Bolsa barata ou renda fixa confortável? Saiba como os peixes grandes da Faria Lima estão se movimentando no mar revolto dos mercados
Piora externa leva à proteção e favorece a renda fixa no curto prazo, mas gestoras como Alaska, Galápagos, Asa e Trígono estão otimistas com a bolsa para 2024

O mar não está para peixe para os investimentos em renda variável, com a bolsa de valores voltando a amargar quedas em meio à tensão geopolítica e os movimentos nos juros nos Estados Unidos.
E até mesmo os tubarões do mercado têm dificuldades para nadar nesse cenário. Afinal, de um lado a renda fixa oferece o conforto de taxas altas — mesmo com o processo de corte da Selic em curso — e baixo risco.
Mas a tentação de nadar nas águas revoltas da bolsa é grande. Afinal, as ações brasileiras estão baratas e perto dos menores níveis históricos quando se considera a relação entre o preço e o lucro das empresas.
Para saber como os investidores estão encarando o atual momento do mercado, eu conversei com grandes gestores e estrategistas que estiveram no 44º Congresso Brasileiro de Previdência Privada nesta semana.
Bolsa x renda fixa
As aplicações em renda fixa seguem sendo as preferidas dos investidores, especialmente quando se fala de um tipo de investidor que traz muito dinheiro para o mercado de capitais no Brasil, os fundos de pensão e previdência, disse Gabriela Santos, estrategista de mercados globais do JP Morgan Asset Management.
Recentemente, a estrategista disse que as mudanças nas alocações dos fundos de pensão ainda foram no sentido de reduzir riscos, mas buscando diversificar opções dentro da renda fixa e de olho em ativos que possam se beneficiar de uma inflação mais alta.
Leia Também
Porém, isso não exclui a possibilidade de os fundos voltarem a olhar investimentos de maior risco e que tenham apetite por ações, principalmente a partir do ano que vem.
Bolsa: cautela no curto prazo e otimismo no médio prazo?
Para os peixes grandes do mercado financeiro, o momento ainda pede cautela, mas não dá para ignorar que há ações brasileiras já muito descontadas e que a trajetória da Selic é de queda.
“O cenário ainda é muito nebuloso e faz diminuir o risco, traz uma cautela de curto prazo, mas, por outro lado, há taxas de retorno muito atrativas na bolsa”, disse Marcos Kawakami, responsável por renda variável da BNP Paribas Asset Management.
Kawakami acredita que o momento “é bem atrativo” para a bolsa, principalmente se o investidor comprar ações pensando em um horizonte um pouco mais longo, de três a cinco anos, já que há perspectiva de valorização do mercado acionário conforme cai a Selic.
Completando a visão do head de renda variável, o diretor de investimentos (CIO) da asset do BNP, Gilberto Kfouri Júnior, reforçou que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, tem indicado que deve manter o ritmo de queda da Selic mesmo com a piora no cenário externo.
“O juro real está elevado e existe espaço. Acredito que nas próximas duas, três reuniões do Copom o ritmo de que não vai mudar”, afirmou.
Kfouri também segue acreditando que a Selic pode cair para em torno de 9% ao fim do ciclo, apesar de parte do mercado já apostar que ela vai parar antes, perto dos 10%.
Um dos mais otimistas com as perspectivas para a bolsa e que também destaca a influência da Selic é Luiz Alves Paes de Barros, sócio-fundador e chairman da Alaska Asset Management, umas das gestoras mais conhecidas do país.
Para o lendário investidor da bolsa brasileira, agora não é o momento de migrar o portfólio para ações com a Selic ainda em 12,75% ao ano, mas essa hora vai chegar em apenas algumas semanas ou meses.
“Quando ficar claro para o mercado que os juros vão cair, a bolsa vai subir rápido, ela antecipa movimentos”, afirmou.
Preparando o terreno para a demanda em renda variável
Apesar de algumas alocações mais defensivas nas estratégias de gestoras e assets agora, uma demanda por investimentos em renda variável já começou a ser sentida e tem gestoras preparando o terreno para aproveitar o potencial de melhora.
É o caso da Galapagos Capital, que acabou de investir na ampliação da equipe e produtos da área, com oito pessoas e dois produtos.
“Na semana passada, começou uma nova equipe de renda variável na Galapagos. Uma das motivações foi que sentimos o interesse do varejo com o início da queda de juros”, disse Fabio Guarda, sócio e gerente de portfólio da Galapagos.
Por enquanto, porém, Guarda acredita que o principal índice da bolsa, o Ibovespa, pode seguir negociado na faixa dos 115 mil pontos. A Galápagos inclusive está diminuindo a exposição ao risco, já que o cenário “ganhou complexidade” com alta das Treasurys e mais uma guerra.
A gestora também está mantendo algumas estratégias e operações que já garantem alguma segurança em caso de uma piora lá fora, como estar comprado em Petrobras (PETR4), mas vendido em petróleo.
- LEIA TAMBÉM: Conflito Israel-Hamas sacode os mercados: ouro chega ao maior nível em um mês e petróleo pega carona na alta
Quais setores da bolsa estão mais atrativos e de quais manter distância?
Os gestores e estrategistas com que conversei apontaram ações descontadas e atrativas em todos os setores, mas alguns têm chamado mais a atenção, embora cada gestora tenha preferências e estratégias específicas para gerir seus fundos.
Na Asa Investments, por exemplo, Ricardo Almeida, head de renda variável, conta que depois de o fundo ter registrado a menor exposição ao risco da história da gestora em setembro, já começou a retomar posições mais arriscadas aos poucos e está otimista.
Essas posições ocorreram até em ações de empresas ligadas ao consumo doméstico, que vinham enfrentando dificuldades, mas no que chamou de “consumo mais defensivo”.
“Adicionamos Assaí, Grupo Mateus, RD, Totvs e Intelbras. A MRV também passou a ter 2% de representatividade no fundo”, afirmou.
Para entrar nessas companhias, saíram de small caps e um pouco de empresas do setor elétrico, por exemplo.
A Asa também reduziu um pouco a alocação em empresas ligadas a commodities, embora continuem com uma grande fatia do fundo na Vale e Petrobras, com 11% cada uma.
Almeida ainda vê um alívio para as empresas e para a bolsa principalmente a partir do ano que vem em função da queda dos juros por aqui.
“Se a Selic sair dos atuais 12,75% para 10,75%, o juro médio de 2024 já vai ser significativamente menor do que o de 2023.”
Novo índice de dividendos da B3 (IDIV) não é a melhor escolha para buscar renda extra mensal na bolsa; entenda
O dilema do varejo
Uma das apostas mais controversas na bolsa neste momento de incerteza é no setor de varejo, apesar dos preços atrativos das ações.
“Não é toda empresa que está barata que vale arriscar comprar, ainda tem companhia com risco até de quebrar. Dentro do varejo, por exemplo, há muitas empresas alavancadas e que podem sofrer impacto negativo da reforma tributária”, afirmou Yuhzô Breyer, analista de renda variável da Trígono Capital.
Entretanto, o analista também vê a bolsa barata em geral e diz que poucas vezes viu tantas empresas com múltiplos (indicadores usados para analisar uma companhia) tão baixos.
Ele afirma que empresas que em 2019 mostravam um P/L — indicador financeiro formado pela relação entre o preço atual de uma ação e o dividida pelo lucro por ação desse ativo — de 7, 8 vezes o lucro, agora, estão a 3, 4 vezes o lucro.
Nesse cenário, a Trígono, que tem como estratégia investir em small caps, está avaliando empresas no setor de petróleo, onde atualmente tem posição comprada na PetroRecôncavo (RECV3).
Além de ter uma visão mais positiva sobre petrolíferas, a gestora segue com foco em small caps principalmente do setor industrial, como Mahle Metal Leve (LEVE3) e Tupy (TUPY3).
Mas também tem posições na mineradora Ferbasa (FESA4), por exemplo.
O Super Bowl das tarifas de Trump: o que pode acontecer a partir de agora e quem está na mira do anúncio de hoje — não é só a China
A expectativa é de que a Casa Branca divulgue oficialmente os detalhes da taxação às 17h (de Brasília). O Seu Dinheiro ouviu especialistas para saber o que está em jogo.
Brasil não aguarda tarifas de Trump de braços cruzados: o último passo do Congresso antes do Dia da Libertação dos EUA
Enquanto o Ibovespa andou com as próprias pernas, o Congresso preparava um projeto de lei para se defender de tarifas recíprocas
Tupy (TUPY3): Troca polêmica de CEO teve voto contrário de dois conselheiros; entenda o imbróglio
Minoritários criticaram a troca de comando na metalúrgica, e o mercado reagiu mal à sucessão; ata da reunião do Conselho divulgada ontem mostra divergência de votos entre os conselheiros
Natura &Co é avaliada em mais de R$ 15 bilhões, em mais um passo no processo de reestruturação — ações caem 27% no ano
No processo de simplificação corporativa após massacre na bolsa, Natura &Co divulgou a avaliação do patrimônio líquido da empresa
Vale (VALE3) garante R$ 1 bilhão em acordo de joint venture na Aliança Energia e aumenta expectativa de dividendos polpudos
Com a transação, a mineradora receberá cerca de US$ 1 bilhão e terá 30% da nova empresa, enquanto a GIP ficará com 70%
Trump preocupa mais do que fiscal no Brasil: Rodolfo Amstalden, sócio da Empiricus, escolhe suas ações vitoriosas em meio aos riscos
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, o sócio-fundador da Empiricus, Rodolfo Amstalden, fala sobre a alta surpreendente do Ibovespa no primeiro trimestre e quais são os riscos que podem frear a bolsa brasileira
Michael Klein de volta ao conselho da Casas Bahia (BHIA3): Empresário quer assumir o comando do colegiado da varejista; ações sobem forte na B3
Além de sua volta ao conselho, Klein também propõe a destituição de dois membros atuais do colegiado da varejista
Ex-CEO da Americanas (AMER3) na mira do MPF: Procuradoria denuncia 13 antigos executivos da varejista após fraude multibilionária
Miguel Gutierrez é descrito como o principal responsável pelo rombo na varejista, denunciado por crimes como insider trading, manipulação e organização criminosa
Em busca de proteção: Ibovespa tenta aproveitar melhora das bolsas internacionais na véspera do ‘Dia D’ de Donald Trump
Depois de terminar março entre os melhores investimentos do mês, Ibovespa se prepara para nova rodada da guerra comercial de Trump
Boletim Focus mantém projeção de Selic a 15% no fim de 2025 e EQI aponta caminho para buscar lucros de até 18% ao ano; entenda
Com a Selic projetada para 15% ao ano, investidores atentos enxergam oportunidade de buscar até 18% de rentabilidade líquida e isenta de Imposto de Renda
Trump Media estreia na NYSE Texas, mas nova bolsa ainda deve enfrentar desafios para se consolidar no estado
Analistas da Bloomberg veem o movimento da empresa de mídia de Donald Trump mais como simbólico do que prático, já que ela vai seguir com sua listagem primária na Nasdaq
Mais valor ao acionista: Oncoclínicas (ONCO3) dispara quase 20% na B3 em meio a recompra de ações
O programa de aquisição de papéis ONCO3 foi anunciado dias após um balanço aquém das expectativas no quarto trimestre de 2024
Ainda dá para ganhar com as ações do Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11)? Não o suficiente para animar o JP Morgan
O banco norte-americano rebaixou a recomendação para os papéis BBAS3 e BPAC11, de “outperform” (equivalente à compra) para a atual classificação neutra
Casas Bahia (BHIA3) quer pílula de veneno para bloquear ofertas hostis de tomada de controle; ação quadruplica de valor em março
A varejista propôs uma alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill dias após Rafael Ferri atingir uma participação de cerca de 5%
Tanure vai virar o alto escalão do Pão de Açúcar de ponta cabeça? Trustee propõe mudanças no conselho; ações PCAR3 disparam na B3
A gestora quer propor mudanças na administração em busca de uma “maior eficiência e redução de custos” — a começar pela destituição dos atuais conselheiros
Vale tudo na bolsa? Ibovespa chega ao último pregão de março com forte valorização no mês, mas de olho na guerra comercial de Trump
O presidente dos Estados Unidos pretende anunciar na quarta-feira a imposição do que chama de tarifas “recíprocas”
Protege contra a inflação e pode deixar a Selic ‘no chinelo’: conheça o ativo com retorno-alvo de até 18% ao ano e livre de Imposto de Renda
Investimento garimpado pela EQI Investimentos pode ser “chave” para lucrar com o atual cenário inflacionário no Brasil; veja qual é
Nova York em queda livre: o dado que provoca estrago nas bolsas e faz o dólar valer mais antes das temidas tarifas de Trump
Por aqui, o Ibovespa operou com queda superior a 1% no início da tarde desta sexta-feira (28), enquanto o dólar teve valorização moderada em relação ao real
Não é a Vale (VALE3): BTG recomenda compra de ação de mineradora que pode subir quase 70% na B3 e está fora do radar do mercado
Para o BTG Pactual, essa mineradora conseguiu virar o jogo em suas finanças e agora oferece um retorno potencial atraente para os investidores; veja qual é o papel
TIM (TIMS3) anuncia pagamento de mais de R$ 2 bilhões em dividendos; veja quem tem direito e quando a bolada cai na conta
Além dos proventos, empresa anunciou também grupamento, seguido de desdobramento das suas ações