E AÍ, APROVEITOU A BLACK FRIDAY?
O mundo recupera sua liquidez hoje após o feriado do Dia de Ação de Graças nos EUA, que fechou o mercado americano na quinta-feira passada e encurtou o pregão de sexta-feira.
Esta semana, há uma série de indicadores para acompanharmos no exterior, incluindo o PIB dos EUA, o Livro Bege do Fed, o índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), a medida preferida de inflação da autoridade monetária americana, além das declarações de Jerome Powell.
Há realmente muita informação para monitorar. No continente europeu, também há dados de inflação e atividade, sem mencionar a participação em eventos de Christine Lagarde, presidente do BCE.
O dia começou com o fechamento em tom negativo dos mercados asiáticos. A maioria das ações na região registrou queda, refletindo sinais fracos da China.
A expectativa em relação a uma série de leituras econômicas importantes esta semana manteve os mercados em grande parte nervosos, especialmente diante da iminência de mais dados de atividade do gigante asiático nos próximos dias.
Os mercados europeus e os futuros americanos iniciam a semana em baixa.
No cenário das commodities, o petróleo voltou a cair nesta manhã, em antecipação à reunião da OPEP+, marcada para quinta-feira após ser adiada.
Além de assimilarmos essas informações, também avaliamos os eventos em Brasília.
A ver…
00:51 — Uma das semanas mais importantes do ano para Haddad
No Brasil, cresce a apreensão entre os investidores em relação ao prazo que resta para Fernando Haddad implementar sua agenda de arrecadação para o próximo ano.
Após conquistar algumas vitórias frente à ala política do governo, garantindo a manutenção da meta fiscal de déficit zero para o próximo ano, o ministro da Fazenda enfrenta agora o desafio de persuadir o Congresso a aprovar suas propostas de fontes de receita para 2024.
A disputa ganha intensidade nesta semana, especialmente após o veto integral ao projeto que ampliaria a desoneração da folha de pagamento para 17 setores, gerando desconforto entre os congressistas.
Embora seja esperada a derrubada do veto, o clima não é ameno. Esse movimento faz parte da estratégia de Haddad de compartilhar com o Legislativo a responsabilidade pelo equilíbrio fiscal.
Implementada em 2011 durante o primeiro mandato de Dilma, a desoneração da folha é um benefício que substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta.
Algumas análises indicam que, apenas de 2012 a 2015, o impacto previdenciário foi de R$ 28,8 bilhões, tornando-se um desastre para as contas públicas.
Contudo, há resistência em abrir mão desse benefício. Essa situação complica a aprovação da MP 1185, que propõe alterações na subvenção do ICMS, talvez o principal impulsionador das receitas para o próximo ano.
Além disso, há o projeto de lei sobre os fundos offshores e exclusivos, o das apostas esportivas, e o pleito da Fazenda junto ao STF para modificar permanentemente a forma como parte dos pagamentos de precatórios é contabilizada nas finanças federais.
O ano ainda não chegou ao fim…
01:48 — Considerações sobre a Black Friday nos EUA
Nos Estados Unidos (discutiremos posteriormente o cenário brasileiro), os primeiros indícios apontam para um recorde nas vendas online durante o evento de consumo conhecido como Black Friday.
Os consumidores que optaram por realizar suas compras pela internet desembolsaram um montante total de US$ 9,8 bilhões, marcando um aumento de 7,5% em relação ao ano anterior.
Este cenário promissor é particularmente animador para os varejistas, que inicialmente temiam um desempenho aquém do esperado nas vendas desta temporada de férias.
O expressivo aumento nos gastos, conforme previamente previsto, foi impulsionado por compradores em busca das melhores ofertas online, aproveitando grandes descontos e opções de pagamento flexíveis.
As categorias mais demandadas incluíram smartwatches, TVs, brinquedos e jogos. Em um contexto de inflação persistentemente elevada, os consumidores direcionam cada vez mais sua atenção para obter valor e efetuam compras de acordo com as necessidades emergentes.
Adicionalmente, observa-se um aumento nas opções de pagamento "compre agora e pague depois".
Como exemplo, do montante total das vendas online da Black Friday, US$ 79 milhões foram provenientes de compradores que optaram por essa modalidade de pagamento, representando um aumento de 47% em comparação ao ano anterior.
O robusto impulso nas vendas online da Black Friday reitera a durabilidade do impacto que os principais dias de compras natalinas continuam a exercer.
Outras fontes indicam que as vendas online da Black Friday atingiram a marca de US$ 16,4 bilhões nos Estados Unidos e US$ 70,9 bilhões globalmente.
A Black Friday, portanto, foi um sucesso expressivo, e as expectativas são de que a Cyber Monday supere ainda mais as previsões, consolidando-se como o maior dia de compras online deste ano.
02:34 — Voltando do feriado
Os americanos retornam do feriado com uma lista significativa de pontos a serem acompanhados.
Os principais relatórios econômicos desta semana incluem atualizações sobre vendas de casas novas, confiança do consumidor, despesas com construção e a mais recente leitura do indicador de inflação preferido pela Reserva Federal.
Prevê-se que a leitura do PCE sobre o núcleo da inflação apresente um aumento de 0,2% na comparação mensal e 3,5% na anual.
Iniciamos o dia com os dados de vendas de casas novas nos EUA.
Embora a economia dos EUA seja menos sensível às taxas de juros, o mercado imobiliário do país reflete os efeitos do aperto da política do Federal Reserve. Falando em Fed, a pesquisa regional de opinião empresarial da Fed de Dallas está programada, embora tenha um peso ligeiramente menor em relação aos outros indicadores da semana.
No cenário corporativo, a conferência da Amazon deve gerar discussões sobre inteligência artificial para a empresa sediada em Seattle, enquanto a Tesla realiza um evento na Gigafactory em Austin para marcar as primeiras entregas oficiais do aguardado Cybertruck (a Tesla tem como meta produzir 200 mil unidades por ano).
03:27 — Risco para a humanidade?
Após toda a saga envolvendo a empresa na semana anterior, foi revelado que alguns pesquisadores da OpenAI, por meio de uma carta, alertaram o conselho sobre uma descoberta de IA potencialmente impactante para a humanidade.
Esse alerta foi um dos fatores que provavelmente contribuíram para a demissão do CEO Sam Altman.
A descoberta está vinculada a um novo modelo (Q*) que poderia resolver certos problemas matemáticos.
Se esse modelo funcionar como um matemático extraordinário, poderíamos vislumbrar a solução de grandes problemas matemáticos que permanecem sem resposta até hoje.
Embora isso possa ser benéfico, também representa um risco significativo.
Por exemplo, um dos desafios mencionados é a descoberta do próximo número primo, para o qual ainda não existe uma fórmula conhecida.
Se o ChatGPT encontrar algo alinhado com a hipótese de Riemann, que sugere que a distribuição de números primos não é aleatória (ao contrário do que é amplamente aceito), toda a criptografia do mundo estaria em perigo, pois ela se baseia nesse pressuposto.
Os pesquisadores indicaram ainda que o modelo poderia ter capacidades de raciocínio mais avançadas, motivo pelo qual alertaram para o seu potencial perigo.
Após a demissão de Altman, que inicialmente se juntou à Microsoft, patrocinadora da OpenAI, ele retornou à OpenAI quando mais de 700 funcionários ameaçaram renunciar.
A Microsoft emerge como uma figura central nessa narrativa, embora também carregue uma grande responsabilidade pelo futuro do desenvolvimento da inteligência artificial tal como a conhecemos hoje.
04:15 — Mudando o tom
Adotando uma postura notavelmente diferente após sua eleição, o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, expressou a defesa de que seu país e o Brasil continuem a explorar as áreas de complementaridade em integração física, comércio e presença internacional.
Esta perspectiva foi comunicada por meio de uma carta-convite enviada ao presidente Lula para a cerimônia de posse em 10 de dezembro.
Diana Mondino, futura chanceler argentina, entregou pessoalmente a carta ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira.
Embora não haja confirmação da participação de Lula na posse, o chanceler brasileiro afirmou que a possibilidade será considerada.
Milei enfatizou que o Brasil é um país "irmão" e manterá essa relação mesmo após a posse do presidente de ultradireita em 10 de dezembro.
Ele indicou apoio à conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE) e não levantou objeções à presença da Argentina no BRICS+, embora o país deva desempenhar um papel menos ativo nos fóruns.
Essa mesma abordagem se aplica à relação com a China. Apesar das declarações anteriores durante a campanha, Milei reconheceu a influência chinesa na Argentina ao longo de mais de uma década.
Em uma mudança de tom, o presidente eleito expressou gratidão ao presidente chinês, Xi Jinping, por uma carta parabenizando-o pela vitória.
Com uma postura mais moderada, o governo de Milei, embora enfrente desafios, parece ter maior probabilidade de alcançar algum sucesso em certas frentes.