De olho no fim da alta dos juros, Itaú BBA recomenda menos prefixados curtos e mais Tesouro IPCA+ 2035 no Tesouro Direto
Após rali recente dos prefixados, banco sugere venda para realizar ganhos e compra de papéis mais longos

Com a perspectiva do fim da alta dos juros no Brasil e até mesmo nos Estados Unidos, o Itaú BBA recomenda que o investidor do Tesouro Direto faça algumas mudanças na sua carteira de títulos públicos.
Em relatório, o analista Lucas Queiroz recomenda redução na posição (venda) em Tesouro Prefixado 2025, realizando os ganhos da valorização recente desse papel. Originalmente, a carteira recomendada de títulos públicos do Itaú BBA tinha 20% de Tesouro Prefixado 2025, e agora o banco recomenda redução para 10%.
Ao mesmo tempo, o analista indica a compra de Tesouro IPCA+ 2035 até 10% dos recursos alocados em títulos públicos, alongando um pouco, assim, o prazo da carteira. Veja como fica a carteira recomendada do Itaú BBA para o Tesouro Direto após as alterações:
Título | Classificação | Rentabilidade anual* | Peso |
Tesouro Selic 2025 | Pós-fixado | SELIC + 0,0959% | 60% |
Tesouro Prefixado 2025 | Prefixado | 12,06% | 10% |
Tesouro Prefixado 2029 | Prefixado | 12,21% | 5% |
Tesouro IPCA+ 2026 | Indexado à inflação | IPCA + 5,57% | 15% |
Tesouro IPCA+ 2035 | Indexado à inflação | IPCA + 5,89% | 10% |
Fontes: Itaú BBA e Tesouro Direto
A sugestão de alteração na carteira, explica Queiroz, se deve ao fato de que agora as perspectivas para o fim da alta de juros e até para o início de um ciclo de corte, tanto no Brasil quanto nos EUA, já estão mais claras.
Ele explica que o mercado entende que o banco central americano está próximo de desacelerar o ritmo de alta na taxa de juros e, eventualmente, iniciar um ciclo de corte a partir de 2023.
Por aqui, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) sugeriu em suas últimas comunicações que estamos no fim do ciclo de alta de juros, dando margem à interpretação de que, por ora, os atuais 13,75% ao ano da Selic são o maior nível deste ciclo de aperto monetário, continua ele.
Leia Também
"No mundo dos juros futuros, as taxas já refletem o nosso cenário-base de redução da taxa Selic pelo Copom a partir da segunda metade de 2023", acrescenta.
Assim, o Itaú BBA entende que os títulos prefixados mais curtos, cuja dinâmica de preços é mais afetada pela política monetária, já se valorizaram bastante com esse vislumbre de fim da alta dos juros e início da queda em 2023 - esses papéis costumam se valorizar quando a perspectiva é de queda nas taxas.
Após a alta recente, explica o relatório, o banco entende que os títulos mais curtos, especialmente aqueles com vencimento até janeiro de 2024, se tornaram muito arriscados diante da pouca valorização que ainda devem ter, à frente.
Os títulos de prazos mais longos, por sua vez, também aproveitaram a alta recente, mas ainda têm espaço para se valorizar mais caso o bom humor do mercado, especialmente em relação à trajetória de juros nos EUA, continue.
Contudo, entre os prefixados e os atrelados à inflação (que seguem a mesma dinâmica de preços dos prés, valorizando-se quando as taxas caem), Queiroz recomenda os segundos, menos arriscados, por oferecer proteção contra a inflação.
"Estender o prazo médio da carteira utilizando os títulos prefixados após todo este rali parece ser um toque excessivo de otimismo. Por este motivo, estamos optando pelo Tesouro IPCA+ 2035 neste momento", conclui o analista.
O que explica o rali recente no Tesouro Direto
Desde que sua remuneração atingiu a máxima no ano em 20 de julho (13,51% ao ano), o Tesouro Prefixado 2025 já se valorizou quase 4% em menos de 30 dias. Já o Tesouro Prefixado 2029, o pré mais longo oferecido pelo Tesouro Direto atualmente, subiu mais de 9% no mesmo período.
O rali também foi observado entre os títulos indexados à inflação. No mesmo período, o Tesouro IPCA+ 2026, o mais curto oferecido pelo Tesouro Direto atualmente, teve alta de quase 3%, e sua taxa baixou de 6,35% + IPCA, na máxima, para 5,45% + IPCA hoje. Esse papel continua entre os preferidos de analistas e gestores no curto prazo.
Já o Tesouro IPCA+ 2035 viu ganhos de 3,67% no período, e sua taxa caiu de 6,26% + IPCA para os atuais 5,83% + IPCA.
A queda nas taxas e consequente valorização nos títulos se deu, inicialmente, pela queda da inflação implícita, conforme eu já expliquei nesta outra matéria.
A inflação implícita é a parte da remuneração dos títulos que diz respeito à expectativa para a inflação no futuro - no caso dos títulos mais curtos, num futuro próximo.
De maneira mais simples, bem antes de o Banco Central emitir sua decisão para os juros, indicando finalmente o fim do ciclo de alta, o mercado já tinha perspectivas de queda para a inflação, o que reduziu as taxas dos títulos e motivou sua valorização.
Logo em seguida, o BC sinalizou, na decisão do Copom e na ata da reunião, que o ciclo de alta na Selic já pode ter terminado. Finalmente, os indicadores de inflação nos EUA começaram a mostrar desaceleração, sinalizando para o fim da alta de juros em breve por lá também.
Tudo isso contribuiu para que os juros futuros, principalmente os mais curtos, e as taxas dos títulos públicos desses vencimentos continuassem em queda.
Veja também: NUBANK VIROU POUPANÇA? 3 contas rendeiras que AINDA PAGAM 100% do CDI desde O 1° DIA
Nova York em queda livre: o dado que provoca estrago nas bolsas e faz o dólar valer mais antes das temidas tarifas de Trump
Por aqui, o Ibovespa operou com queda superior a 1% no início da tarde desta sexta-feira (28), enquanto o dólar teve valorização moderada em relação ao real
Nem tudo é verdade: Ibovespa reage a balanços e dados de emprego em dia de PCE nos EUA
O PCE, como é conhecido o índice de gastos com consumo pessoal nos EUA, é o dado de inflação preferido do Fed para pautar sua política monetária
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC
Ato falho relevante: Ibovespa tenta manter tom positivo em meio a incertezas com tarifas ‘recíprocas’ de Trump
Na véspera, teor da ata do Copom animou os investidores brasileiros, que fizeram a bolsa subir e o dólar cair
Selic em 14,25% ao ano é ‘fichinha’? EQI vê juros em até 15,25% e oportunidade de lucro de até 18% ao ano; entenda
Enquanto a Selic pode chegar até 15,25% ao ano segundo analistas, investidores atentos já estão aproveitando oportunidades de ganhos de até 18% ao ano
Sem sinal de leniência: Copom de Galípolo mantém tom duro na ata, anima a bolsa e enfraquece o dólar
Copom reitera compromisso com a convergência da inflação para a meta e adverte que os juros podem ficar mais altos por mais tempo
Cuidado com a cabeça: Ibovespa tenta recuperação enquanto investidores repercutem ata do Copom
Ibovespa caiu 0,77% na segunda-feira, mas acumula alta de quase 7% no que vai de março diante das perspectivas para os juros
Inocentes ou culpados? Governo gasta e Banco Central corre atrás enquanto o mercado olha para o (fim da alta dos juros e trade eleitoral no) horizonte
Iminência do fim do ciclo de alta dos juros e fluxo global favorecem, posicionamento técnico ajuda, mas ruídos fiscais e políticos impõem teto a qualquer eventual rali
Felipe Miranda: Dedo no gatilho
Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.
Eles perderam a fofura? Ibovespa luta contra agenda movimentada para continuar renovando as máximas do ano
Ata do Copom, balanços e prévia da inflação disputam espaço com números sobre a economia dos EUA nos próximos dias
Agenda econômica: Ata do Copom, IPCA-15 e PIB nos EUA e Reino Unido dividem espaço com reta final da temporada de balanços no Brasil
Semana pós-Super Quarta mantém investidores em alerta com indicadores-chave, como a Reunião do CMN, o Relatório Trimestral de Inflação do BC e o IGP-M de março
Juros nas alturas têm data para acabar, prevê economista-chefe do BMG. O que esperar do fim do ciclo de alta da Selic?
Para Flávio Serrano, o Banco Central deve absorver informações que gerarão confiança em relação à desaceleração da atividade, que deve resultar em um arrefecimento da inflação nos próximos meses
Co-CEO da Cyrela (CYRE3) sem ânimo para o Brasil no longo prazo, mas aposta na grade de lançamentos. ‘Um dia está fácil, outro está difícil’
O empresário Raphael Horn afirma que as compras de terrenos continuarão acontecendo, sempre com análises caso a caso
Não fique aí esperando: Agenda fraca deixa Ibovespa a reboque do exterior e da temporada de balanços
Ibovespa interrompeu na quinta-feira uma sequência de seis pregões em alta; movimento é visto como correção
Deixou no chinelo: Selic está perto de 15%, mas essa carteira já rendeu mais em três meses
Isso não quer dizer que você deveria vender todos os seus títulos de renda fixa para comprar bolsa neste momento, não se trata de tudo ou nada — é até saudável que você tenha as duas classes na carteira
Warren Buffett enriquece US$ 22,5 bilhões em 2025 e ultrapassa Bill Gates — estratégia conservadora se prova vencedora
Momento de incerteza favorece ativos priorizados pela Berkshire Hathaway, levando a um crescimento acima da média da fortuna de Buffett, segundo a Bloomberg
Ainda sobe antes de cair: Ibovespa tenta emplacar mais uma alta após decisões do Fed e do Copom
Copom elevou os juros por aqui e Fed manteve a taxa básica inalterada nos EUA durante a Super Quarta dos bancos centrais
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir
Renda fixa mais rentável: com Selic a 14,25%, veja quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI
Conforme já sinalizado, Copom aumentou a taxa básica em mais 1,00 ponto percentual nesta quarta (19), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas
Copom não surpreende, eleva a Selic para 14,25% e sinaliza mais um aumento em maio
Decisão foi unânime e elevou os juros para o maior patamar em nove anos. Em comunicado duro, o comitê não sinalizou a trajetória da taxa para os próximos meses