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Liliane de Lima
É repórter do Seu Dinheiro. Jornalista formada pela PUC-SP, já passou pelo portal DCI e setor de análise política da XP Investimentos.
ALIADO?

Redenção do ChatGPT? Conheça os empregos que a ferramenta de inteligência artificial pode criar

Cerca de 50,5% dos brasileiros acham que o avanço da tecnologia é uma ameaça aos seus empregos — mas o ChatGPT pode ser um aliado

Liliane de Lima
16 de julho de 2023
7:43 - atualizado às 11:11
inteligência artificial robô chatgpt
Inteligência artificial - Imagem: Tara Winstead/Pexels

O medo de perder o emprego aumentou entre os brasileiros, em meio à onda de demissões e reorganização das empresas durante e após a pandemia de Covid-19. Além do corte de custos das companhias — que afeta o quadro de funcionários —,  outro “inimigo” surgiu com a inteligência artificial e sistemas como ChatGPT

Cerca de 50,5% dos brasileiros acham que o avanço da tecnologia é uma ameaça aos seus empregos, segundo uma pesquisa recente do Instituto PNH em parceria com a plataforma StartSe. 

Mas, apesar do temor da transformação do trabalho, 45,5% dos participantes admitem que novas ferramentas de tecnologia podem trazer mais benefícios do que problemas. 

Além disso, 49,4% dos entrevistados afirmaram que já utilizaram alguma plataforma de inteligência artificial, incluindo o ChatGPT. 

Embora o medo de perder o emprego para o ChatGPT tenha fundamento em pesquisas e relatórios, inclusive da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Fórum Econômico Mundial, não é necessário entrar em pânico. 

Isso porque especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro afirmam que, assim como aconteceu com a implementação de outras tecnologias na sociedade, há também o outro lado da moeda. 

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O ChatGPT, como uma ferramenta que já vem sendo adotada pelas companhias, pode impulsionar e até “criar” novas ocupações no mercado de trabalho — ainda que em proporção menor ao número de empregos que podem ser extintos pela inovação

*Para essa reportagem colaboraram: Vinícius Gallafrio, CEO da MadeinWeb; Paulo Silveira, CEO da Alura; Monize Oliveira, Gerente (Head) de Comunicação e Marketing do Infojobs. A plataforma de inteligência artificial ChatGPT também contribuiu com respostas sobre a própria ferramenta. 

ChatGPT: exterminador ou criador de profissões do futuro? 

O surgimento de uma tecnologia sempre acompanha alguma mudança nas relações sociais. 

A exemplo disso, podemos citar o próprio smartphone ou o computador portátil — que provavelmente você está usando para ler essa matéria e também pode, entre outras coisas, mandar mensagens para qualquer pessoa, independentemente da distância. 

Essa facilidade para enviar mensagens trouxe um impacto significativo na ocupação dos carteiros. 

Por outro lado, o comércio online surgiu, ganhou força e quem entregava cartas, hoje, entrega encomendas de roupas, eletrodomésticos e outra extensa lista de itens. 

“Com o surgimento de novas tecnologias, as pessoas vão se aprimorando, aprendendo e novas profissões vão surgindo”, afirma Vinicius Gallafrio, CEO da MadeinWeb. 

Com o ChatGPT, essa dinâmica natural tende a ser parecida. Segundo o Relatório sobre o Futuro do Trabalho 2023, do Fórum Econômico Mundial, a inteligência artificial pode impulsionar a abertura de até 69 milhões de postos de trabalho nos próximos cinco anos.

Sendo assim, as pessoas não tendem a ser “descartadas” no mundo do trabalho. Em outras palavras, todo o “trabalho” desempenhado por qualquer plataforma de inteligência artificial precisa, em alguma instância, de seres humanos. 

“Quando você está interagindo com um chatbot, apesar de ser uma máquina, não significa que aquela conversa não possa ser acompanhada, depois lida ou até mesmo monitorada por um ser humano por trás. E é isso que vai dando, inclusive, a calibragem e curadoria da máquina”, disse Gallafrio. 

Profissões “criadas” pelo ChatGPT, segundo o próprio

Se por um lado, o ChatGPT é visto como uma ameaça para metade dos brasileiros; por outro, é importante saber que novas profissões devem surgir conforme o uso e a implementação da ferramenta. 

Mas quais seriam essas oportunidades? Segundo o próprio ChatGPT, pelo menos quatro ocupações devem ganhar espaço no mercado de trabalho nos próximos anos. São elas:

  • Desenvolvimento de Chatbots: a criação e manutenção de chatbots com capacidade de processamento de linguagem natural pode se tornar uma profissão em si mesma. Profissionais com habilidades em programação, engenharia de software e ciência de dados podem se destacar nesta área.
  • Curadoria de conteúdo: com o aumento da geração de conteúdo gerado por inteligência artificial, a necessidade de selecionar, avaliar e editar conteúdo pode se tornar uma profissão importante. Curadores de conteúdo podem trabalhar com empresas, organizações de notícias ou indivíduos para ajudá-los a encontrar e selecionar o conteúdo mais relevante e de qualidade.
  • Treinamento de modelos de IA: para que as tecnologias de processamento de linguagem natural sejam eficazes, elas precisam ser treinadas em grandes conjuntos de dados. Profissionais com habilidades em análise de dados, modelagem e estatística podem ser contratados para treinar e aprimorar os modelos de IA.
  • Especialista em ética em IA: com o aumento do uso de inteligência artificial em várias indústrias, a ética se tornou uma questão importante. Especialistas em ética em IA podem trabalhar com empresas e organizações para desenvolver políticas e diretrizes de uso responsável de tecnologias de IA.

E, ao dar a resposta, a ferramenta de tecnologia foi categórica: “à medida que a tecnologia evolui, novas oportunidades podem se tornar disponíveis”. 

Além de elencar as “futuras profissões”, o ChatGPT também apontou a remuneração média de cada uma das ocupações citadas acima, com base em dados de sites de empregos Indeed e Glassdoor. Confira a seguir: 

  • Desenvolvimento de Chatbots: salário médio de R$ 2.500 a R$ 4.500 por mês para cargos juniores. Posições sênior, com mais experiência, pode ganhar em média de R$ 5.000 a R$ 10.000 por mês ou mais.
  • Curadoria de conteúdo: para posições juniores, a remuneração média de R$ 2.000 a R$ 4.000 por mês, enquanto um curador sênior pode ganhar em média de R$ 4.500 a R$ 8.000 por mês.
  • Treinamento de modelos de IA: profissionais que se especializam em treinamento de modelos de IA, como cientistas de dados ou engenheiros de aprendizado de máquina, geralmente têm salários mais altos. Um cientista de dados júnior pode ganhar em média de R$ 4.000 a R$ 7.000 por mês, enquanto um cientista de dados sênior pode ganhar em média de R$ 8.000 a R$ 15.000 por mês ou mais.
  • Especialista em ética em IA: Os salários podem variar dependendo da experiência e do tipo de empresa. Em média, um especialista em ética em IA pode ganhar de R$ 4.000 a R$ 8.000 por mês, mas isso pode ser maior em empresas de grande porte ou em organizações que priorizam a ética em suas práticas de IA.

Por fim, vale ressaltar — e com destaque do próprio ChatGPT — que os valores são estimativas, e os salários podem variar a depender de fatores como localidade e setor de atuação. 

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Atenção às mudanças 

Para quem não deseja mudar de profissão, os especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro foram unânimes ao dizer que é importante ficar atento às mudanças e outras exigências no mercado de trabalho — principalmente quando falamos de tecnologia.

“A inteligência artificial vai entrar em todos os segmentos da economia, com o objetivo de gerar eficiência e, consequentemente, mais competitividade. Ou seja, ela vai sempre otimizar [os processos, o que é algo inerente ao interesse econômico”, afirma Vinicius Gallafrio, CEO da MadeinWeb. 

Logo, ter o mínimo de conhecimento de como utilizar a inteligência artificial a seu favor, a exemplo do ChatGPT, é uma habilidade necessária para quem está trabalhando ou deseja alavancar a carreira. 

“Um profissional que souber usar essas ferramentas [de inteligência artificial] vai ter uma vantagem”, disse Paulo Silveira, CEO da plataforma de ensino à distância na área de tecnologia da informação Alura. 

Já a gerente de comunicação e marketing do Infojobs, Monize Oliveira, afirmou que, para além do conhecimento técnico, as habilidades comportamentais — conhecidas também como soft skills  — são relevantes. 

Ter um perfil analítico, comunicação, relacionamento interpessoal, agilidade e adaptação à mudanças são algumas das características que poder aliadas dos profissionais. 

“É sempre um ganho para as empresas quando o colaborador tem conhecimento na ferramenta e consegue aplicá-lo em conjunto com outras habilidades, como a comunicação”, disse Oliveira, da InfoJobs.

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