COMEÇANDO O ÚLTIMO TRIMESTRE DE 2023 (SIM, JÁ ESTAMOS AQUI)
Para o bem do povo e felicidade geral da nação, o Congresso dos Estados Unidos aprovou no fim de semana uma proposta para estender o financiamento do governo americano por 45 dias, evitando um shutdown e retirando, ao menos temporariamente, um importante fator de incerteza do cenário imediato.
Embora os desafios ainda não estejam completamente resolvidos, os congressistas terão de alcançar um acordo mais definido nas próximas semanas. Pelo menos, o pior foi evitado por enquanto.
O dia se inicia com uma liquidez moderada no outro lado do globo, já que os mercados chinês e coreano estão fechados devido ao feriado da Golden Week.
Sem grandes movimentações, os mercados que permanecem abertos não apresentaram uma direção única.
O debate sobre as taxas de juros ganha força no cenário internacional nesta semana, com o foco voltado para os relatórios de emprego (payroll) que serão divulgados na sexta-feira.
A expectativa é de uma estabilização da atividade econômica nos EUA neste quarto trimestre, apontando para uma transição suave, um "soft landing".
Essa perspectiva, aliada a uma atividade não tão desfavorável na China, conforme indicam os dados de PMI deste final de semana, pode representar o cenário ideal para os ativos de risco que estão sendo buscados.
Os mercados europeus apresentam queda nesta manhã, em contraste com os futuros americanos.
Durante a semana, a OPEP+ terá uma reunião que pode influenciar o preço do petróleo, possivelmente levando-o de volta à faixa dos US$ 100 por barril.
A ver…
00:58 — Aquecendo os motores da agenda econômica
No Brasil, a semana será movimentada em Brasília, com votações cruciais para o Ministério da Fazenda. O cenário internacional e a incerteza fiscal diminuíram a possibilidade de um aumento no ritmo de flexibilização monetária em 2023.
No entanto, uma ação ágil no Congresso em relação à arrecadação pode revigorar um rali de final de ano impulsionado por uma queda consistente na taxa Selic, um fenômeno historicamente observado no final do ano.
Parece haver uma vontade tanto do governo quanto do Banco Central de colaborar de forma institucional nesses esforços.
Três projetos são fundamentais nesse contexto, com destaque para a tributação de fundos offshore e exclusivos, que pode ser levada ao plenário da Câmara entre terça e quarta-feira.
A taxação dos "super-ricos" e a eliminação dos juros sobre capital próprio (JCP) também estão sob foco, integrando um conjunto de ações cruciais para que o governo reduza o déficit ao máximo possível.
Além disso, há o projeto de lei do Marco das Garantias, que facilita o acesso ao crédito, e a votação do projeto de lei do Desenrola, que regula o programa de renegociação de dívidas.
01:41 — Um mês complicado, para dizer o mínimo…
Nos Estados Unidos, o desfecho de um mês (e trimestre) desafiador para as ações foi marcado por outra sessão mista.
Tanto o S&P 500 quanto o Nasdaq experimentaram suas maiores quedas percentuais mensais do ano, enquanto os principais índices registraram suas primeiras quedas trimestrais em 2023.
O Nasdaq encerrou setembro com uma baixa de 5,8%, ampliando a queda para 4,1% no terceiro trimestre. Este foi o pior desempenho mensal do índice de tecnologia desde dezembro.
Por sua vez, o Dow caiu 3,5% no mês e 2,6% durante o terceiro trimestre, interrompendo uma sequência de três trimestres consecutivos de ganhos.
Por fim, o S&P 500 teve uma queda de 4,9% neste mês e 3,6% no trimestre.
O principal catalisador desse clima negativo foi o aumento nos rendimentos da curva de juros. Contribuiu para esse movimento a ressurgência das tensões fiscais, com a possibilidade de outro shutdown iminente. Pelo menos a paralisação do governo dos EUA foi adiada.
Contudo, um efeito do adiamento do encerramento pode ser o desafio enfrentado pelo presidente da Câmara, Kevin McCarthy, que poderia ser substituído pela ala mais rígida do Partido Republicano.
Como sabemos, a questão do mês anterior era mais interna, envolvendo divisões dentro dos republicanos, do que um conflito entre republicanos e democratas.
Além disso, o novo projeto de lei de gastos não prevê financiamento adicional para a Ucrânia.
02:35 — Olhando para frente depois de um certo alívio
Ainda em solo americano, a última sexta-feira começou com um destaque positivo: a divulgação do índice de despesas de consumo pessoal.
O núcleo do PCE, que exclui os custos de alimentos e energia, aumentou 3,9% em agosto, em comparação com os 4,3% de julho.
Embora isso fosse uma boa notícia para o mercado, que já viu o S&P 500 subir cerca de 12% ao longo de 2023, houve uma falta de entusiasmo para comprar ações nas últimas semanas.
Isso é especialmente verdadeiro porque ainda existe a possibilidade de a economia continuar a enfraquecer, já que o impacto de juros mais altos geralmente é sentido com algum atraso.
O próximo teste para o mercado virá com uma série de dados econômicos ao longo desta semana.
Os investidores estarão principalmente focados nos números mais recentes sobre o mercado de trabalho dos EUA, pois isso tem implicações nos gastos dos consumidores e nas políticas do Federal Reserve.
Na terça-feira, teremos a Pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Trabalho (relatório JOLTS), com uma expectativa de 8,8 milhões de vagas de emprego.
Em seguida, na sexta-feira, teremos o relatório de empregos de setembro (payroll). Espera-se um aumento de 155 mil empregos não agrícolas, em comparação com os 187 mil de agosto.
Se os números ficarem abaixo das expectativas, isso pode aliviar a pressão sobre a curva de juros.
03:29 — O que marcou setembro?
Chegamos ao fim do longo mês de setembro. Historicamente, setembro costuma ser desafiador para as ações nos Estados Unidos, e este ano não fugiu à regra.
O índice Nasdaq, por exemplo, teve uma queda de 5,8% durante o mês, marcando o segundo mês consecutivo de retração. O S&P 500 e o Dow Jones também tiveram quedas em setembro, mas o Nasdaq foi o mais impactado.
Grande parte desse movimento pode ser atribuída ao aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro a 10 anos, que alcançaram 4,6% ao longo do mês.
Isso reflete a expectativa de taxas de juros mais altas e prolongadas do Federal Reserve, o que fortalece o dólar e impacta negativamente as ações.
No entanto, trazendo boas perspectivas, iniciamos o mês de outubro, que historicamente é positivo para as ações.
Nos últimos 10 anos, tivemos ganhos no S&P 500 em sete deles durante outubro. Isso pode ser ainda mais verdadeiro se observarmos uma queda mais consistente nos rendimentos da curva de juros.
Vale observar que os investidores não mudaram muito suas expectativas para o pico das taxas do Fed, mas agora esperam menos cortes no futuro em comparação ao início do mês.
A curva de juros ainda permanece invertida, o que costuma ser um sinal de recessão. Contudo, se essa for uma transição suave ("soft landing"), as coisas devem se estabilizar, inclusive no Brasil.
04:23 — Algo como US$ 90 bilhões
A OpenAI está conversando com investidores sobre uma possível venda de ações que avaliaria a startup de inteligência artificial idealizadora do ChatGPT entre US$ 80 bilhões e US$ 90 bilhões, quase o triplo de seu nível no início deste ano, disseram pessoas familiarizadas com as conversas.
A startup, que é 49% detida pela Microsoft, disse aos investidores que espera atingir US$ 1 bilhão em receita este ano e gerar muitos bilhões a mais em 2024.
A OpenAI fatura principalmente cobrando de indivíduos pelo acesso a uma versão mais potente do ChatGPT e licenciamento dos modelos de linguagem por trás desse bot de inteligência artificial para as empresas.
Espera-se que o acordo permita que os funcionários vendam as suas ações, sem que a empresa tenha de emitir novas ações para levantar capital adicional.
Os representantes da OpenAI começaram a apresentar o acordo aos investidores, embora seja possível que os termos possam mudar.
Uma avaliação de US$ 80 bilhões ou acima disso tornaria a OpenAI uma das startups globais mais valorizadas, atrás da SpaceX, de Elon Musk, e da proprietária do TikTok, ByteDance.