LULA EM BRUXELAS: QUANDO A POLÍTICA BRASILEIRA ENCONTRA A CIDADE DO CHOCOLATE
Os mercados asiáticos abriram em queda nesta segunda-feira (17), em resposta aos fracos dados econômicos da China.
Embora os números não tenham sido tão ruins quanto o temido, eles ainda alimentaram a impaciência dos investidores devido à falta de um grande estímulo fiscal por parte do governo chinês.
O banco central da China também manteve inalterado seu mecanismo de empréstimo de médio prazo, apesar do crescimento do PIB abaixo do esperado. Esses fatores afetaram negativamente o desempenho das commodities.
Na Europa e nos Estados Unidos, os mercados também refletem o sentimento negativo observado na Ásia.
Há incerteza em relação à política monetária nos EUA e ansiedade em relação aos resultados corporativos do segundo trimestre, que continuam sendo divulgados.
Além disso, os preparativos para a cúpula do G20, que ocorrerá na Índia, chamam a atenção da comunidade internacional em termos geopolíticos.
A ver…
00:42 — A atividade brasileira está fragilizada
Por aqui, podemos observar um possível impacto negativo decorrente do PIB da China, que veio abaixo das expectativas e afetou os preços internacionais das commodities.
Existe a expectativa de que mais indicadores fracos na China levem o governo a adotar medidas de estímulo econômico.
Apesar da possibilidade de estímulos no longo prazo, o impacto de curto prazo é negativo e estamos suscetíveis a essa influência.
Durante esta semana, é importante destacar o relatório de produção e vendas da Vale, que será divulgado na terça-feira, e o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) referente a maio, divulgado hoje pela manhã e pode ter influência nas decisões de corte de juros.
Na semana passada, as vendas no varejo evidenciaram a fragilidade da economia brasileira, registrando uma queda de 1,1% na comparação mensal para o consumo ampliado (-1% no conceito restrito).
Embora estejam alinhadas com o desempenho do setor no PIB do primeiro trimestre, esses números representam o pior mês em cinco anos para o varejo.
Agora, resta aguardar se o IBC-Br também irá decepcionar ou se trará algum otimismo, como ocorreu com os dados do setor de serviços e da produção industrial. Caso os indicadores sejam fracos, poderia haver uma maior probabilidade de corte na taxa Selic.
01:33 — Samba em Bruxelas
O presidente Lula encontra-se em Bruxelas para participar da cúpula que reúne países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE).
Durante o evento, além de ressaltar o papel do Brasil na questão climática, o presidente irá expor sua posição em relação ao acordo entre o Mercosul e a UE.
Nesse sentido, o governo brasileiro preparou uma resposta abordando ajustes no acordo, com destaque para uma revisão do capítulo que trata das compras governamentais. É esperado que ocorram mais negociações nas próximas semanas.
A contraproposta brasileira é uma resposta ao adendo proposto pela UE, que demanda novos compromissos na área ambiental por parte do bloco sul-americano e prevê possíveis sanções comerciais em caso de descumprimento.
Atualmente, o acordo contempla igualdade de tratamento entre empresas nacionais e europeias em licitações do governo federal, aspecto que tem sido objeto de críticas por parte do governo brasileiro.
Embora não seja um tema formal da cúpula desta semana, é esperado que Lula discuta o assunto durante suas conversas com outros líderes presentes.
02:29 — Mais resultados corporativos
No mercado dos Estados Unidos, os investidores receberam uma série de notícias positivas na sexta-feira. O início da temporada de resultados do segundo trimestre trouxe resultados melhores do que o esperado para JPMorgan Chase, Wells Fargo e Citigroup.
Além disso, o sentimento do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, atingiu seu nível mais alto desde setembro de 2021, registrando a maior melhora em um mês desde 2006.
Paralelamente, os investidores estão se sentindo mais otimistas em relação à inflação, com o mercado precificando agora apenas mais um aumento de juros ao longo deste ano.
Os futuros do mercado indicam uma probabilidade de mais de 60% de que a taxa de fundos do Federal Reserve termine o ano entre 5,25% e 5,50%, o que representa um aumento de apenas 25 pontos-base em relação ao nível atual. É praticamente certo que esse último aumento ocorrerá na reunião do Fed em julho.
A temporada de resultados do segundo trimestre continua nesta semana, com cerca de 60 empresas do índice S&P 500 apresentando seus relatórios.
Entre os destaques, estão empresas como Tesla, Morgan Stanley, Goldman Sachs, United Airlines, Netflix, IBM, Taiwan Semiconductor Manufacturing, Johnson & Johnson, American Airlines e American Express.
Os investidores estarão atentos a esses resultados para avaliar o desempenho das empresas e suas perspectivas futuras.
03:16 — Um crescimento fraco
O crescimento do PIB da China no segundo trimestre apresentou um desempenho misto, como era esperado.
Houve uma desaceleração em relação ao primeiro trimestre, porém, o resultado ficou um pouco aquém das expectativas em comparação com o mesmo período do ano passado.
O PIB chinês registrou um crescimento anualizado de 6,3% no trimestre encerrado em junho, enquanto as projeções apontavam para um crescimento de 6,9%.
Esses números mais fracos ofuscaram a boa notícia relacionada à produção industrial. Uma China com um desempenho mais fraco pode ter impactos no crescimento econômico global.
Como a demanda doméstica chinesa tem se concentrado principalmente no setor de serviços, as flutuações nessa demanda têm limitado seu impacto nas outras economias.
Os números sugerem que o boom econômico pós-pandemia na China está claramente terminando.
Agora, resta saber se o governo chinês adotará medidas de estímulo para impulsionar a economia ou se enfrentaremos uma maior frustração em relação a 2023.
04:09 — Crise no Mar Negro
Crescem as preocupações de que a Rússia possa se recusar a estender sua participação na Iniciativa de Grãos do Mar Negro, uma vez que o acordo expira nesta segunda-feira. Autoridades russas já deram sinais nesse sentido.
Esse acordo tem sido fundamental para permitir o fluxo de grãos do porto ucraniano de Odessa desde julho passado, aliviando a crise global de alimentos causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
No entanto, a Rússia apresenta duas exigências para estender o acordo: a reabertura do oleoduto de amônia, um componente-chave na produção de fertilizantes, e a reconexão do Banco de Agricultura da Rússia à rede global de pagamentos, SWIFT.
Infelizmente, é improvável que as demandas sejam atendidas dentro do prazo.
Mas qual seria o impacto caso o acordo não seja renovado? Em resumo, os grãos se tornariam mais caros, levando a um aumento da inflação nos preços dos alimentos e agravando ainda mais a crise da fome global.
Vale destacar que o acordo já foi prorrogado três vezes, e a Rússia ameaçou sair duas vezes anteriormente, assim como está fazendo agora mais uma vez.
Além disso, o presidente Putin está ciente de que, se o acordo fracassar, os preços mais altos dos grãos prejudicarão alguns dos principais parceiros comerciais de Moscou no sul global.
A China, por exemplo, é o maior importador mundial de trigo e já solicitou a extensão do acordo de grãos.