DEPOIS DE 365 DIAS, JANEIRO FINALMENTE ACABOU
O mês de fevereiro começa com um belo teste para os ativos de risco em nível global, com o Federal Reserve pronto para anunciar sua próxima decisão sobre a taxa de juro.
O presidente do Fed, Jerome Powell, também enfrentará perguntas sobre o estado da economia e os planos do Fed para futuros aumentos de juros. Cada frase será analisada. O mesmo acontece hoje no Brasil, mas com menos emoção, uma vez que a taxa de juros deverá ser mantida em 13,75%.
Os mercados de ações asiáticos encerraram o dia predominantemente em alta nesta quarta-feira, acompanhando os movimentos positivos de Wall Street durante o pregão de ontem, com os investidores permanecendo cautelosos antes das decisões de política monetária — nos EUA, provavelmente teremos elevação da taxa de juros em apenas 25 pontos-base, para um intervalo de 4,5 a 4,75%.
Amanhã teremos encontros de autoridades monetárias na Zona do Euro e no Reino Unido.
A ver…
00:46 — Diferentes emoções em Brasília
No Brasil, os investidores trabalham suas expectativas para a conclusão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que deverá manter a taxa de juros em 13,75% ao ano, enquanto endurece o tom em seu comunicado.
A ideia seria mostrar descontentamento com os rumos fiscais do país, na expectativa da apresentação de um novo arcabouço fiscal que substituirá o teto de gastos. Paralelamente, ainda temos que lidar com a temporada de resultados e outros eventos na capital federal.
Será hoje a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado. Enquanto na Câmara Arthur Lira, atual presidente que conta com o apoio do governo, tem folga para garantir sua reeleição, no Senado a história é um pouco diferente.
Pacheco é o favorito, devendo consolidar o processo mantendo sua cadeira, mas podemos ter emoções a depender da votação de Rogério Marinho, candidato da oposição. Quanto menor for a votação de Pacheco, mais difíceis serão os próximos dois anos para o governo.
01:33 — De olho no Fed
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) anunciará sua decisão de política monetária. Espera-se que o banco central aumente a taxa dos fundos federais em 25 pontos-base para a faixa entre 4,5% e 4,75%. Os investidores estão ansiosos para ouvir o presidente do Fed, Jerome Powell, e obter quaisquer dicas sobre quando o Fomc pode interromper sua campanha de aumento das taxas de juros.
Nos últimos meses, a coletiva de imprensa ainda sofreu com os erros de política monetária de Powell, quando a orientação futura foi descartada (o presidente errou na comunicação e acabou gerando mais volatilidade nos mercados). Por conta disso, temos hoje menos motivos para acreditar em orientações futuras, forçando o Fed a ser cada vez mais enfático em suas declarações sobre próximos passos.
Fora a questão monetária, ainda contamos com o relatório nacional de emprego para janeiro. A estimativa é de que a economia tenha 170 mil empregos após um aumento de 235 mil em dezembro. Além disso, temos também a pesquisa de rotatividade de mão de obra. Quanto mais aquecido estiver o mercado americano, mais margem o Fed terá para continuar a subir os juros. Neste caso, notícias ruins se tornam boas.
02:34 — Por outro prisma
Os investidores têm motivos para comemorar diante dos retornos de janeiro. Historicamente, nos EUA, as ações tendem a manter seu ímpeto quando o mês de abertura do ano é forte.
De acordo com a Dow Jones Market Data, quando o S&P 500 termina janeiro em território positivo, o período de fevereiro a dezembro registra ganhos em 78% das vezes, com um ganho médio de 9,1%. Isso se compara a um ganho médio histórico de 6,5% no período de fevereiro a dezembro.
Mas há uma ressalva bastante significativa. A última vez que a Nasdaq viu esses tipos de ganhos em janeiro foi em 2001, no meio do crash das pontocom.
Em janeiro de 2001, os investidores também se sentiram bem com o ganho de 12,2% do Nasdaq. Mas não durou. O índice de tecnologia ainda terminou o ano com queda de 21%, antes de cair outros 32% em 2002. Ficamos então com os resultados corporativos. Temos hoje nomes como Meta Platforms, MetLife, Novartis e T-Mobile US.
03:23 — E os europeus?
Tivemos nesta manhã a inflação dos preços ao consumidor da zona do euro para janeiro. Conforme o esperado, o indicador registrou queda na comparação mensal, caindo até mais do que o esperado (0,4% na comparação mensal contra uma expectativa de 0,3%). Consequentemente, a taxa na comparação anual caiu de 9% para 8,5%. O movimento é positivo e abre espaço para que o BCE possa reduzir o ritmo de aperto monetário.
Enquanto isso, não muito longe dali, no Reino Unido, o índice de preços nas lojas aumentou, com os preços dos alimentos nas lojas subindo rapidamente.
Isso, no entanto, não significa inflação de custos, uma vez que os preços dos produtos agrícolas estão geralmente caindo ou subindo muito menos do que os preços dos alimentos nas lojas e o crescimento dos salários é menos da metade da inflação dos preços dos alimentos nas lojas. Neste caso, o mercado não deve se preocupar.
04:08 — O tom de cautela da Opep+
Hoje, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) se reúnem, devendo manter a atual meta de produção de petróleo, sem mudanças. A ideia do cartel é esperar mais informações sobre a demanda chinesa, que pode vir com tudo em 2023 por conta da reabertura do país depois do relaxamento das restrições contra a Covid-19.
Adicionalmente, ainda convivemos com a problemática da oferta russa, comprometida em termos de negociações por conta das sanções (estima-se que a produção russa deve cair 15% neste trimestre).
Como em seu último encontro o grupo já havia reduzido a oferta em 2 milhões de barris por dia, dificilmente fará um novo movimento agora, com tantas novas informações a serem digeridas pelo mercado. O tom de cautela deverá ser observado.
Caso haja alguma surpresa, porém, podemos ver mais pressão sobre os preços do petróleo, que já negocia acima de US$ 85 por barril no contrato brent. Em sendo o caso, podemos ver novamente pressões inflacionárias por conta de preços energéticos no mundo.