As despesas de campanha bancadas com recursos públicos incluem pagamentos de até R$ 80 mil a cabos eleitorais e contratos milionários com empresas de paisagismo, transporte escolar e festas, sob o pretexto de locar mão de obra para colagem de adesivos, distribuição de panfletos e agitação de bandeiras de candidatos nas ruas.
Apoiada pela primeira-dama Michelle Bolsonaro na disputa ao Senado, a ex-ministra da Mulher Damares Alves (Republicanos) contratou o servidor público aposentado Herbert Felix, por R$ 44 mil, como “coordenador de campanha” no Distrito Federal.
O período de trabalho acertado foi de 45 dias. Ao todo, Damares já gastou R$ 535,5 mil com cabos eleitorais.
Na Bahia, o candidato a deputado federal Eric Pereira (Podemos) recrutou Alane Ramos para ser sua “coordenadora de campanha”, por R$ 80 mil – R$ 50 mil já foram pagos.
Até o ano passado, ela era beneficiária do auxílio emergencial de R$ 600 para quem ficou sem renda na pandemia de covid-19. Ao Estadão, Alane não soube dizer qual sua função na campanha. O candidato também não explicou o que ela faz. Disse apenas que o pagamento não é “ilegal”.
As cifras pagas com dinheiro público estão acima da média do mercado. Um deputado federal e um senador ganham, cada um, R$ 33,7 mil por mês.
Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que os valores pagos a cabos eleitorais de rua costumam variar de R$ 600 e R$ 2,5 mil. Já coordenadores de campanha ganham, em média, R$ 5,6 mil.
Até o momento, os gastos gerais com cabos eleitorais e demais colaboradores consumiram R$ 151,6 milhões.
A maior parte desse dinheiro é coberta pelos R$ 5 bilhões do fundo eleitoral, que ficou conhecido como “fundão” e é o principal mecanismo de financiamento das campanhas, abastecido por dinheiro público. (Estadão Conteúdo)