Lula com o microfone: os cinco pontos mais importantes da entrevista para o UOL — e o que ele não disse
Preços dos combustíveis, Petrobras, salário mínimo, teto de gastos, próximo ministro da Economia. Todos esses assuntos não escaparam ao petista, que mostrou o que pensa sobre o futuro do Brasil
Foram quase 2 horas de entrevista ao portal UOL. Nesse período, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou tudo o que pretende fazer se for eleito em outubro, inclusive que não tem a intenção concorrer à reeleição pela idade avançada — ele terá 81 anos em 2026, quando acontece a próxima disputa presidencial.
Preços dos combustíveis, Petrobras, salário mínimo, teto de gastos, próximo ministro da Economia: todos esses assuntos não escaparam ao petista, que mostrou o que pensa sobre o futuro do Brasil.
Lula também falou que não acredita em um possível golpe de Estado, comentou a participação em debates — e reiterou a proposta de pool de emissoras, com apenas três programas —, criticou empresários que só pensam na questão fiscal e não no social e defendeu a atuação dos bancos públicos brasileiros, afirmando que foram eles que salvaram o País nos momentos de crise.
Destacamos tudo o que você precisa saber sobre o que Lula falou nesta quarta-feira (27) ao UOL.
Como fica a Petrobras (PETR4)?
Lula voltou a defender a revogação do Preço de Paridade Internacional (PPI) da Petrobras (PETR4) — uma política de preços implementada em 2016, ainda no governo de Michel Temer, e que segue a cotação do petróleo no mercado internacional.
O PPI tornou-se alvo de críticas de outros presidenciáveis, como Jair Bolsonaro (PL).
Leia Também
Lula disse que a atual política de preços da Petrobras (PETR4) visa agradar os acionistas em detrimento dos 220 milhões de brasileiros.
O petista prometeu fazer mudanças para que o preço dos combustíveis seja calculado em função dos custos nacionais.
Lula também afirmou que vai investir para aumentar a capacidade de refino do país e prometeu trabalhar para tornar a Petrobras "se não a primeira, a segunda maior petroleira do mundo".
Lula e o teto de gastos
Lula também afirmou que o Brasil não precisa de um teto de gastos, mas de um governo que tenha credibilidade e previsibilidade, bandeiras que tem defendido em sua proposta de governo.
“Eu não preciso de lei de teto de gastos. Quando você faz uma lei de teto de gastos é porque você é irresponsável, porque você não confia em você, não confia no seu taco”, afirmou.
Segundo o petista, a âncora fiscal, criada pelo governo Michel Temer (MDB), foi idealizada para o sistema financeiro “garantir o seu ”.
“Quem obrigou o governo a fazer o teto de gastos? Foi a Faria Lima? Foi o sistema financeiro que queria garantir o seu sem se importar que o povo tem direito a uma parte?”, disse Lula.
O petista voltou a defender que educação, saúde, ciência e tecnologia não são gastos, mas investimentos.
"Precisamos parar de discutir o quanto vamos gastar e temos que responder quanto custou a esse País não fazer as coisas na hora certa”, continuou.
Reforma tributária e reservas cambiais
Lula defendeu ainda a implementação de uma reforma tributária que diminua impostos e reduza a burocratização do sistema, sem descartar a adoção de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA), modelo de unificação de tributos.
"Política tributária pode ser um IVA", disse.
O ex-presidente afirmou que vai convidar empresários, trabalhadores e políticos para discutir uma política tributária definitiva, em um sistema que tenha tributação sobre lucros e dividendos e garanta maior cobrança sobre ricos e menor sobre pobres.
Em relação às reservas cambiais, que são os ativos do Brasil em moeda estrangeira e que garantem segurança ao País em no exterior, o petista disse que “não pretende mexer nesse dinheiro”.
Veja também: Lula x Bolsonaro, inflação, juro e recessão nos EUA — os riscos para a economia no segundo semestre
Lula e o salário mínimo
Lula disse ainda que, se eleito, vai adotar a política de correção do salário mínimo pela inflação.
“Nós aumentamos o salário mínimo em 74% no meu governo e não houve aumento da inflação. Vamos continuar do mesmo jeito. A inflação será reposta para o salário mínimo, todo o trabalhador terá direito a reposições inflacionárias”, disse.
O Bolsa Família vai voltar?
O ex-presidente voltou a dizer que vai adotar políticas "que foram sucesso” em gestões petistas, como o programa Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família, que deve ser mantido em R$ 600.
O petista afirmou, no entanto, que deve ter critérios para receber o valor completo.
"Mudar o nome foi bobagem. Vamos retomar o Bolsa Família a R$ 600. Tem que levar em conta o número de pessoas por família, não pode ser igual para todo mundo", disse.
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também deve ser retomado.
O que ele não falou?
Apesar de tratar de muitos assuntos durante a entrevista, teve um assunto que Lula preferiu não abrir o jogo: quem será o ministro da Economia caso seja eleito.
Sobre isso, o petista disse que priorizará a escolha de alguém com perfil mais político do que técnico.
“Quero sempre a pessoa com a cabeça política. Ele pode ser advogado, médico, empresário, catador de material reciclável, o que eu quero é que ele tenha a cabeça política”, disse.
“Se ele pensar politicamente correto, se ele tiver bastante versatilidade política, esse cara pode ser o ministro da Economia. E ele pode ser economista. O que eu não quero é fazer um governo burocrata, um governo só de técnicos”, acrescentou.
Lula afirmou ainda que, se eleito, recriará os ministérios que já existiam durante suas gestões passadas.
“Os ministérios que eu tinha eu vou recriá-los. Ministério da Igualdade Social, Ministério dos Direitos Humanos, Ministério da Pesca. Vou criar o Ministério das Causas Indígenas e terá um Índio no Ministério”, afirmou.
Sobre o Ministério do Planejamento, extinto no governo de Bolsonaro, o petista afirmou que “o País do tamanho do Brasil” não pode deixar de tê-lo”.
O que se sabe até agora sobre o complô dos ‘Kids Pretos’ para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes — e que teria a participação do vice de Bolsonaro
A ideia de envenenamento, de acordo com o plano do general, considerava a vulnerabilidade de saúde e a ida frequente de Lula a hospitais
É hora de taxar os super-ricos? G20 faz uma proposta vaga, enquanto Lula propõe alíquota que poderia gerar US$ 250 bilhões por ano no mundo
Na Cúpula do G20, presidente Lula reforça as críticas ao sistema tributário e propôs um número exato de alíquota para taxar as pessoas mais ricas do mundo
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
O primeiro dia do G20 no Rio: Biden, Xi e Lula falam de pobreza, fome e mudanças climáticas à sombra de Trump
As incertezas sobre a política dos EUA deixaram marcas nos primeiros debates do G20; avanços em acordos internacionais também são temas dos encontros
O tamanho do corte que o mercado espera para “acalmar” bolsa, dólar e juros — e por que arcabouço se tornou insustentável
Enquanto a bolsa acumula queda de 2,33% no mês, a moeda norte-americana sobe 1,61% no mesmo intervalo de tempo, e as taxas de depósito interbancário (DIs) avançam
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
No G20 Social, Lula defende que governos rompam “dissonância” entre as vozes do mercado e das ruas e pede a países ricos que financiem preservação ambiental
Comentários de Lula foram feitos no encerramento do G20 Social, derivação do evento criada pelo governo brasileiro e que antecede reunião de cúpula
Milei muda de posição na última hora e tenta travar debate sobre taxação de super-ricos no G20
Depois de bloquear discussões sobre igualdade de gênero e agenda da ONU, Milei agora se insurge contra principal iniciativa de Lula no G20
A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas
As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Lula ainda vence a direita? Pesquisa CNT/MDA mostra se o petista saiu arranhado das eleições municipais ou se ainda tem lenha para queimar
Enquanto isso, a direita disputa o espólio de Bolsonaro com três figuras de peso: Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro e Pablo Marçal
Quantidade ou qualidade? Ibovespa repercute ata do Copom e mais balanços enquanto aguarda pacote fiscal
Além da expectativa em relação ao pacote fiscal, investidores estão de olho na pausa do rali do Trump trade
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Mubadala não tem medo do risco fiscal: “Brasil é incrível para se investir”, diz diretor do fundo árabe
O Mubadala Capital, fundo soberano de Abu Dhabi, segue com “fome de Brasil”, apesar das preocupações dos investidores com o fiscal
Campos Neto acertou, mudanças na previdência privada, disparada do Magazine Luiza (MGLU3) e mais: confira os destaques do Seu Dinheiro na semana
Na matéria mais lida da semana no portal, André Esteves, do BTG Pactual, afirma que o presidente do BC, está correto a respeito da precificação exagerada do mercado sobre o atual cenário fiscal brasileiro
Lula fala em aceitar cortes nos investimentos, critica mercado e exige que Congresso reduza emendas para ajuda fazer ajuste fiscal
O presidente ainda criticou o que chamou de “hipocrisia especulativa” do mercado, que tem o aval da imprensa brasileira
Rodolfo Amstalden: Lula terá uma única e última chance para as eleições de 2026
Se Lula está realmente interessado em se reeleger em 2026, ou em se aposentar com louvor e construir Haddad como sucessor, suspeito que sua única chance seja a de recuperar nossa âncora fiscal
O que Lula e Bolsonaro acharam da vitória de Trump? Veja como políticos brasileiros de esquerda e direita reagiram à eleição do republicano
Nomes como Haddad, Tarcísio, Alckmin e a presidente do PT, Gleisi Hoffman, se manifestaram, presencialmente ou via redes sociais, sobre o resultado das eleições americanas
Recado de Lula para Trump, Europa de cabelo em pé e China de poucas palavras: a reação internacional à vitória do republicano nos EUA
Embora a maioria dos líderes estejam preocupados com o segundo mandato de Trump, há quem tenha comemorado a vitória do republicano