Mais um unicórnio atingido: Daki, empresa de entregas de supermercado, faz demissão em massa

A onda de demissões está, por enquanto, com maré alta, sem previsão de baixa. Os ventos da alta de juros e da incerteza da inflação global também não parecem que vão perder força tão cedo. 

Diante desse cenário, mais um unicórnio foi atingido. Dessa vez, a Daki, aplicativo de entregas ultrarrápidas de itens de mercado, desligou mais de 30 pessoas nesta semana. 

Mas, os cortes na equipe começaram um pouco antes. Entre fevereiro e março, o unicórnio demitiu cerca de 130 pessoas, segundo o jornal O Globo. 

A Daki foi fundada em janeiro de 2021 e se fundiu com a startup norte-americana Jokr, no mesmo ano — mas, as marcas foram mantidas. Ainda em 2021, a startup recebeu um aporte Série B de US$ 260 milhões (cerca de R$ 1,39 bilhão no câmbio atual). 

Na época, a empresa foi avaliada em US$ 1,2 bilhão e se apresentava como “uma das empresas mais rápidas a alcançar o status de unicórnio da história”. 

Atualmente, o unicórnio atua nas cidades de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG), com três centros de distribuição e cerca de 80 dark stores — centros de distribuição menores e localizados em pontos estratégicos nos centros urbanos. 

O Seu Dinheiro entrou em contato com a Daki, mas até o momento da publicação desta reportagem não obteve resposta. Essa matéria será atualizada, caso a startup se pronuncie sobre as demissões. 

Daki fora dos EUA

Com a fusão com a startup Jokr, a Daki expandiu as operações nos EUA, que foram encerradas há menos de um mês. 

Com o fechamento dos centros de distribuição em Nova York e em Boston, cerca de 50 pessoas foram demitidas, segundo o levantamento Layoffs.fyi. O corte correspondia, naquele momento, a 5% do quadro de 1 mil funcionários da empresa. 

A saída dos EUA faz parte de uma reestruturação da empresa que deve se concentrar na América Latina, nos próximos meses. 

Veja também — Empresas unicórnio estão sofrendo com os juros americanos: sem lucros nem financiamento, é o fim?

Crise dos unicórnios 

Desde abril, você tem acompanhado aqui, no Seu Dinheiro, a onda de demissões nas startups brasileiras. Mas, esse movimento vem acontecendo em todo o mundo. 

A inflação global, a escalada de juros e a Guerra da Ucrânia geraram incertezas no mercado e “seguraram” os investimentos, atingindo principalmente os unicórnios. 

Aqui no Brasil, o volume de investimentos em startups caiu 44% no primeiro semestre deste ano, comparado com o mesmo período do ano passado, segundo o relatório semestral da Distrito. 

Nos primeiros seis meses de 2022, cerca de US$ 2,92 bilhões foram investidos em 327 startups; de janeiro a junho do ano passado, o volume foi de US$ 5,25 bilhões, alocados em 416 negócios.

Ao todo, os cortes atingiram mais de 2 mil profissionais em quase 30 startups brasileiras desde abril. Os unicórnios Vtex, QuintoAndar, Loft  —  que fez dois grandes cortes em menos de quatro meses  — , Mercado Bitcoin, iFood, Shopee e Kavak foram alguns que fizeram demissões em massa nos últimos meses. A última startup a entrar na estatística — antes da Daki — foi a empresa de saúde mental, Zenklub. 

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