Dois de janeiro de 2023: estamos num dia útil e, em tese, tudo funciona normalmente. Mas a teoria é bem diferente da prática: muita gente ainda está de férias ou em clima de festa. E, depois de um fim de semana cheio de comemorações, uma certa ressaca tomou conta do brasileiro nesta segunda — e uma dor de cabeça particularmente aguda foi sentida nos mercados financeiros, com o Ibovespa em queda e o dólar em alta.
O primeiro pregão do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficará marcado como um dia de perdas firmes na bolsa e maior percepção de risco. Passados os fogos do réveillon e a festa popular em Brasília, a semana começou agitada para os investidores — o recesso prolongado vai ficar para o próximo ano.
E isso porque, já no primeiro dia do governo Lula, houve uma série de sinalizações importantes nos fronts político e econômico. Ainda durante a cerimônia de posse, o novo-velho-presidente voltou a dar declarações contrárias ao teto de gastos. E usou sua caneta para assinar uma medida que traz impacto direto às expectativas de inflação.
Via MP, Lula prorrogou a desoneração dos combustíveis: impostos federais sobre a gasolina e o etanol continuarão zerados por 60 dias e, para o diesel, por um ano. É uma decisão que freia o aumento nas bombas, mas que pode pressionar a dinâmica inflacionária num horizonte mais longo — é como se o inevitável estivesse sendo empurrado para frente.