Bom dia, pessoal.
Os investidores estão novamente reagindo hoje à possibilidade de uma escalada no conflito no Oriente Médio após o trágico incidente envolvendo um hospital na Faixa de Gaza, em que o Hamas acusa Israel e vice-versa.
Isso resultou em um aumento significativo na incerteza geopolítica e, consequentemente, em maior aversão ao risco.
Devido a essa preocupação, mal conseguimos refletir sobre os positivos dados do PIB da China, que superaram as expectativas, apesar da desaceleração no terceiro trimestre em comparação com o período imediatamente anterior.
Na agenda internacional, destacam-se as falas das autoridades monetárias, a temporada de resultados e o Livro Bege do Fed.
Os mercados de ações na Ásia caíram nesta quarta-feira, seguindo os sinais mistos dos mercados globais durante o pregão de ontem.
As vendas no varejo dos EUA em setembro foram mais fortes do que o esperado, levantando preocupações de que o Fed manterá as taxas de juros mais altas por um período prolongado ou até anunciará um aumento em breve.
Além disso, as inquietações em relação ao setor imobiliário chinês obscureceram as leituras sobre a economia desse país.
Nesta manhã, os mercados europeus estão experimentando uma leve alta, enquanto os futuros americanos estão em queda.
A ver…
00:48 — Mais uma vez postergada
No Brasil, estamos monitorando dois principais pontos: os dados de vendas no varejo em agosto e a fala de Roberto Campos Neto, o presidente do Banco Central.
Esses elementos podem ter um impacto significativo na curva de juros e, por conseguinte, nos ativos de risco locais.
No cenário político, foi confirmado que a votação do projeto de taxação de fundos não ocorrerá esta semana devido à ausência de Lira, que está em missão oficial no exterior.
Assim, os líderes concordaram em transferir a votação para a próxima semana. Esse atraso é uma preocupação para a equipe econômica, que está trabalhando contra o tempo para maximizar a arrecadação neste último trimestre.
Enquanto isso, estamos à mercê do cenário internacional, enfrentando aversão ao risco devido ao conflito no Oriente Médio e à grande volatilidade nas taxas de juros de mercado nos EUA.
Existe o receio de que todas essas incertezas, tanto domésticas quanto estrangeiras, possam afetar o ciclo de flexibilização da política monetária.
Alguns agentes já mencionam a possibilidade de um ciclo em duas fases, onde a primeira manteria a taxa de juros em dois dígitos e, posteriormente, convergiria para os 9% até o final do próximo ano, mas não sem uma pausa.
No âmbito corporativo, a Vale não apresentou uma reação muito animadora após o relatório de produção e vendas do terceiro trimestre.
01:41 — Ao infinito e além
O mais recente indicador de força econômica dos EUA levou a um aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro e a uma queda nas ações ontem.
Os consumidores americanos continuam a impulsionar as vendas no varejo, superando consistentemente as expectativas de mercado pelo terceiro mês consecutivo.
Os dados revelaram um aumento de 0,7% em setembro, superando a estimativa mediana de 0,3%. Além disso, o crescimento das vendas no varejo em agosto foi revisado para cima, atingindo 0,8%, em comparação com 0,6% anteriormente.
O aumento nos gastos dos consumidores intensifica a pressão ascendente sobre a inflação, aumentando as chances de o Federal Reserve manter as taxas de juros mais altas por um período prolongado ou até mesmo aumentá-las.
Consequentemente, o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos subiu para 4,85%, o nível mais alto desde julho de 2007. Os títulos de 2 anos do Tesouro agora oferecem uma taxa robusta de 5,21%, o maior desde 2006.
A queda de 4,7% da Nvidia também influenciou o índice de tecnologia, após o anúncio de que o governo Biden intensificaria as restrições às exportações de chips de inteligência artificial para a China.
Para hoje, aguardamos mais resultados corporativos de empresas como ASML, Morgan Stanley, Nasdaq, Netflix, Procter & Gamble, SAP, State Street e Tesla.
Na agenda econômica, está prevista a divulgação do Livro Bege do Fed, fornecendo informações sobre as atuais condições econômicas nos 12 distritos de atuação do Fed.
02:38 — E uma alternativa perto de casa?
Tudo indica que o governo da Venezuela e a oposição planejam reiniciar as negociações, que estiveram suspensas por muito tempo, na terça-feira.
Essa ação pode eventualmente levar os EUA a relaxar suas sanções contra o país.
No entanto, qualquer ação por parte dos EUA está condicionada ao compromisso do presidente Nicolás Maduro com uma data para as eleições presidenciais e à suspensão das proibições impostas aos candidatos da oposição.
O presidente Lula também estaria atuando nos bastidores para facilitar esse processo.
Não está claro quando esse cenário se concretizará, mas a flexibilização das sanções contra o setor energético da Venezuela poderá liberar as exportações de petróleo do país.
Isso poderia ajudar a aliviar as restrições nos mercados globais de petróleo, que estão se agravando devido ao conflito no Oriente Médio e a possibilidade de escalada.
Apesar da possibilidade de aumento nas exportações com base nas grandes reservas de petróleo do país, a produção da commodity na Venezuela provavelmente permanecerá deprimida devido à má manutenção das infraestruturas e aos insuficientes investimentos no setor.
Estima-se que levaria cerca de cinco anos para retomar o ritmo de produção do passado.
Em resumo, as exportações da Venezuela podem ajudar, mas não serão suficientes para compensar o déficit de oferta causado pelos cortes na produção da Arábia Saudita e da Rússia.
03:30 — Melhor do que o esperado!
O PIB da China no terceiro trimestre superou as expectativas do mercado, mantendo viva a esperança de alcançar a meta de crescimento deste ano.
Entre julho e setembro, o PIB do país cresceu 4,9%, superando as expectativas de 4,3%. Embora menor que os 6,3% registrados no segundo trimestre, é um desempenho positivo.
Os dados da produção industrial também foram promissores, avançando 4,5% em setembro, além das vendas no varejo, que cresceram 5,5% no último mês.
Esse movimento ocorreu à medida que o governo ampliou o apoio e os gastos dos consumidores aumentaram.
No entanto, as bolsas asiáticas caíram, indicando um sentimento ainda frágil.
Isso se deve ao persistente desafio do mercado imobiliário, onde a construtora chinesa Country Garden, em dificuldades, sinalizou um possível default pela primeira vez, pois o período de carência para os juros dos títulos em dólares está se esgotando.
O mercado não parece confiar apenas em uma melhoria nos dados macroeconômicos; os investidores continuarão a monitorar os resultados das empresas e os estímulos do governo para impulsionar a confiança.
04:11 — O risco de uma escalada…
Uma explosão em um hospital em Gaza teve impacto na reação dos mercados financeiros ao conflito entre Israel e o Hamas.
Inicialmente, os mercados subestimaram o risco de um conflito mais abrangente.
No entanto, após a explosão, líderes da Palestina, Egito e Jordânia cancelaram reuniões com o presidente dos EUA, Biden, e protestos ocorreram em várias cidades importantes na região.
O presidente americano ainda está agendado para visitar Israel nesta quarta-feira para mostrar apoio e tentar conter a propagação do conflito.
O Hamas acusou o governo israelense pela explosão, mas Israel afirmou que o acidente foi causado por uma falha em um míssil do grupo aliado Jihad Islâmica Palestina (um míssil entre os mais de 20% de mísseis que falharam em todos os disparos vindos da Faixa de Gaza).
Bem, não custa lembrar que grupos terroristas não são considerados fontes confiáveis de informação.
De qualquer forma, o incidente foi trágico, sendo o mais mortal desde o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro, que resultou na morte de mais de 1.300 israelenses.
O Pentágono afirmou não ter informações sobre o responsável e os EUA solicitaram uma investigação, enquanto Israel informou estar enviando todas as evidências às autoridades internacionais.
Em resposta ao risco de escalada, os EUA colocaram 2 mil soldados em alerta máximo e aumentaram a presença de porta-aviões no Oriente Médio.
O preço do petróleo subiu para mais de US$ 90 por barril no contrato Brent, pois os investidores estão atentos caso os combates se espalhem além de Gaza.
Um conflito mais amplo poderia ameaçar os fluxos de petróleo, agravando um mercado petrolífero já sobrecarregado após meses de cortes na oferta da OPEP+.