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ELEIÇÕES 2022

Apoio do governador de SP a Bolsonaro abre nova crise no PSDB

Quatro secretários do governo de São Paulo podem pedir demissão após Rodrigo Garcia (PSDB) declarar apoio a Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais

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5 de outubro de 2022
9:24 - atualizado às 9:25
Rodrigo Garcia, governador de São Paulo (PSDB), e o presidente Jair Bolsonaro (PL)
O ex-governador de São Paulo Rodrigo Garcia, e o ex-presidente Jair Bolsonaro - Imagem: Reprodução

Que o PSDB é um partido dividido não é novidade para ninguém. E depois da perda do governo de São Paulo depois de 28 anos no comando do Estado mais rico do país, o partido entrou em outra briga interna em razão do apoio do governador Rodrigo Garcia ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ao menos quatro secretários do governo de São Paulo podem pedir demissão nesta quarta-feira, de acordo com informação do jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo Estadão.

Os secretários Rodrigo Maia (Projetos Estratégicos), Sérgio Sá Leitão (Cultura), Laura Machado (Desenvolvimento Social) e Zeina Latif (Desenvolvimento Econômico) pediram uma reunião com Garcia e consideram deixar seus postos.

Apoio a Bolsonaro pegou PSDB de surpresa

O anúncio do apoio de Garcia a Bolsonaro pegou a equipe do governador de surpresa. A maioria dos secretários ficou sabendo do posicionamento de Garcia pela imprensa, com o vídeo do tucano já ao lado de Bolsonaro.

A decisão também surpreendeu o diretório estadual do PSDB. O presidente do partido em São Paulo, Marco Vinholi, foi informado da decisão enquanto almoçava, pouco antes do anúncio.

A movimentação de Garcia causou profundo impacto no PSDB paulista, que é o berço do partido. Filiado há pouco tempo no partido, o governador não respeitou os ritos e agiu como se fosse um cacique solitário, de acordo com tucanos do diretório estadual.

Governador vai sair do partido?

As manifestações em sentido contrário de Aloysio Nunes, José Aníbal e José Serra praticamente inviabilizaram uma relação futura de Garcia com o partido no Estado.

Procurado pela reportagem, o secretário-geral do PSDB de São Paulo, Carlos Balota, confirmou que o partido não foi procurado e disse que a legenda no Estado ainda irá se reunir para tomar uma decisão oficial sobre a posição do partido em São Paulo.

A leitura entre os tucanos paulistas é que Garcia já não tem sequer o controle da máquina partidária e está agindo de forma voluntarista.

O horário do encontro de Garcia com os secretários dissidentes ainda não foi marcado. Já há uma reunião geral de secretariado agendada para às 9h da quarta-feira.

O Secretário da Fazenda, Felipe Salto, reuniu a equipe técnica e amigos nesta tarde para fazer uma avaliação do cenário após saber da notícia sobre Garcia. No domingo, 1º, dia da eleição, ele se posicionou publicamente no Twitter contra Bolsonaro e também contra Tarcísio.

O secretário escreveu no Twitter que votaria em Lula contra "demônio-mor" e que São Paulo corria o risco de trazer para o Estado o "horror bolsonarista", em referência a Tarcísio.

Salto, no entanto, decidiu continuar no cargo, após avaliação de que conseguirá tocar o trabalho a despeito do posicionamento do governador.

"Eu liguei para o governador para manifestar a decisão de ficar no governo, para realizar trabalho técnico com o qual me comprometi com ele em abril e também minha lealdade à equipe técnica e aos programas que estamos desenvolvendo", disse Salto ao Estadão.

PSDB: Tarcísio, sim. Bolsonaro, não

Integrantes do governo estadual imaginavam que o governador pudesse apoiar Tarcísio de Freitas (Republicanos) o que, na visão de parte deles, não seria um problema. A questão foi o apoio a Bolsonaro, que adota posições que vão de encontro com parte das políticas adotadas em secretarias de Garcia, como a da Cultura.

A posição de Garcia provocou alvoroço no PSDB. Quadros históricos do partido, como Aloysio Nunes, reagiram. Nunes disse ao Estadão que o apoio a Bolsonaro causava constrangimento.

"É uma vergonha, é o fim do mundo. Esse apoio do Rodrigo ao Bolsonaro me constrange. Nem sei se constrange mais o PSDB. É um absurdo o partido ficar indiferente a essa ameaça à democracia que se avizinha", completou Aloysio. O ex-ministro José Serra, também tucano, anunciou seu apoio a Lula momentos depois.

Os petistas esperam que toda a celeuma faça o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se posicionar claramente a favor da candidatura de Lula no segundo turno, contra Bolsonaro.

Por fim, o deputado federal Alexandre Frota divulgou nesta terça-feira, 4, o pedido de desfiliação do seu partido, o PSDB. "Não posso ficar em um partido que apoia o Bolsonaro e Tarcísio. Vai de encontro a tudo que fizemos até o momento", anunciou Frota, em publicação no Twitter.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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