TEMPERATURAS EM QUEDA: PRÉVIA DA INFLAÇÃO OFICIAL NO BRASIL DEVERÁ INDICAR MAIS DEFLAÇÃO
Os mercados asiáticos tiveram um bom desempenho na terça-feira, com os investidores aguardando ansiosamente as sugestões que virão da reunião do Federal Reserve nesta semana.
Na China, os mercados subiram expressivamente após autoridades de alto escalão prometerem mais políticas para apoiar o crescimento econômico.
A remoção da frase "moradia é para morar, não para especulação" da declaração do Politburo também gerou otimismo nos mercados.
O tom geral da declaração das autoridades foi de oferecer mais assistência para a economia.
Os mercados europeus e os futuros dos EUA estão em alta nesta manhã.
A expectativa para a divulgação de uma série de resultados trimestrais nas próximas semanas mantém o ânimo dos investidores, que desejam compreender como as empresas estão enfrentando a desaceleração econômica e comercial.
Na agenda do dia, estão programados dados sobre o sentimento do empresário alemão, tendências de atividade no Reino Unido e dados de consumo nos Estados Unidos.
Hoje também inicia a reunião do Federal Reserve, na qual é esperado um aumento de 25 pontos-base nas taxas de juros.
A ver…
00:41 — Preparados para mais deflação?
No Brasil, há um certo otimismo em relação às commodities hoje, impulsionado pela expectativa de estímulos vindos da China, o que é positivo para o Ibovespa e para o real.
Na agenda econômica, destaca-se o IPCA-15 de julho, a prévia da inflação oficial. O indicador registrou deflação de -0,07% no mês, após a pequena alta de 0,04% em junho. A taxa acumulada em 12 meses caiu para 3,19%.
O foco não está apenas no número geral, mas também na qualidade dos dados. No último dado oficial do IPCA, houve preocupação com a pressão nos serviços.
Se o dado de hoje conseguir aliviar essa preocupação, mostrando uma desaceleração na alta dos serviços em comparação mensal dentro do índice (por exemplo, para 0,45%), isso aumentará as chances de um corte mais significativo na taxa Selic pelo Banco Central, podendo ser de 50 pontos-base em vez de 25 pontos.
Os núcleos de inflação também serão acompanhados de perto. Portanto, o resultado de hoje será decisivo para determinar o próximo passo na política monetária.
01:25 — Problemas no eixo político
No segundo semestre, o mercado tem motivo de preocupação com a situação política liderada por Lula em Brasília.
Lula e Lira terão novas discussões sobre a acomodação do Centrão no governo, e mais mudanças ministeriais estão em pauta, incluindo pastas como Saúde, Desenvolvimento Social e Esportes.
O controle de instituições importantes, como a Caixa Econômica Federal, o Sebrae e o IBGE, também está sendo debatido. Lideranças no Congresso expressam insatisfação com a demora do processo.
Além disso, o presidente da Petrobras está aparentemente enfrentando desafios, o que pode ser problemático para o mercado de ações brasileiro.
A petroleira é uma grande influência no valor de mercado e volume de negociações, impactando o Ibovespa e potencialmente gerando instabilidade no mercado local.
Rui Costa estaria nos bastidores da situação, visando o Ministério de Minas e Energia para aliados próximos após perder prestígio ao enfrentar Haddad no primeiro semestre.
Se esses problemas políticos conseguirem afetar a agenda econômica, especialmente o arcabouço fiscal, as ações podem sofrer perdas significativas com o estresse na curva de juros.
02:16 — Mais resultado na agenda
Nos EUA, as ações subiram ontem antes de uma série de resultados corporativos e notícias econômicas.
O Dow Jones Industrial Average conseguiu obter outro ganho para empurrar o índice para território positivo pelo 11º dia consecutivo (é a mais longa sequência de vitórias do Dow Jones desde fevereiro de 2017).
Hoje, porém, pode ser o último suspiro deste rali com os investidores prestes a obter novos dados sobre a saúde das empresas de tecnologia. Microsoft, Alphabet e Meta Platforms relatam seus resultados nesta semana, seguidos por Apple e Amazon na próxima semana.
Com todas as cinco ações apresentando grandes ganhos acumulados no ano, o risco é que mesmo pequenas decepções nos resultados ou nas orientações possam desencadear uma rodada de realização de lucros.
Fora isso, na agenda, contamos com o índice nacional de preços de residências e a pesquisa de confiança do consumidor para julho.
Tudo isso enquanto a reunião do Fed começa, com prazo para terminar amanhã. Mais importante do que a decisão em si, que deverá elevar em 25 pontos-base a taxa de juros, o mercado estará atento ao direcionamento de Powell.
03:10 — 2023 está muito quente
O seu amigo que viajou para a Europa neste mês de julho provavelmente está buscando sombra e água fresca, pois uma onda de calor sufocante está atingindo o sul do continente. E
nquanto isso, Espanha, Itália e Grécia estão recebendo multidões recordes de turistas internacionais, que finalmente estão se permitindo viajar após anos de restrições pandêmicas.
Recentemente, as temperaturas em cidades como Roma atingiram 40 graus Celsius e Madrid registrou 38,9 graus.
Os meteorologistas alertam que as temperaturas máximas na Europa podem até mesmo quebrar o recorde do continente de 48,8 graus observado na Sicília há alguns anos.
Esses verões extremamente quentes não apenas representam um risco para a saúde humana, mas também podem afetar negativamente as economias mediterrâneas, que são altamente dependentes do turismo.
De fato, já foi notado um declínio anual de 10% no interesse em viagens pelo Mediterrâneo entre os europeus durante o período de junho a novembro deste ano.
Espera-se que as mudanças climáticas causem alterações significativas no clima de alguns destinos turísticos europeus, levando a uma transformação na indústria de viagens e turismo da região, que contribuiu com impressionantes US$ 2,1 trilhões para a economia regional no ano passado.
04:09 — A crise no Mar Negro começa a preocupar
Após os ataques russos aos navios ucranianos, os preços dos grãos têm apresentado aumento, o que pode gerar tensão internacional.
O motivo disso foi o fim do acordo crítico de transporte de grãos entre Rússia e Ucrânia, conhecido como Iniciativa de Grãos do Mar Negro.
Esse acordo permitia que a Ucrânia, um dos principais exportadores de grãos e óleos vegetais, enviasse alimentos com segurança através do Mar Negro, por onde ambos os países fazem fronteira.
Porém, após o colapso do acordo, os preços do trigo, milho e soja dispararam, e a Rússia atacou um dos principais portos de grãos da Ucrânia.
Nos últimos cinco meses desde que o pacto foi assinado, cerca de 33 milhões de toneladas de colheitas foram enviadas através do Mar Negro para 45 países.
Isso é especialmente significativo para catorze países africanos, que dependem da Rússia e da Ucrânia para mais da metade de suas importações de trigo.
A interconexão dos países no cenário globalizado torna essa situação delicada e potencialmente perigosa em tempos de turbulência.
Líderes globais têm buscado reduzir o envolvimento com a Rússia, com a União Europeia cortando a energia russa e empresas abandonando operações no país.
No entanto, a Rússia está usando a questão dos alimentos como uma arma, o que pode levar à inflação de alimentos e complicar a situação para as autoridades monetárias.
A segurança alimentar global fica ameaçada, e essa crise pode ter impactos significativos nos mercados financeiros e na economia internacional.