Eletrobras (ELET3) e o risco Lula: rasgar o contrato pode ser pior para o governo do que para a companhia
Uma eventual mudança nos termos da privatização da Eletrobras (ELET3), como deseja o governo Lula, implicaria em mais insegurança jurídica
Depois de anos tentando encontrar o imóvel dos seus sonhos, você finalmente consegue achar um que é a sua cara. O preço não é exatamente uma barganha, mas você já se imagina descansando naquele lindo jardim depois de um longo dia de trabalho, ou curtindo a piscina num fim de semana de sol com os amigos.
Depois de pensar bastante, você finalmente compra o imóvel, sonhando com os dias relaxantes que a nova casa poderá te proporcionar.
Após horas e horas cansativas de mudança, você resolve aproveitar o "seu" quintal — e encontra uma surpresa muito desagradável: o antigo dono de sunga, na piscina, como se a casa ainda fosse dele.
Ao perguntar o que ele ainda estava fazendo ali, a resposta foi: "Decidi que você vai ficar só com a parte interna". Apesar de ter você ter pagado pela casa inteira, o antigo dono disse que mudou de ideia depois de receber o dinheiro e que continuaria com metade da propriedade.
Parece impossível, não é? Pois saiba que estão tentando fazer algo parecido com a Eletrobras (ELET3).
Uma das regras claras do processo de privatização da Eletrobras era que o poder de voto de qualquer acionista estaria limitado a 10%, mesmo que sua posição acionária fosse maior do que essa. Essa condição não era um mero detalhe — na verdade, sem ela, é improvável que houvesse interessados na oferta.
Leia Também
Talvez o governo arrecadasse R$ 2 bilhões ou R$ 3 bilhões, mas jamais captaria os R$ 30 bilhões injetados na elétrica com a promessa de que não iria mais "dar as cartas" na companhia.
Ou seja: os investidores compraram (e pagaram) pelo direito de usar a casa inteira, mas agora correm o risco de ficar só com o quartinho dos fundos.
Se acontecer, será ruim para Eletrobras
Sem rodeios: se governo sair vitorioso nessa disputa e voltar a ter ampla maioria de votos, praticamente todas as perspectivas de melhora decorrentes da privatização, justamente por ter conseguido limitar a influência política a 10%, iriam por água abaixo.
Na prática, a Eletrobras voltaria a sofrer com as mesmas mazelas de qualquer outra estatal: quadros extremamente inchados, investimentos pífios, cargos importantes preenchidos por indicações políticas, pouco foco em rentabilidade, e por aí vai.
No entanto, isso não necessariamente seria um desastre para as ações. Hoje, a Eletrobras já negocia bem abaixo dos patamares da privatização (R$ 42) e em níveis inferiores aos de vários períodos pré-privatização, inclusive.
Ou seja, o risco existe, mas os preços atuais já incorporam boa parte desse pessimismo.
Será muito pior para o país (e para o próprio governo)
Mas é bom lembrar que o modelo e os valores envolvidos na privatização foram amplamente discutidos e aprovados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e também pelo Congresso, em um processo que demorou anos para ser aperfeiçoado e finalizado.
Recentemente, até o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que foi contra a privatização na época, disse haver dificuldades para contestação do processo por esses motivos.
O novo governo pode até discordar da modelagem do processo — é impossível agradar todo mundo mesmo. Mas será que está disposto a devolver os cerca de R$ 30 bilhões recebidos dos investidores no ano passado? Acho difícil.
Se você me perguntar se eu acho que a privatização será revertida, a minha resposta é "não", não só por causa da solidez do processo e aprovação do TCU e do Congresso, mas também porque o governo tem contestado muito, mas feito muito pouco desde o início de 2023.
Começou o ano dizendo que iria mudar a política de preços da Petrobras, mas não fez nada sobre o assunto. Em seguida, passou a criticar a independência do Banco Central, mas também ficou apenas no discurso. Ao que tudo indica, a vilã da vez é a Eletrobras, mas quem garante que não ficará apenas no discurso mais uma vez?
Além disso, o governo deve ter alguma ideia do risco de se "rasgar" um contrato desse tamanho para a estabilidade política e econômica do país. Qualquer investidor pensará duas, três, quatro vezes antes de investir no Brasil, fora os efeitos negativos imediatos sobre o câmbio, curva de juros e inflação — um tiro no próprio pé.
Obviamente, essa discussão ainda deve demorar algum tempo e continuar pressionando as ações da elétrica.
Mas, por apenas 0,8 vez seu valor patrimonial e com perspectivas de melhora relevante de resultados pela frente, caso Lula desista de engessar a companhia novamente, entendemos que boa parte do pessimismo já está embutido nos preços e a Eletrobras (ELET6) segue na carteira da série Vacas Leiteiras.
Se quiser conferir o portfólio completo, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
Nvidia (NVDC34) vê lucro mais que dobrar no ano — então, por que as ações caem 5% hoje? Entenda o que investidores viram de ruim no balanço
Ainda que as receitas tenham chegado perto dos 100% de crescimento, este foi o primeiro trimestre com ganhos percentuais abaixo de três dígitos na comparação anual
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Que crise? Weg (WEGE3) quer investir US$ 62 milhões na China para aumentar capacidade de fábrica
O investimento será realizado nos próximos anos e envolve um plano que inclui a construção de um prédio de 30 mil m², com capacidade para fabricação de motores de alta tensão
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Em busca de dividendos? Curadoria seleciona os melhores FIIs e ações da bolsa para os ‘amantes’ de proventos (PETR4, BBAS3 e MXRF11 estão fora)
Money Times, portal parceiro do Seu Dinheiro, liberou acesso gratuito à carteira Double Income, que reúne os melhores FIIs, ações e títulos de renda fixa para quem busca “viver de renda”
R$ 4,1 bilhões em concessões renovadas: Copel (CPLE6) garante energia para o Paraná até 2054 — e esse banco explica por que você deve comprar as ações
Companhia paranaense fechou o contrato de 30 anos referente a concessão de geração das usinas hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Equatorial (EQTL3) tem retorno de inflação +20% ao ano desde 2010 – a gigante de energia pode gerar mais frutos após o 3T24?
Ações da Equatorial saltaram na bolsa após resultados fortes do 3º tri; analistas do BTG calculam se papel pode subir mais após disparada nos últimos anos
‘Mãe de todos os ralis’ vem aí para a bolsa brasileira? Veja 3 razões para acreditar na disparada das ações, segundo analista
Analista vê três fatores que podem “mudar o jogo” para o Ibovespa e a bolsa como um todo após um ano negativo até aqui; saiba mais
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
Grupo Mateus: Santander estabelece novo preço-alvo para GMAT3 e prevê valorização de 33% para as ações em 2025; saiba se é hora de comprar
O banco reduziu o preço-alvo para os papéis da varejista de alimentos em relação à 2024, mas mantém otimismo com crescimento e parceria estratégica
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3) voltam a ficar no radar das privatizações e analistas dizem qual das duas tem mais chance de brilhar
Ambas as empresas já possuem capital aberto na bolsa, mas o governo mineiro é quem detém o controle das empresas como acionista majoritário
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Lucro dos bancos avança no 3T24, mas Selic alta traz desafios para os próximos resultados; veja quem brilhou e decepcionou na temporada de balanços
Itaú mais uma vez foi o destaque entre os resultados; Bradesco avança em reestruturação e Nubank ameaça desacelerar, segundo analistas
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
Warren Buffett não quer o Nubank? Megainvestidor corta aposta no banco digital em quase 20% — ação cai 8% em Wall Street
O desempenho negativo do banco digital nesta sexta-feira pode ser explicado por três fatores principais — e um deles está diretamente ligado ao bilionário
Banco do Brasil (BBAS3) de volta ao ataque: banco prevê virada de chave com cartão de crédito em 2025
Após fase ‘pé no chão’ depois da pandemia da covid-19, a instituição financeira quer expandir a carteira de cartão de crédito, que tem crescido pouco nos últimos dois anos