brasil em meio a temores de ciclo de alta de juros ainda maior
O ‘recado anti-cripto’ do governo dos EUA — e o que isso diz sobre como Kamala Harris lidaria com moeda
Às vésperas das eleições nos Estados Unidos, o mercado cada vez mais se debruça sobre os possíveis impactos de uma presidência de Kamala Harris ou Donald Trump. No mercado de criptomoedas isso não é diferente. Com o pleito se aproximando, os investidores querem saber: quem é o melhor candidato para o mundo dos criptoativos? No programa […]
Planejador financeiro certificado (CFP®): como o ‘personal do bolso’ pode te ajudar a organizar as finanças e investir melhor
A Dinheirista conversou com Ana Leoni, CEO da Planejar, associação responsável pela certificação de planejador financeiro no Brasil; entenda como trabalha este profissional
Dona do Ozempic vai investir mais de R$ 800 milhões no Brasil — mas não será para produção de ‘canetas do emagrecimento’
A farmacêutica dinamarquesa vai desembolsar R$ 864 milhões para a melhoria de processos na fábrica de Minas Gerais, responsável pela produção de insulina
Entre o petróleo e o payroll: Ibovespa busca recuperação com juros nos EUA e conflito no Oriente Médio como pano de fundo
Relatório mensal de emprego nos EUA deve dar o tom do dia nos negócios enquanto guerra continua pressionando o petróleo
Sob pressão: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho, mas alta do petróleo continua e pode ajudar o Ibovespa
Vitória do governo no STF em relação a resíduos tributários do Programa Reintegra também pode repercutir no Ibovespa hoje
Dividendos e JCP: BTG Pactual lança opção de reinvestimento automático dos proventos; saiba como funciona
Os recursos serão reinvestidos de acordo com as recomendações do banco, sem custo para os clientes que possuem carteiras automatizadas
Em meio ao aumento da tensão no Oriente Médio, Ibovespa reage à alta do petróleo e à elevação do rating do Brasil
Agência Moody’s deixou o rating soberano do Brasil a apenas um degrau do cobiçado grau de investimento — e a perspectiva é positiva
Nvidia já vale quase quatro ‘Ibovespas’ — e ainda tem investidor de olhos fechados para o exterior, diz sócio do BTG
Segundo Marcelo Flora, a expansão no exterior é “inevitável”, mas ainda há obstáculos no caminho de uma verdadeira internacionalização da carteira dos brasileiros
Renner (LREN3) vai se beneficiar com a “taxação das blusinhas”? BB Investimentos revisa preço-alvo para as ações e diz se é hora de comprar os papéis da varejista
Segundo BB-BI, os papéis LREN3 vêm apresentando performance “bastante superior” à do Ibovespa desde o início do ano, mas a varejista ainda tem desafios
Como Warren Buffett decide quando vender uma ação e por que o bilionário está ‘desovando’ papéis do Bank of America no mercado
O Oráculo de Omaha acendeu um alerta no mercado ao vender posições tradicionais em empresas como Apple e Bank of America
Banco BV lança CDB que rende até 136% do CDI e com resgate até nos finais de semana; veja como investir
O novo título faz parte da ação que comemora os 36 anos do banco neste mês de setembro