Bom dia, pessoal.
Justamente quando se antecipava que o S&P 500 alcançaria uma nova máxima histórica, o índice de ações norte-americano se voltou para baixo, experimentando uma correção natural após uma série de altas, conforme discutimos anteriormente.
É evidente que o índice estava excessivamente comprado, indicando a necessidade de realizar lucros, mesmo diante de notícias positivas sobre a confiança do consumidor e as vendas de casas existentes.
No entanto, nesta manhã, os futuros dos EUA apresentam uma leve alta, já se recuperando da queda de ontem.
No cenário internacional, as ações asiáticas registraram queda nesta quinta-feira, seguindo a tendência observada em Wall Street na quarta.
As ações europeias aprofundam a correção, embora já estejamos testemunhando uma recuperação nos mercados norte-americanos.
Na agenda, aguardamos a divulgação da leitura final do PIB do terceiro trimestre dos EUA, o que prepara o terreno para o indicador de inflação preferido pelo Federal Reserve, o PCE, na sexta-feira.
O petróleo e o minério de ferro estão em alta nesta manhã, impulsionando o otimismo em relação às commodities.
A ver…
00:56 — Você piscou e o Congresso trabalhou como nunca
No Brasil, os investidores estão absorvendo a aprovação consecutiva de diversas pautas nos últimos dias.
Destaque para a MP 1185, que trata das subvenções do ICMS, e que foi aprovada no Senado ontem, seguindo agora para sanção presidencial.
Este movimento, anteriormente considerado incerto pelo mercado, pode reanimar as condições por aqui após a correção de ontem, uma vez que a medida possui o potencial adicional de injetar mais de R$ 35 bilhões para a Fazenda no próximo ano.
Embora estejamos distantes do déficit zero, com a previsão de encerrar o ano com cerca de 1,4% do PIB em déficit, qualquer avanço para reduzi-lo deverá ser positivamente recebido pela curva de juros.
Entretanto, não concluímos ainda, pois é necessário ainda a aprovação da Lei Orçamentária Anual e a proposta de apostas esportivas, que também regulará cassinos virtuais, conforme indicações.
Mas o cronograma está consideravelmente menos apertado do que antes.
Na agenda, aguardamos o Relatório de Inflação, que pode proporcionar insights adicionais sobre a trajetória da política monetária, e a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que pode deliberar sobre o rotativo dos cartões de crédito.
Com seis pregões restantes para o encerramento do ano, ainda vislumbro a possibilidade de o mercado local ganhar ímpeto nos últimos dias de 2023, completando o ciclo do Rali de Natal.
01:42 — Pausa para recuperar o fôlego
A recuperação das ações nos Estados Unidos, impulsionada pela reunião do Federal Reserve na semana passada, chegou ao seu fim ontem, com os três principais índices fechando no vermelho.
Curiosamente, no início da quarta-feira, o Dow e o Nasdaq pareciam encaminhar-se para a décima sessão consecutiva de ganhos.
Talvez essa prolongada sequência de vitórias tenha sido o catalisador para os investidores realizarem lucros, apesar dos dados de ontem indicarem que os americanos estão se sentindo um pouco mais otimistas em relação à economia.
Além disso, as vendas de casas existentes surpreendentemente aumentaram para 3,82 milhões em novembro, interrompendo uma queda de cinco meses e superando a expectativa consensual de 3,78 milhões de unidades.
No entanto, isso não foi o bastante para estimular os investidores, que aguardam com expectativa a terceira e última estimativa do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, projetada para atingir 5,2% em termos anualizados, a taxa mais alta desde o quarto trimestre de 2021.
O dado de hoje prepara o terreno para o relatório PCE que será divulgado na sexta-feira.
02:39 — Um novo pacto fiscal
A Europa acertou sobre novas diretrizes fiscais, realizando atualizações no Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Embora a meta de manter a dívida em relação ao PIB em 60% tenha sido mantida, reconhece-se que, com o governo desempenhando um papel mais proeminente nas economias, é natural esperar uma razão de dívida mais elevada.
Essa resolução pôs fim a meses de disputas sobre a austeridade fiscal, evidenciando divergências entre as autoridades quanto à capacidade do bloco de investir em setores críticos, como a defesa.
É crucial estender essa discussão aos países emergentes, dado o contexto de uma crise da dívida que se intensifica no mundo em desenvolvimento, especialmente à medida que os custos das dívidas começam a afetar as nações mais carentes.
Em 2024, essas nações, conhecidas pelos investidores do mundo desenvolvido como "mercados fronteiriços" (incluindo Bolívia, Etiópia e Tunísia), enfrentarão o desafio de reembolsar aproximadamente 200 bilhões de dólares em obrigações e outros empréstimos. A expectativa de inadimplência é palpável.
03:25 — Estabilidade relativa
A relação geopolítica mais crucial do mundo permanece em grande parte desprovida de confiança.
No entanto, em comparação com os eventos dos últimos anos, o diálogo entre os EUA e a China emerge cada vez mais como um oásis de estabilidade em meio às turbulências globais.
A produtiva reunião entre Biden e Xi durante a cúpula da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC) em São Francisco, ocorrida em novembro, foi um lembrete valioso de que ambos os governos demonstram maturidade geopolítica.
Ambos países favorecem a estabilidade em detrimento do caos, cada um trabalhando para conter os danos causados por crises internacionais.
Embora os EUA e a China mantenham opiniões divergentes sobre questões como Ucrânia e Israel, evitam cuidadosamente ações que possam intensificar as consequências observadas em conflitos ao redor do mundo.
Naturalmente, subsiste um conflito entre esses dois gigantes, uma vez que tratamos das nações mais poderosas do mundo em meio a uma crescente rivalidade tecnológica.
No entanto, ao contrário dos conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia, as tensões entre EUA e China são contidas, em parte, pela interdependência econômica.
Olhando para 2024, vislumbro a China intensificando seus esforços para restabelecer relações com o Ocidente.
04:18 — A Índia e o Brasil como pontes para o Sul Global
Apesar de enfrentar diversos desafios, a Índia mantém-se como uma democracia politicamente estável.
A desaceleração do crescimento chinês tornou a expansão econômica da Índia de importância crucial para a economia global.
Contudo, em 2024, o papel mais significativo da Índia não reside apenas em sua contribuição econômica. Destaca-se como uma ponte emergente entre o Sul Global, por um lado, e os Estados Unidos, o Japão e a Europa, por outro.
A importância geopolítica desse papel para Nova Deli é difícil de ser exagerada.
Muitas nações em desenvolvimento sentem-se alienadas pelo papel dominante dos EUA e das economias industriais avançadas na política internacional e na economia global.
A Índia, ao atuar como ponte, contribui para tornar a arquitetura global mais estável e inclusiva. E é nesse contexto que o Brasil desempenha um papel fundamental.
Este ano marca um marco histórico para a balança comercial brasileira, convergindo a conta corrente para um superávit e ganhando vantagem nos termos de troca em relação a outros mercados emergentes.
O expressivo superávit comercial agrícola do Brasil envolve a importação de fertilizantes da Rússia e a exportação de colheitas para a China.
Ao incluir a Índia nesse cenário, dada sua falta de alimentos, água e energia, o Brasil emerge no centro do Sul Global (poderia fornecer os três de forma barata).
Vale destacar também o crescimento previsto na produção de petróleo nos próximos anos. Indiscutivelmente, nessa nova fase da geopolítica global, Brasil e Índia podem desempenhar conjuntamente um papel fundamental.