DEPOIS DE NOVEMBRO, AINDA TEMOS MAIS PARA SUBIR EM DEZEMBRO?
O encerramento desta semana marca o início do último mês do ano.
Nesta sexta-feira, um dia mais ameno em comparação com os últimos, os investidores estão dedicados a assimilar os desenvolvimentos da semana e a acompanhar pronunciamentos de autoridades monetárias, incluindo mais uma intervenção da presidente do BCE, Christine Lagarde, agendada para hoje (sim, mais uma vez).
Além disso, estamos atentos aos dados de atividade global referentes a dezembro, que podem confirmar uma desaceleração mais pronunciada na economia mundial.
Os mercados europeus iniciam o dia em alta, alinhados com os futuros americanos.
No entanto, o pregão na Ásia não teve um desempenho tão positivo, desvinculando-se do comportamento observado no final do mês no Ocidente.
Mesmo com alguns dados relativamente encorajadores, como o fortalecimento das exportações sul-coreanas em novembro, o pessimismo prevaleceu, principalmente devido à China, onde o principal índice de ações encerrou no seu patamar mais baixo em mais de um mês, muito por conta das preocupações em torno da desaceleração do crescimento econômico.
A ver…
00:46 — E esse rali de final de ano: lenda ou verdade?
No Brasil, após o Ibovespa registrar uma alta superior a 12% em novembro e acumular uma valorização de mais de 16% no ano, muitos se questionam se ainda há espaço para mais valorização em 2023. Minha interpretação sugere que sim, há ainda mais progresso a ser feito.
O ciclo de redução da taxa de juros começou recentemente, e os valuations ainda apresentam descontos significativos de forma geral.
Com a Bolsa já estando aos 127 mil pontos, não vejo motivos para que ela não busque os 130 mil pontos ou até mesmo os 135 mil pontos até o final do ano.
Como pano de fundo, as recentes declarações de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central, continuam gerando impactos positivos no mercado.
A mensagem, interpretada como dovish (flexível ou expansionista em termos monetários), expressou satisfação com o ritmo dos cortes de 50 pontos-base na taxa Selic. Sua abordagem foi ponderada, indicando que o Banco Central mantém uma postura objetiva e técnica em relação aos dados mais recentes, especialmente aqueles de alta frequência.
Atualmente, há um "forward guidance" para manter esse ritmo de 50 pontos nas próximas reuniões, enquanto algumas interpretações anteriores permitiam considerar uma aceleração nesse processo de redução. Sinceramente, não vejo essa aceleração como necessária.
Podemos seguir nessa trajetória até alcançarmos o tão desejado patamar de um dígito. A lenda do rali de Natal pode ser real em 2023.
01:51 — O rumo do mercado americano
O mercado de ações dos EUA acaba de completar o seu melhor mês em quase um ano e meio, marcando um dos novembros mais positivos em décadas, desafiando os céticos e nutrindo expectativas de mais ganhos no futuro.
O índice S&P 500, por exemplo, registrou um avanço de 8,9% este mês, sendo o segundo melhor novembro desde 1980, ficando atrás apenas da recuperação impulsionada pela pandemia em 2020.
A ascensão das ações faz parte de uma recuperação abrangente nos mercados, desencadeada por uma queda nos rendimentos das obrigações, que se intensificou à medida que sinais de sucesso no controle da inflação sem prejudicar a economia tornaram-se mais evidentes.
Com o S&P 500 a apenas 5% de seu recorde, surge a oportunidade de virar a página, especialmente com a queda da inflação. Pelo menos essa é a esperança.
Ontem, dados sobre gastos dos consumidores nos EUA, inflação e mercado de trabalho indicaram um arrefecimento nas últimas semanas, fortalecendo a evidência de uma desaceleração econômica.
Os gastos pessoais ajustados pela inflação aumentaram 0,2% no último mês, após um avanço revisado para baixo de 0,3% em setembro.
Adicionalmente, os dados revelaram pedidos recorrentes de benefícios de desemprego atingindo o nível mais alto em cerca de dois anos.
Para hoje, aguardamos o índice de gerentes de compras de manufatura de novembro. Se seguir a tendência dos demais números, o mercado pode reagir positivamente.
02:43 — Os desafios da COP28
Milhares de representantes se reúnem em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (EAU), desde ontem, para a COP28.
Entretanto, o escasso avanço nos objetivos climáticos de longo prazo e a influência da indústria dos combustíveis fósseis na conferência climática da ONU estão comprometendo a credibilidade da cúpula.
Para agravar a situação, documentos vazados sugerem que os EUA estão aproveitando a ocasião para pressionar por acordos petrolíferos. As raposas estão no galinheiro…
Além disso, os líderes das duas maiores e mais poluentes economias do mundo nem mesmo comparecerão: o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente chinês, Xi Jinping, não participarão do evento.
Com isso, o que está em foco na agenda? Um dos principais objetivos é angariar fundos para o chamado "fundo de perdas e danos", acordado no ano passado pelos delegados.
Até 2030, o fundo deverá alocar US$ 100 bilhões para auxiliar os países em desenvolvimento a se recuperarem de catástrofes relacionadas ao clima e a se adaptarem às crescentes mudanças climáticas (mudanças nas quais eles próprios tiveram pouco ou nenhum papel, vale dizer).
No entanto, os líderes mundiais parecem estar discordando sobre este tema.
A incerteza persiste: mais de um quarto de século após a primeira COP em Berlim, a agenda climática respaldada pela ONU ainda mantém sua credibilidade? O mundo avança dolorosamente devagar na redução das emissões de carbono, e os objetivos para alcançar zero emissões líquidas até 2050 exigirão mudanças tão significativas que podem parecer irreais.
03:37 — Mais cortes e a nossa possível entrada na OPEP+ (não na OPEP)…
O mercado de petróleo busca estabilização após a reunião da Opep+ na quinta-feira, que prometeu mais cortes na produção, mas careceu de detalhes claros.
A falta de uma coletiva de imprensa conclusiva e de comunicados finais resultou em uma série de números um tanto confusos, deixando os investidores sem uma compreensão clara do acordo.
O entendimento geral é que a aliança anunciou cortes adicionais na produção de petróleo, variando de 900 mil a 1 milhão de barris por dia a partir de janeiro.
No entanto, essas restrições são amplamente voluntárias, e Angola já as rejeitou.
A redução coincide com a previsão de uma extensão no próximo ano da redução voluntária da produção da Arábia Saudita, de magnitude semelhante.
No geral, os cortes voluntários de produção, totalizando 2,2 milhões de barris por dia em diferentes países membros, serão mantidos no primeiro trimestre de 2024.
Contudo, o convite surpreendente ao Brasil para se juntar à OPEP+ (diferente da OPEP stricto sensu) chamou a atenção.
A decisão do governo sobre esse assunto ainda está pendente, mas é considerada uma possibilidade a partir do próximo ano.
04:25 — Mais recuos e sinais de moderação
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, conhecido por suas abordagens excêntricas, fez uma escolha surpreendentemente convencional para o cargo de ministro da Economia nesta semana, nomeando Luis Caputo, ex-ministro das Finanças e ex-presidente do banco central durante o governo Macri.
Caputo enfrenta a desafiadora missão de combater uma taxa de inflação superior a 140%.
Inicialmente, as propostas radicais de Milei cativaram os eleitores, mas geraram preocupações entre os investidores.
Nos últimos dias, no entanto, o presidente eleito tem sinalizado uma postura mais moderada, um ajuste crucial para o exercício do cargo.
A nomeação de Caputo para a Economia parece ser uma tentativa de tranquilizar os mercados antes de sua posse no próximo mês.