As big techs salvaram o dia do mercado mais uma vez. Mas até quando?
Vale a pena explorarmos os números da big techs em buscas de pistas sobre os rumos da economia americana e dos mercados
Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. As bolsas americanas sobem forte em 2023. Ou melhor, as big techs sobem forte em 2023 e mascaram o que, até aqui, tem sido um ano fraco para o restante dos ativos de risco americanos.
Por exemplo, enquanto o Nasdaq sobe cerca de 20% no ano, o Russell 2000 — um índice referência para pequenas empresas americanas — está literalmente zerado no ano.
Em meio ao rali, a semana passada foi marcada pelos resultados das big techs. Microsoft, Google e Meta viram suas ações subirem forte após os números.
Não fossem alguns comentários específicos de seus executivos, as ações da Amazon teriam acompanhado a euforia.
Com a exceção da Apple, que ainda divulga números hoje à noite, vale a pena explorarmos os números da big techs em buscas de pistas sobre a economia americana e os mercados.
- LEIA TAMBÉM: A Netflix não quer que você compartilhe a sua senha com ninguém. Mas os resultados mostram que ela está certa
Microsoft: bom o bastante
No 1T23, a Microsoft (Nasdaq: MSFT | B3: MSFT34) revelou números bons, com crescimento em receitas, margens e lucro por ação.
Leia Também
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
A divisão "Intelligent Cloud" foi um dos principais destaques, com o Azure, seu serviço de computação em nuvem, crescendo 27% em comparação com o ano anterior.
Seja pelo "hype" da inteligência artificial, ou pela execução muito acima da curva, a Microsoft mostrou-se muito mais otimista com o futuro de curto prazo da divisão de infraestrutura em nuvem do que a sua maior concorrente, a Amazon.
Aliás, a julgar pela diferença entre os guidances (projeções) de ambas as empresas, eu diria que duas hipóteses emergem. Ou a Amazon está com problemas operacionais (e portanto, perdendo mercado), ou os executivos da Microsoft se empolgaram e se comprometeram com números que não serão capazes de entregar.
A ver…
Segmento corporativo
No segmento de "Productivity and Business Processes", que inclui o Office 365, o Linkedin e o Dynamics, as receitas totalizaram US$ 17,5 bilhões, crescimento de 11% em relação ao primeiro trimestre de 2023 e 15% em moeda constante.
O segmento corporativo foi o principal responsável pelo bom desempenho dessa área, com o Office apresentando um crescimento de 14%.
Na crise, para cada solução que uma empresa decide descontinuar, a Microsoft possui um programa equivalente, geralmente não tão bom, porém bom o bastante para quebrar um galho.
Neste ano difícil, ela sem dúvida está ganhando participação de mercado.
Entretanto, nem tudo foram flores para a gigante do software.
A linha "More Personal Computing", que engloba PCs e Xbox, registrou uma queda de 9% nas receitas, totalizando US$ 13,3 bilhões.
As vendas de PCs desaceleraram quase 30% na comparação anual, e as receitas do Xbox e seus serviços encolheram 3% (mais uma vez).
No geral, a Microsoft tranquilizou os investidores, lembrando por que é o porto seguro do segmento de software.
- LEIA TAMBÉM: Game over para o Xbox? Cade britânico barra compra da Activision Blizzard, dona do Call of Duty, pela Microsoft
Google: desaceleração, mas ainda resiliente entre as big techs
O Google (Nasdaq: GOOGL | B3: GOGL34) apresentou resultados mais tímidos, mas ainda assim surpreendeu os investidores mais pessimistas.
O crescimento do Google Search, por exemplo, mesmo diante da concorrência do Bing, foi de 2% na comparação anual, totalizando pouco mais de US$ 40 bilhões.
Se o Bing ganhou participação de mercado neste último trimestre, não foi do Google, que, contra todas as expectativas, ganhou 1,5 ponto percentual de share versus março de 2022.
Além disso, o Google Cloud mostrou um crescimento de 27% em receitas, destacando-se como um competidor sólido no mercado de infraestrutura em nuvem.
Com a ajuda de algumas mudanças contábeis, o Google Cloud apresentou também seu primeiro trimestre com lucro operacional, depois de anos rodando no vermelho.
YouTube decepciona
Em contrapartida, o Youtube, uma das principais divisões do Google, sofreu uma queda de 2,5% nas receitas, em parte devido à saturação do marketing de "branding" e à desaceleração do mercado de infoprodutos.
Esse foi o terceiro trimestre consecutivo em que as receitas do Youtube caíram.
Mesmo com esses desafios, a empresa anunciou um robusto programa de recompra de ações de US$ 70 bilhões.
O resultado operacional consolidado do Google foi de US$ 17,415 bilhões, uma queda de 13% na comparação anual. A margem operacional foi de 25%, em linha com o trimestre anterior.
Entre os fatores que explicam essa queda, estão cerca de US$ 2,5 bilhões em despesas extraordinárias como a rescisão de contratos de aluguel (o Google devolveu muitos imóveis ao redor do mundo) e outras despesas relativas às demissões de funcionários.
No geral, não foram números de encher os olhos, porém mostraram uma resiliência que, acredito eu, muitos investidores estavam questionando.
- LEIA TAMBÉM: A inteligência é artificial, mas a estupidez é humana. As ações-meme que dispararam com a onda do ChatGPT
Amazon: cortando o barato do mercado
A Amazon apresentou vendas consolidadas de US$ 127,4 bilhões, um crescimento de 9,4% na comparação anual, acima das expectativas do mercado.
As vendas nos EUA cresceram 11%, enquanto o mercado internacional permaneceu estável. As vendas diretas aumentaram 3%, as do marketplace 20% e as lojas físicas tiveram crescimento de 7%.
A Amazon AWS teve um crescimento de 16%, com vendas de US$ 21,35 bilhões.
Enquanto líamos os números, as ações da empresa já disparavam 12% no pregão noturno.
Uma hora depois, toda essa empolgação se dissiparia.
Apesar dos resultados positivos, a teleconferência de resultados trouxe comentários duros dos executivos, especialmente sobre a AWS.
No call, o management disse que os clientes ainda estão buscando formas de reduzirem o quanto antes seus gastos com infra e que, em abril, a AWS estava crescendo num ritmo de 5 pontos percentuais a menos que no 1T23.
Isso implica um crescimento em torno de 10% a 12% nos próximos meses.
Apesar de ainda estar crescendo, a desaceleração é notável, bem como seu impacto nas margens. A margem operacional da AWS ficou estável em 24%.
A nuvem também é cíclica
Neste momento, vemos o mercado descobrindo a ciclicidade da AWS (o que não deveria ser surpresa para ninguém, dado que a flexibilidade em escalar e desescalar custos é um dos grandes argumentos de vendas para a migração para a nuvem).
Para o 2T23, a Amazon projeta vendas entre US$ 127 bilhões e US$ 133 bilhões, um crescimento de 5% a 10%.
Se comparado aos últimos anos, esse ritmo é fraco, porém pelo menos mantém a empresa numa trajetória positiva. A empresa espera que os investimentos (CAPEX) em 2023 sejam menores que os de 2022.
A mensagem da Amazon foi cautelosa, porém seus números também reafirmaram a solidez do modelo de negócios, com e-commerce e AWS mantendo um perfil saudável de rentabilidade.
Conclusão: a temporada das big techs foi boa, porém não foi empolgante
Como eu disse no começo desta coluna, as big techs carregaram nas costas o rally de começo de ano nas bolsas internacionais, especialmente no Nasdaq.
Seus resultados, em minha opinião, trouxeram mais alívio do que excitação. Além, claro, de uma série de comentários sobre desaceleração de consumo e no segmento de serviços como um todo.
A sensação que eu tenho é que o mercado fugiu para as big techs em busca de segurança (e não se arrependeu).
Se essa dinâmica permanecer, esse terá sido mais um ano em que são recompensados os investidores que se preocupam em fazer um bom feijão com arroz.
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional