VOLTANDO DO FERIADO COM O PÉ DIREITO
Os mercados internacionais continuam a repercutir o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, na quarta-feira, quando o banco central americano optou por manter a taxa básica de juros inalterada.
Essa notícia gerou entusiasmo entre os investidores, com a leitura predominante de que o ciclo de aperto monetário chegou ao fim (ainda que a porta siga aberta para uma alta adicional).
Hoje, os mercados globais apresentam ganhos, sendo que os ativos asiáticos mantiveram a tendência positiva nesta sexta-feira, ainda refletindo os avanços nas ações dos EUA e nos títulos do Tesouro de longo prazo.
Na Europa, os mercados estão em alta nesta manhã, embora os futuros dos EUA indiquem um movimento contrário, pelo menos por enquanto.
Os investidores estão adotando uma postura cautelosa antes da divulgação do relatório de emprego de outubro, previsto para hoje.
As bolsas ainda podem reagir ao desempenho da Apple, que, embora tenha registrado lucro acima das expectativas, decepcionou devido à queda na receita (o quarto declínio trimestral consecutivo da receita da empresa), causada por um mercado desacelerado de Macs e uma demanda instável na China. Após o expediente, as ações da Apple caíram 3,39%.
A ver…
00:45 — Uma bela digestão
No Brasil, temos um "catch-up" a fazer em relação ao desempenho do índice EWZ no exterior, que subiu quase 3% enquanto o mercado local estava fechado devido ao feriado de Finados.
Na noite de quarta-feira, como amplamente esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa de juros em 50 pontos-base, confirmando mais cortes da mesma magnitude para as próximas reuniões.
Havia apreensão sobre a possibilidade de a frase "de mesma magnitude" ser omitida, mas isso não aconteceu, indicando que o ciclo de flexibilização segue em sua trajetória e ritmo.
A expectativa é de que encerremos o ano com a taxa de juros em 11,75%, conforme mencionado anteriormente, com mais um corte de 50 pontos-base no início do próximo ano.
O ritmo em 2024 dependerá de vários fatores, incluindo dados de atividade e inflação, expectativas ancoradas (muitas vezes relacionadas à saúde fiscal) e o cenário internacional, que atualmente é bastante complexo.
As quedas sucessivas na arrecadação federal no segundo semestre deste ano, ao contrário do primeiro semestre bem-sucedido, começaram a preocupar os agentes políticos.
No entanto, o alerta do Copom sobre a importância de seguir as metas fiscais não o impediu de confirmar novos cortes na taxa Selic.
Outro ponto de atenção são as taxas de juros de mercado nos EUA, que também podem ser reduzidas nos próximos meses (o ambiente internacional foi descrito como "adverso").
O mercado ainda projeta o fim do ciclo de flexibilização da taxa Selic em 11% ou até 10,5%, o que o autor considera um cenário conservador.
A visão dele é que a Selic poderá atingir um dígito, ainda que seja relativamente alto, como 9,5%, até o final de 2024 ou o início de 2025, mesmo que o processo ocorra de forma gradual. Claro, tudo dependerá das condições futuras, especialmente a execução do novo arcabouço fiscal.
01:57 — Alterando a meta
Também na quarta-feira, o presidente Lula se reuniu com os ministros da área econômica para discutir a alteração da meta fiscal.
Embora não tenha havido uma decisão definitiva nessa reunião, todos saíram dela com a mesma impressão.
Tudo indica que a meta fiscal para 2024 apontará para um déficit de 0,5% do PIB através de uma emenda ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), que será apresentada no dia 16, véspera do prazo final (curiosamente, os EUA têm até o dia 17 para lidar com o risco de shutdown).
No entanto, os técnicos da equipe econômica desejam uma meta de apenas 0,25%, uma vez que há uma margem de tolerância de 25 pontos-base.
Independentemente do número final, ele ainda será mais favorável do que as expectativas do mercado, que estão em torno de 0,8%.
Se a decisão de mudar a meta for feita por meio de uma emenda, a votação do relatório preliminar da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) pode ocorrer na semana que vem (a Comissão Mista de Orçamento marcou sessão para a próxima terça-feira).
O relator está com pressa para votar o parecer preliminar na comissão, a fim de iniciar a fase de recebimento das emendas parlamentares, que podem enfrentar atrasos em um ano eleitoral se a aprovação do Orçamento da União demorar.
A LDO serve de base para a Lei Orçamentária Anual (LOA). No início do ano, o mercado apreciava o comprometimento do governo em relação à austeridade fiscal.
No entanto, essa confiança parece estar abalada. Os próximos dias serão cruciais para determinar a nova trajetória fiscal.
02:48 — Foi um bom início de mês, depois de um outubro difícil
Nos EUA, a propensão ao risco regressou aos mercados na quinta-feira, com os investidores esperando o fim do ciclo de subida das taxas do Federal Reserve (a decisão unânime manteve a meta para a taxa dos fundos federais no patamar entre 5,25% e 5,5%), por mais que o presidente Jerome Powell tenha se recusado a dar qualquer indicação real de que o banco central tinha terminado de aumentar as taxas.
O rendimento das notas do Tesouro de 10 anos caiu para 4,67% ao ano, sendo que este mesmo título de 10 anos atingiu 5% há duas semanas. O caminho é positivo.
O Fed ainda deverá agir com cautela, tendo deixado uma porta aberta para um possível aumento das taxas em dezembro. Mas o mercado parece otimista quanto ao progresso na inflação, assim como Powell.
Há algumas evidências de que os 11 aumentos anteriores das taxas do Fed estão afetando a economia, incluindo os dados industriais mais fracos do que o esperado e a leitura de emprego do ADP inferior ao previsto.
Se o relatório de emprego de hoje apontar na mesma direção, isso poderá apontar para o equilíbrio que as autoridades do Fed procuram ver.
03:33 — Uma oferta mais razoável
Embora o Federal Reserve tenha anunciado sua decisão sobre a taxa de juros, Jerome Powell não era o funcionário do governo que mais preocupava os investidores em relação ao que tinha a dizer.
Ele foi ofuscado pela Secretária do Tesouro, Janet Yellen, que forneceu uma atualização sobre o tamanho dos próximos leilões de títulos.
O Tesouro dos EUA revelou seu plano para a emissão de novos títulos, e o mercado reagiu positivamente. Yellen explicou que o governo se concentraria em títulos de prazo mais curto em vez dos de prazo mais longo, o que levou a uma recuperação nos títulos de 10 e 30 anos.
Em termos simples, o Tesouro dos EUA anunciou um aumento ligeiramente menor do que o esperado nas vendas planejadas de títulos de longo prazo em seu plano trimestral de emissão de dívida. Isso ajudou a impulsionar uma recuperação nos títulos do governo, uma vez que a preocupação com um aumento significativo na oferta de títulos diminuiu.
O Tesouro indicou que irá realizar leilões de reembolso trimestrais na próxima semana, envolvendo a venda de US$ 112 bilhões em títulos de longo prazo, que incluem títulos do Tesouro com vencimentos de 3, 10 e 30 anos. Isso é bom porque tira pressão das taxas de juros mais longas.
04:29 — Regulando a inteligência artificial
Recentemente, o presidente Biden emitiu uma ordem executiva relacionada à inteligência artificial (IA). Essa foi a primeira ação federal desse tipo com o objetivo de regulamentar uma indústria que, em grande parte, operou com pouca supervisão.
Uma das principais implicações dessa ordem é que os criadores de futuros modelos avançados de IA deverão submeter os resultados de seus testes de segurança ao governo federal dos Estados Unidos, a fim de demonstrar que suas tecnologias não representam uma ameaça para o público.
É importante destacar que esse esforço será uma iniciativa conjunta, envolvendo diferentes órgãos do governo, que desempenharão papéis específicos na garantia de que a tecnologia da IA seja desenvolvida e utilizada de forma segura e responsável.
A regulamentação pretende estabelecer padrões de referência para os testes de segurança, exigir a marcação de conteúdo criado por sistemas de IA e combater qualquer viés algorítmico.
Nos próximos meses, a Casa Branca continuará desenvolvendo diretrizes adicionais para que as agências federais fortaleçam as práticas de proteção da privacidade relacionadas à IA.
No entanto, o presidente Biden enfatizou que cabe ao Congresso aprovar regulamentações relacionadas à privacidade do consumidor no setor de IA.
Além disso, a ordem executiva busca padronizar o uso de IA pelo governo, simplificando os processos de aquisição de ferramentas de IA e contratação de especialistas por parte das agências federais.
Também prevê a disponibilização de recursos para pequenos desenvolvedores e pesquisadores, visando evitar a concentração de poder no setor por parte de algumas grandes corporações.