O GOVERNO ESTÁ DESMAMANDO
Lá fora, os mercados da Ásia e do Pacífico fecharam em alta nesta quinta-feira, depois que o projeto de lei para aumentar o teto da dívida dos EUA foi aprovado na Câmara, avançando para o Senado poucos dias antes do prazo para acabar com o dinheiro do Tesouro americano.
Enquanto isso, também tivemos sinais de vida no setor manufatureiro da China, que ajudaram a tirar as ações das mínimas de seis meses.
No velho continente e nos futuros americanos o humor é igualmente positivo nesta manhã.
A inflação dos preços ao consumidor da Zona do Euro para maio veio abaixo do esperado, confirmando a desinflação na região após queda dos preços na Espanha, França e Alemanha.
Ainda assim, é improvável que a menor inflação impeça o BCE de elevar as taxas. No Brasil, sobrevivemos a um pequeno terremoto político.
A ver…
00:44 — Lula entrou em campo, mas teve que ceder
Por aqui, o presidente da Câmara, Arthur Lira, declarou que o governo terá que seguir em frente por conta própria, sem mais sacrifícios ou intervenções diretas da parte da Câmara, após a aprovação da Medida Provisória que reestrutura a Esplanada dos Ministérios — por pouco o governo não perdeu toda a estrutura com que operou nos últimos meses.
Nos bastidores, a crise se deve à insatisfação de deputados com a articulação política e o ritmo de liberação de emendas. Os sinais foram enviados para o Palácio do Planalto por meio da aprovação do Marco Temporal, que ainda pode ter constitucionalidade revisada, e da desnutrição do Ministério de Marina Silva.
Para desafogar a situação, Lula entrou diretamente na articulação política e se reuniu com líderes para discutir essa tal insatisfação generalizada.
Houve uma disputa intensa durante o dia, com Lira saindo nitidamente vitorioso. Para encontrar uma solução mais sustentável e menos dependente dele mesmo, Lula terá que reestruturar seu governo, já que corre o risco de perder a pouca governabilidade que já tem.
O mercado sente essas vibrações e se preocupa com a tramitação do arcabouço, bem como a proposta de Reforma Tributária.
Em paralelo, contamos hoje com o resultado do PIB do primeiro trimestre — com um crescimento de 1,9% na comparação trimestral.
01:50 — Aprovado, finalmente
Nos EUA, o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, liderou os republicanos e democratas na aprovação do aumento do teto da dívida. O placar foi 314 votos a 117 e agora a proposta para o aumento do teto da dívida segue para o Senado, devendo ser completamente aprovada antes do dia 5 de junho.
Com a saga caminhando para o final, podemos voltar a nos concentrar no que importa. Ontem, o Livro Bege do Fed, que serve como um compêndio de dados econômico de diferentes regiões dos EUA, sugeriu desaceleração da atividade econômica e moderação da pressão inflacionária.
Ao mesmo tempo, dados do governo mais quentes do que o esperado sobre as vagas de emprego até abril chamaram a atenção. As posições não preenchidas subiram para 10,1 milhões, de 9,7 milhões em março, enquanto era previsto uma queda para 9,5 milhões. Resta saber se isso fará com que haja mais um aumento de juros em junho.
02:32 — Dados mistos na China
Conforme cresce a frustração com o desempenho das ações chinesas, outros mercados de ações asiáticos estão se tornando alternativas mais atraentes para os investidores globais.
O otimismo em relação à China, que antes dominava Wall Street, está diminuindo devido à economia instável e às tensões geopolíticas, o que coloca importantes indicadores em uma posição desfavorável globalmente.
Ao mesmo tempo, a pesquisa de sentimento da indústria de hoje da China contradisse outra pesquisa industrial chinesa de ontem.
O índice de gerentes de compras (PMI) de manufatura da Caixin/S&P Global subiu acima da marca de 50 pontos para 50,9 em maio, recuperando-se da leitura de abril de 49,5. O dado foi impulsionado pela melhora na produção e na demanda, o que dá um alívio às commodities hoje.
03:16 — O que queremos? Mais estímulos! Quando queremos? Agora!
A recuperação econômica da China, que está ocorrendo de forma discreta, e a postura cautelosa do governo em implementar estímulos em larga escala estão tendo repercussões globais negativas, resultando na queda dos preços das commodities e enfraquecendo os mercados de ações.
Os investidores estão reduzindo suas expectativas em relação à segunda maior economia do mundo, devido ao receio de que a recuperação depois do fim das restrições pandêmicas esteja perdendo força.
Os principais índices de ações apresentaram queda no ano, o yuan indica uma economia com dificuldades após ultrapassar o nível de 7 por dólar, a atividade de construção está decepcionante e as vendas de imóveis estão desacelerando.
Consequentemente, começamos a ver as primeiras ligeiras reduções das projeções do mercado para o crescimento do PIB da China neste ano, estimando em 5,5%. Cada vez mais os investidores clamam por mais estímulos do governo chinês.
04:05 — Respiro geopolítico
Os Estados Unidos e a China concordaram em fortalecer o comércio bilateral, segundo anúncio da secretária do comércio dos EUA e sua contraparte chinesa.
Embora as tensões entre os dois países tenham aumentado recentemente devido aos ataques chineses a empresas de consultoria americanas e às restrições dos EUA às exportações de tecnologia de semicondutores chineses, o compromisso foi feito para melhorar a relação comercial.
As questões foram tratadas paralelamente ao Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em Detroit. Outros assuntos para além de economia foram discutidos, como a disputa territorial chinesa com Hong Kong (como sempre, Taiwan não foi mencionada).
No entanto, as negociações sobre a guerra tarifária desencadeada durante o governo Trump ainda não foram retomadas, o que gera ansiedade sobre os agentes de mercado, querendo a resolução desse impasse. Sem solução no horizonte.