Ciro Gomes pede que investidor estrangeiro aposte no Brasil e ataca adversários
Durante evento promovido pelo BTG Pactual, ele não poupa o presidente Jair Bolsonaro (PL) e faz críticas pesadas ao rival Sergio Moro, presidenciável do Podemos; veja o que pedetista falou
Sou ouro em terra de cego. Foi assim que Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à presidência da República, descreveu a si mesmo ao falar dos planos para o Brasil. Durante evento promovido pelo BTG Pactual nesta quarta-feira (23), ele pediu um voto de confiança não só dos brasileiros, mas também dos investidores estrangeiros.
“Agora é a minha vez. Temos cerca de 70% do eleitorado dividido entre Bolsonaro e Lula. Então temos 30% que não estão nem de um lado e nem de outro”, disse.
Ciro Gomes falou em linhas gerais sobre o que pretende fazer pelo país. Ele defendeu um teto de gastos que exclua investimentos, as reformas, uma mudança no sistema previdenciário para que civis e militares tenham benefícios equivalentes e o papel do Estado como indutor de investimentos.
O ex-ministro acredita que esse é o caminho para uma virada política que colocará o Brasil nos trilhos. “Investidores estrangeiros podem apostar nesse país. O Brasil é um bom lugar para você ter êxito se conseguirmos essa virada política”, afirmou.
Primeiro alvo de críticas: Sergio Moro
Conhecido por não ter papas na língua, principalmente na hora de criticar os adversários, Ciro Gomes falou pouco sobre o ex-presidente Lula, com quem divide a preferência dos eleitores mais à esquerda.
Ele preferiu apontar a mira para Sergio Moro, pré-candidato do Podemos à presidência e que se apresenta como a terceira via nas eleições de outubro.
“Trabalho bem feito é uma sentença bem dada, que não precisa ser revista ou anulada e não aquela que será usada para uma vida política ou como trampolim para a eleição”, disparou.
“Deixar de ser juiz, sair do governo e ir para o setor privado justamente para empresas que ajudou a quebrar não faz parte do meu caráter”, emendou.
Segundo alvo: Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (PL) também foi alvo do pedetista, que acusou o atual presidente de roubo e vexame no cenário internacional.
“Bolsonaro roubava dinheiro da gasolina do gabinete”, disse ele arrancando risos da plateia. “Vocês podem rir, mas isso tudo que está acontecendo hoje já estava sinalizado lá atrás. Como costumo dizer, quando olhamos um gigante, a gente começa pelo dedo e não foi o que aconteceu aqui”, acrescentou.
Ciro Gomes ainda falou da viagem relâmpago que Bolsonaro fez à Rússia na semana passada em meio ao conflito com a Ucrânia.
“A questão toda é o gás russo que vai para a Alemanha e que os norte-americanos são contra. É disso que se trata. Não temos que nos meter. Nosso papel é defender o Brasil e não fazer esse papel ridículo”, afirmou.
Ciro Gomes e o xadrez político
Em um cenário do qual a esquerda está majoritariamente de um lado com o PT e a direita de outro, com Bolsonaro, Ciro Gomes disse que esse xadrez político se deve ao comportamento do eleitor brasileiro.
“O povo brasileiro é um elemento instável, que é conduzido para lá e para cá, que não aprende e se rebela”, disse. “Mas me passem a bola para vocês verem o que acontece. Não estou em situação de impedimento e posso fazer um gol de placa. Me passem a bola, que eu arrumo a casa”, acrescentou.
Questionado sobre quem apoiaria em caso de não estar no segundo turno, Ciro Gomes afirmou: “Nunca mais farei campanha para bandido nesse país. Nem que o pau tore. Por isso eu tenho que estar no segundo turno.”