VERSOS INQUIETOS: A INFLAÇÃO BRASILEIRA ENCONTRA NOVO RITMO
Nos mercados asiáticos desta terça-feira, não houve uma direção única, mas predominantemente um viés positivo, refletindo a tendência global de alta que ocorreu durante o pregão anterior.
O foco está no alívio em relação às perspectivas das taxas de juros, impulsionado por relatórios que indicam uma possível mudança na postura do Federal Reserve dos EUA em relação às taxas de juros.
No entanto, os investidores continuam cautelosos, pois aguardam uma série de dados econômicos significativos programados para serem divulgados nos Estados Unidos, Europa e China ao longo da semana, os quais têm potencial para impactar significativamente as perspectivas das taxas de juros.
Enquanto isso, nos mercados europeus, a manhã se desenrola sem uma direção única, e os futuros dos Estados Unidos apresentam queda.
A ferramenta FedWatch do CME Group atualmente indica uma probabilidade de 93% de que o Fed mantenha as taxas de juros inalteradas na próxima semana, mas sinaliza uma probabilidade de 42,5% de outro aumento de um quarto de ponto nas taxas em novembro.
O otimismo observado em relação à China no dia anterior parece ter perdido força.
Na agenda, os investidores estão analisando dados relacionados ao mercado de trabalho no Reino Unido e aos preços no atacado na Alemanha.
A ver…
00:52 — E essa inflação aí?
Hoje, o destaque do dia gira em torno do IPCA de agosto. A expectativa de uma aceleração no índice no segundo semestre já era esperada, principalmente devido ao efeito de base em relação ao ano anterior.
No entanto, dados recentes têm gerado alguma preocupação sobre uma aceleração mais acentuada do que inicialmente previsto.
Isso se reflete no relatório Focus, que já mostra um ligeiro aumento nas expectativas de inflação para o final do ano, embora haja uma melhora contínua nas projeções para o PIB de 2023 (a mediana do IPCA para 2023 passou de 4,92% para 4,93%, e a do IPCA para 2024 de 3,88% para 3,89%).
Portanto, será crucial analisar a composição detalhada do índice, especialmente nos setores de serviços e alimentação.
Dependendo do que encontrarmos nos detalhes do dado, especialmente em serviços e alimentação, as chances de um corte de 75 pontos-base na taxa de juros ainda em 2023, e não apenas em 2024, podem se manter vivas.
No entanto, se o dado superar significativamente as expectativas, isso poderá descartar essa possibilidade.
A próxima reunião do Copom está programada para ocorrer entre os dias 18 e 20 deste mês.
Uma aceleração mais acentuada poderia gerar um sentimento mais otimista no mercado, impulsionando ativos de risco.
01:47 — Um gasolina mais apertada
Existem dois fatores adicionais que estão exercendo pressão sobre o Banco Central, nomeadamente o aumento nos preços do petróleo e a cotação do dólar.
Quanto ao primeiro ponto, a Agência Internacional de Energia divulgou sua previsão sobre o pico da demanda por combustíveis fósseis, prevendo que isso ocorrerá antes de 2030.
Essa mudança na demanda reflete a dinâmica em evolução da economia.
O desafio está em como alocar recursos limitados entre necessidades ilimitadas, considerando o cenário atual em que os Estados Unidos estão esgotando seus estoques de petróleo e a OPEP+ está reduzindo sua produção.
Como resultado desse contexto, a defasagem entre o preço da gasolina vendida pela Petrobras e o preço internacional atingiu R$ 0,49 por litro, o que equivale a 14,28%, de acordo com dados levantados pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Em comparação, há apenas uma semana, os preços da gasolina da Petrobras estavam R$ 0,37 por litro abaixo dos preços internacionais, representando uma diferença de cerca de 11,26%.
Por outro lado, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula uma diferença de R$ 0,27 por litro na gasolina e de R$ 0,74 por litro no diesel.
A Petrobras realizou seu último reajuste nos preços dos combustíveis em 16 de agosto, quando aumentou os preços da gasolina em 16,18% e do diesel em 25,8%.
Nesse ritmo, mais ajustes serão necessários. O governo estará disposto?
02:33 — Começando bem uma semana importante
Nos Estados Unidos, as ações do setor de tecnologia foram as principais impulsionadoras dos mercados ontem, marcando o início de uma semana agitada para esse setor.
Os índices de mercado abriram com força, mas depois perderam um pouco de ímpeto antes de se recuperarem durante a tarde, encerrando o dia com ganhos sólidos.
Um evento amplamente aguardado é o lançamento anual de outono da Apple, a empresa mais valiosa do mercado.
Espera-se o anúncio de novos modelos de iPhones, Apple Watches e possivelmente atualizações nos AirPods (mais detalhes sobre isso a seguir).
Além disso, hoje em Washington, a Alphabet, controladora do Google, enfrentará julgamento em decorrência de acusações do Departamento de Justiça dos EUA e de vários procuradores-gerais estaduais.
Eles alegam que a empresa estabeleceu um monopólio ilegal no mercado de buscas na internet e questionam se a Alphabet adotou práticas que consolidaram seu domínio de maneira contrária às leis antitruste federais.
Além dessas questões corporativas, as expectativas estão se formando em relação aos dados de inflação que serão divulgados ao longo da semana. Hoje, teremos o índice de otimismo das pequenas empresas referente a agosto.
03:28 — Dia de lançamento
Este é um momento crucial para a Apple, pois se aproxima do evento anual de revelação do iPhone. Este evento oferece à empresa a oportunidade de surpreender o público com seu mais recente modelo e marca o início da temporada de vendas para o final do ano.
O lançamento mais aguardado da Apple este ano é a linha iPhone 15, que incluirá quatro modelos diferentes. Além disso, pequenas atualizações são esperadas para o Apple Watch e os AirPods.
A Apple realizará este evento em sua sede em Cupertino, Califórnia, e devido ao seu status como a empresa mais valiosa do mundo, há uma grande expectativa em torno dele.
Qualquer resultado decepcionante ou a falta de esclarecimentos, mesmo que breves, sobre questões relacionadas à China, podem afetar o sentimento do mercado de forma negativa.
04:11 — Japão mudando de postura
O presidente do Banco Central do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, declarou que o banco central poderá encerrar sua política de taxas de juros negativas caso a meta de inflação de 2% esteja próxima de ser alcançada.
Ele afirmou que, uma vez convencidos de que o Japão está caminhando para um aumento sustentado na inflação, acompanhado pelo crescimento dos salários, o BoJ terá várias opções à disposição.
Ueda sugeriu que até o final do ano, o BoJ poderá dispor de dados suficientes para determinar se é apropriado encerrar as taxas de juros negativas.
Isso ocorre em um momento em que a economia japonesa está demonstrando sinais de recuperação, com um crescimento de 1,5% (em termos anualizados) no segundo trimestre, superando significativamente as expectativas do mercado, que projetava um crescimento de 0,8%.
Essa expansão representa o ritmo mais acelerado desde 2020.
As declarações de Ueda tiveram um impacto significativo nos mercados globais, levando a uma forte desvalorização do dólar em todo o mundo, incluindo em relação ao real.
Parece que esses comentários foram destinados a conter a queda do iene.
No entanto, a possível mudança na política de juros no Japão também pode ter implicações mais amplas para os mercados desenvolvidos, uma vez que os títulos públicos japoneses podem voltar a se tornar atrativos.