ALÔ CRIANÇADA, O ARCABOUÇO CHEGOU!
Lá fora, os mercados asiáticos fecharam o dia sem uma única direção nesta quinta-feira (30), mas acompanhando predominantemente as indicações positivas dos mercados globais durante o pregão de ontem (29), com os investidores menos preocupados sobre o contágio da recente turbulência no setor bancário — os mercados foram contagiados por uma recuperação das ações de tecnologia.
Os mercados europeus e os futuros americanos estão em alta nesta manhã, na esteira da expressão de confiança dos principais reguladores dos EUA de que os bancos eram solventes, culpando o recente colapso do Silicon Valley Bank na má administração, em vez de riscos sistêmicos.
Contamos hoje lá fora com dados de inflação europeia e atividade americana. Por aqui, o destaque do dia é a apresentação do novo arcabouço.
A ver…
00:37 — A espera acabou
No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciará os detalhes do novo arcabouço fiscal pela manhã, às 10h30. Desde ontem, alguns pontos da regra foram vazados, mas apenas depois que Lula autorizou tudo. A ideia é que o déficit possa ser zerado em 2024 e que haja superávit de 0,5% em 2025 e 1% em 2026.
Isso é bom, claro, mas a informação sobre indexação das despesas às receitas, mesmo com o teto de 70%, gera alguma preocupação. O centro da dinâmica é a despesa sempre crescer menos que a arrecadação, com gatilhos de ajustes quando necessário.
Resta ver como será mesmo a regra e, posteriormente, a tramitação. Está longe de ser a melhor do mundo, mas pelo menos já temos alguma coisa.
Além da peça, hoje temos a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), com comentário do Roberto Campos Neto, presidente do BC. Como sua fala será só às 11h, espera-se que já seja possível comentar um pouco sobre as percepções da autoridade monetária para com a regra proposta. Se trilharmos os próximos passos corretamente, podemos estar perto de destravar o valor dos ativos brasileiros. Devemos evitar, porém, muito otimismo.
01:35 —Os bancos estão ajudando
Nos EUA, as ações subiram ontem graças a uma confluência de fatores individuais positivos, em vez de um tema macro abrangente. Após a leitura da confiança do consumidor melhor do que o esperado na terça-feira, a Lululemon Athletica aumentou o otimismo sobre a resiliência do comprador americano — a gigante do esporte superou com folga as estimativas de vendas e lucros em seu trimestre fiscal.
Mas não foi só o varejo que animou ontem. O setor bancário também despontou, principalmente depois que o UBS disse que trará de volta Sergio Ermotti para atuar como CEO e supervisionar a aquisição do rival Credit Suisse pelo banco suíço (Ermotti já havia dirigido o UBS por nove anos, até 2020). A informação contagiou o segmento listado em bolsa, impulsionando os ganhos dos investidores.
Hoje, voltamos com a sensibilidade sobre a atividade americana, valendo a pena acompanhar a terceira e última estimativa do produto interno bruto do quarto trimestre dos EUA. Espera-se que o PIB tenha crescido a uma taxa anual ajustada sazonalmente de 2,7%, inalterada em relação à segunda estimativa. Fora isso, contamos com inúmeras falas de autoridades monetárias.
02:30 — Inflação europeia
Os mercados europeus estão em alta na manhã de quinta-feira, dando continuidade ao impulso positivo das três sessões anteriores, à medida que as preocupações com o setor bancário diminuem. Os investidores aguardam as estimativas iniciais para a inflação de preços ao consumidor em março da Espanha e Alemanha — espera-se que esses números desacelerem significativamente.
A inflação subjacente na Zona do Euro está se mostrando rígida, mas o Banco Central Europeu não quer causar mais problemas ao aumentar as taxas muito rapidamente. Ao mesmo tempo, o aumento dos preços da energia pode não cair tão rapidamente quanto avança — a inflação cheia na Zona do Euro caiu para 8,5% em fevereiro, mas o núcleo da inflação, que exclui energia e alimentos, subiu para 5,6%.
A próxima reunião do banco central é em 4 de maio. Ao contrário de outras reuniões, a autoridade monetária não deu orientações firmes sobre o que espera fazer. O economista-chefe do BCE, Philip Lane, disse que são necessários mais aumentos, o que mostra um conservadorismo adicional do BCE no combate à inflação vigente, notoriamente mais resistente do que outras que vivemos nos últimos 40 anos.
03:28 — Projetos indiano
A Índia tem grandes planos para seu setor de fabricação. A ideia de impulsionar a manufatura não é nova e vem ganhando força nos últimos anos, especialmente depois da pandemia e com os choques geopolíticos recentes. A desglobalização ou regionalização do mundo, possibilitará um boom de capex nos próximos anos.
A Índia caminha para estar na mesa de discussão com EUA e China na próxima década. Sim, era para o Brasil estar junto também, mas nos perdemos em nossos típicos atritos políticos latino-americanos. Até que consigamos sair da lama, será bem difícil posicionar novamente o Brasil em grandes debates globais.
04:01 — Tensão em Israel
Dezenas de milhares de israelenses foram às ruas no final de semana, após a notícia de que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu demitiu seu ministro da Defesa, Yoav Gallant. Milhares de manifestantes vêm demonstrando insatisfação às propostas de reforma do sistema judiciário há algum tempo, fragilizando o governo da região.
O problema é que a situação está escalando rapidamente, com a suspensão de atividade de algumas multinacionais e a suspensão de todos os voos de aeroportos.
Com a economia de Israel paralisada, todos os olhos agora estão voltados para o comportamento de Netanyahu.
Enquanto isso, ministros de alto nível do governo disseram que poderiam apoiar o primeiro-ministro se ele suspendesse a polêmica legislação, temendo que a insistência possa levar ao colapso do governo. Contudo, é bem possível que Netanyahu, que voltou ao poder recentemente, tenha exagerado desta vez. Nada parece acalmar os manifestantes.