Bom dia, pessoal.
O evento central do dia é o discurso de Jerome Powell, que acontecerá na tarde de hoje, especialmente após a recente pressão observada nos Treasuries americanos.
A expectativa é que Powell, seguindo a tendência dos demais membros do Federal Reserve, utilize esta oportunidade para aliviar a pressão sobre a curva de juros do mercado.
Outros membros do Fed também farão discursos ao longo do dia, mas a atenção estará sem dúvida voltada para o presidente do Fed.
Ontem, o yield dos títulos do Tesouro de 10 anos atingiu uma nova máxima em 16 anos, chegando a 4,96%.
Em decorrência dessa ansiedade, as ações na Ásia caíram nesta quinta-feira, sendo que as crescentes preocupações sobre o conflito no Oriente Médio também exerceram pressão nos mercados.
Nem mesmo os dados de exportações mais fortes do Japão em setembro conseguiram sustentar o mercado.
Os mercados europeus abriram o dia em queda, e os futuros americanos também apontam para uma abertura negativa.
Para o Brasil, mesmo com o aumento nos preços das commodities, a perspectiva é que o preço do barril de petróleo volte a cair abaixo de US$ 90.
Embora o minério de ferro tenha registrado alguma alta, com uma agenda mais tranquila, os ativos locais devem continuar a ser influenciados pelo cenário internacional.
A ver…
00:50 — Alguns comentários sobre o setor que salvou o PIB brasileiro
Se o PIB do Brasil crescer 3% este ano, em linha com as projeções do mercado, temos um grande responsável por esse desempenho: o agronegócio.
Graças à força do setor agropecuário, a balança comercial brasileira está estabelecendo novos recordes e já acumulou um superávit de US$ 62,4 bilhões até agosto, um aumento de 43% em relação ao ano anterior.
Acredita-se que o saldo entre as exportações e importações possa ultrapassar US$ 90 bilhões até o final do ano, o maior desde o início da série histórica em 1989.
Itens como soja, milho e celulose estão entre os produtos que registraram forte crescimento, reforçando o status do Brasil como um grande fornecedor global de commodities.
A agropecuária brasileira experimentou um período de significativo aumento na produção e produtividade nas últimas décadas, impulsionado por avanços tecnológicos e pela crescente demanda internacional.
Atualmente, o Brasil é responsável por 10,3% da produção global de commodities agroalimentares e por 8,4% das exportações de produtos do agronegócio.
Essa combinação permitiu ao Brasil agregar valor às suas exportações, tornando sua balança comercial mais resistente e qualitativamente superior.
Embora ainda seja baseada em commodities, a natureza desses produtos é mais sofisticada, desenvolvida e tecnológica do que no passado.
Nos próximos anos, o Brasil deve fortalecer ainda mais sua posição de destaque, à medida que se torna um dos principais países com superávits comerciais na área agrícola em todo o mundo, devido à sua impressionante capacidade de produzir excedentes agroalimentares.
Em um mundo com uma população em crescimento, a demanda por importações de produtos agrícolas continuará se expandindo, especialmente nas economias emergentes da Ásia e da África.
Nesse cenário, o Brasil tem todas as condições para consolidar sua posição como fornecedor regular e confiável de commodities, fortalecendo ainda mais suas relações comerciais.
Quando se trata de segurança alimentar, o Brasil é frequentemente uma presença destacada nas discussões internacionais.
01:55 — Faltam 14 dias
Nos Estados Unidos, estamos a apenas 14 dias da próxima decisão do Federal Reserve sobre as taxas de juros, e os mercados estão apostando em uma continuação da pausa nas elevações.
No entanto, o cenário futuro parece mais incerto. Essa incerteza se deve, em parte, a uma série de indicadores econômicos que continuam superando as expectativas.
O recente relatório do Livro Bege observou que as perspectivas de curto prazo para a economia eram geralmente consideradas estáveis, com um crescimento ligeiramente mais fraco.
Entretanto, é evidente que as condições financeiras estão se tornando mais restritivas à medida que os investidores se preparam para esse cenário.
A grande expectativa é que essas condições possam levar a uma desaceleração da economia no último trimestre do ano.
Nesse contexto, o presidente do Fed, Jerome Powell, fará um discurso hoje em Nova Iorque. Em geral, fatores como o conflito no Oriente Médio, as contínuas greves trabalhistas e as preocupações sobre os preços do petróleo estão contribuindo para um alto grau de incerteza.
Além disso, no calendário, aguardamos mais resultados corporativos, com empresas como American Airlines, AT&T, Blackstone, Freeport-McMoRan, Intuitive Surgical, Philip Morris International e Taiwan Semiconductor Manufacturing divulgando seus números.
Esses resultados chegam após a surpresa positiva com os resultados da Netflix, que registrou um aumento de mais de 10% no pré-mercado desta manhã.
02:47 — Ainda sem definição
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos enfrentou outra dificuldade na eleição de um novo "presidente" (ou "speaker"). Jim Jordan não conseguiu ser eleito presidente da Câmara na primeira votação, e a saga do Partido Republicano para escolher um novo líder da Câmara continuará por pelo menos mais um dia. Jordan foi o último candidato dos republicanos após o líder da maioria, Steve Scalise, ter desistido da corrida na semana passada. Já se passaram duas semanas desde que a Câmara ficou sem um orador após a destituição de Kevin McCarthy. Até que um novo presidente seja escolhido, o Congresso não pode aprovar ajuda a Israel ou avançar em qualquer outra pauta.
Em janeiro, foram necessários cinco dias e 15 rodadas de votação para que McCarthy finalmente conquistasse seu breve mandato. Essa situação gera dois riscos para os mercados: no curto prazo, há preocupações sobre uma possível paralisação do governo em 17 de novembro, o que acarreta riscos econômicos e de crédito; e a longo prazo, isso envia sinais negativos sobre a política dos Estados Unidos e os riscos econômicos quando extremistas partidários (de qualquer partido) ganham influência. Isso também representa um risco para as eleições presidenciais do próximo ano, nas quais os dois candidatos provavelmente serão novamente Biden e Trump.
A administração da Casa Branca voltou a direcionar sua atenção para o fornecimento de chips, com o presidente Biden anunciando novas restrições antes de sua viagem a Israel.
Essas medidas têm como alvo a restrição do acesso da China a semicondutores fabricados nos Estados Unidos que poderiam ser utilizados em tecnologia militar.
Os EUA afirmam que essas políticas não visam prejudicar economicamente a China (aham, sei…) e que a maioria dos chips usados em smartphones, laptops e outras tecnologias de consumo não será afetada.
No entanto, a reação das ações de fabricantes de chips, incluindo Nvidia, AMD e Intel, foi negativa, mesmo que a Nvidia tenha mencionado que espera um impacto significativo em seus resultados a curto prazo devido às novas regras.
Essas regras têm como objetivo preencher as lacunas deixadas pelas restrições de exportação de chips impostas anteriormente.
No ano passado, o governo Biden já havia introduzido restrições abrangentes à indústria de semicondutores da China.
Para evitar que a China utilize outros países como intermediários para comprar tecnologia dos EUA, agora as empresas precisam obter licenças especiais para exportar chips avançados para dezenas de países.
Além disso, alguns chips anteriormente permitidos pelas regras anteriores da Nvidia agora estão fora do alcance da China.
É importante ressaltar que medidas destinadas a afetar a indústria de chips da China podem eventualmente prejudicar os negócios dos EUA.
Há cinco anos, a China era o principal importador de semicondutores americanos.
Agora, à medida que os EUA continuam a reduzir o comércio com a China, existe o risco de que a política do governo dos EUA cause mais prejuízos à indústria do que benefícios para a segurança nacional.
É mais um capítulo do que muitos chamam de "Nova Guerra Fria".
04:46 — Sem muito efeito
A guerra em curso entre Israel e o Hamas continua a criar uma crescente sensação de risco nos mercados.
Pelo menos, embora os preços do petróleo permaneçam elevados, eles ainda não atingiram níveis economicamente devastadores.
Recentemente, o primeiro-ministro do Reino Unido visitou Israel e está planejando visitar outros países da região.
Ontem, o presidente Joe Biden se encontrou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Tel Aviv, para reiterar o apoio dos Estados Unidos a Israel.
Simultaneamente, eles trabalharam em um plano para fornecer ajuda humanitária às pessoas presas na Faixa de Gaza, um dos principais focos de atenção da comunidade internacional.
Ao que tudo indica, a explosão em um hospital em Gaza foi obra realmente de uma falha de um foguete disparado da Faixa, não de Israel.
Podemos ter testemunhado o erro de cobertura de imprensa mais vergonhoso de 2023 (pelo menos até aqui).
Após seu encontro com Netanyahu, Biden tinha planos de seguir para o leste para se reunir com o rei Abdullah II da Jordânia, o presidente egípcio Abdel Fattah El-Sisi e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
No entanto, a explosão no hospital, que inicialmente foi atribuída a Israel, levou ao cancelamento dessas reuniões.
Biden concentrou seus esforços em pressionar Netanyahu para permitir a entrada de alimentos, medicamentos e água em Gaza, bem como a saída de civis através da fronteira entre Gaza e o Egito, antes que Israel considere uma invasão terrestre.
Os Estados Unidos esperam, com isso, evitar uma escalada do conflito que poderia se espalhar por toda a região, embora essa possibilidade pareça estar diminuindo.
Caso os combates se expandam para uma guerra de maior proporção na região, os Estados Unidos poderiam ser obrigados a redirecionar sua política externa do foco na Rússia e na China para o Oriente Médio, uma mudança que não seria ideal considerando os desafios envolvendo a Ucrânia e Taiwan.