Mesmo com o noticiário pesado, Petrobras (PETR4) pode subir mais de 60%, diz Itaú BBA, que recomenda compra do papel
Banco retoma cobertura da empresa com recomendação “outperform” e acredita que a geração de caixa será “forte demais para ser ignorada, especialmente no curto prazo”
As notícias envolvendo a Petrobras (PETR3; PETR4) nos últimos tempos não têm sido animadoras. Se, por um lado, a alta nos preços do petróleo deveria beneficiar a companhia, por outro, os seguidos aumentos nos preços dos combustíveis pressionam a inflação e deixam a população e o governo bastante insatisfeitos.
Com isso, a pressão governamental sobre a política de preços da estatal, as constantes trocas de presidentes e até uma ameaça de CPI colocam uma nuvem de incertezas sobre as ações da Petrobras.
Porém, apesar todo o ruído provocado por este noticiário pesado, os analistas do Itaú BBA acreditam que as ações da Petrobras já estão descontadas o bastante até mesmo para acomodar os cenários mais extremos e improváveis.
O banco vê a empresa negociando a uma relação de 2 vezes o EV/Ebitda (valor da firma sobre o Ebitda) projetado para 2022 e 2,1 vezes o EV/Ebitda projetado para 2023.
"No nosso cenário-base, nós ajustamos nossas lentes para focar nos fundamentos fortes da companhia e sua sólida performance operacional. Estes, combinados com os altos preços do petróleo e volumes de produção crescentes, tendem a resultar em uma geração de fluxo de caixa forte demais para ser ignorada, especialmente no curto prazo."
Trecho de relatório do Itaú BBA sobre a Petrobras.
Assim, o Itaú BBA retomou a cobertura dos papéis da petroleira com recomendação "outperform" (equivalente a compra) para as ações preferenciais (PETR4) e preço-alvo para o final de 2022 de R$ 43, um potencial de valorização de 63% ante o preço de fechamento da última sexta-feira (24).
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Pressões sobre a política de preços estão no ápice, e vão se dissipar no médio prazo
O Itaú BBA reconhece os riscos postos à frente da Petrobras. A principal incerteza dos investidores no curto prazo é a possibilidade de uma pressão do governo alterar a política de preços da companhia, que hoje preconiza a paridade com os preços do petróleo e seus derivados no mercado internacional.
De fato, dizem os analistas Monique Greco, Renan Moura e Eric de Mello, uma eventual mudança na política de preços da estatal pode ter impactos consideráveis sobre a empresa. E mesmo a atual volatilidade dos preços do petróleo já traz pressão adicional sobre as ações da companhia.
"Por outro lado, nós achamos que a atual combinação sem precedentes de preços do petróleo, crack spreads [diferença entre o preço do barril de petróleo e dos produtos refinados] e taxa de câmbio, junto com um ambiente volátil pré-eleição, já atuaram como um robusto teste de estresse da capacidade da companhia de eventualmente atingir a paridade internacional", diz o relatório.
Os analistas, assim, acreditam que, no médio prazo, os preços internacionais vão se acomodar, o que tornará mais fácil, para a Petrobras, manter os preços alinhados, tornando mudanças intensas na política de preços menos prováveis.
"Assim, o ruído relacionado aos preços está provavelmente no seu ponto mais alto atualmente, com a companhia ainda tendo dificuldade de manter a paridade com os preços internacionais nas máximas."
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