Apesar de turbulências, fundos imobiliários estão descontados e seguem como excelente opção para uma carteira diversificada
Segundo BTG Pactual, muitos FIIs estão com preços abaixo de seu valor e trarão boas janelas de ganhos ao longo de 2022
Os fundos imobiliários se tornaram queridinhos dos brasileiros nos últimos anos. Antes restritos a investidores de alta renda, hoje os FIIs fazem parte da carteira de mais de 1,5 milhão de brasileiros. E os motivos são vários: desde a maior educação financeira até a liquidez e praticidade dos fundos, combinados com a tradição e gosto do brasileiro por investir em imóveis.
Quem entrou na onda durante a pandemia, contudo, vem penando um pouco. Depois de atingir um pico de 3.253 pontos no início de 2020, o Ifix, principal índice de fundos imobiliários da B3, chegou a despencar 29%.
Com a retomada gradual da atividade econômica, o índice ganhou tração e chegou a recuperar mais de metade dessas perdas. Entretanto, algumas turbulências no cenário econômico, como a alta dos juros e a possibilidade de uma tributação de proventos, ventilada em julho, provocaram certa volatilidade na cotação desses ativos.
Do fim de novembro para cá, contudo, o Ifix já ensaia uma importante recuperação: alta de 8,38%, mesmo com as polêmicas da CVM a respeito do melhor modelo de distribuição de proventos.
Bem, mas e daqui para a frente, o que fazer? Os fundos imobiliários seguem como uma boa classe de investimentos para 2022? Segundo o BTG Pactual, maior banco de investimento da América Latina, sim: eles estão descontados e há chances de lucrar ainda neste ano.
Perspectivas para 2022 combinam volatilidade e janelas de oportunidade
Para Daniel Marinelli, especialista em fundos imobiliários do BTG Pactual, todos os ativos de renda variável, incluindo os FIIs, estão sujeitos à volatilidade diante das incertezas do cenário macroeconômico global e nacional, sendo que, neste último, há ainda o “tempero” das eleições gerais. Contudo, isso não deve fazer o investidor desprezar a importância dos FIIs dentro do seu portfólio.
“Apesar dessas incertezas, especialmente em relação aos fundos de tijolo, há muitos ativos sendo negociados com desconto em relação a seu valor patrimonial e, em alguns casos, abaixo do próprio custo de reposição. Por isso, acreditamos que devam surgir boas janelas de oportunidade para ganhos”, explica em entrevista ao Seu Dinheiro.
Por outro lado, os chamados “fundos de papel” que não compram imóveis físicos, mas sim títulos lastreados em dívidas imobiliárias, como LCIs e CRIs, devem sofrer menos com a volatilidade, já que, embora sejam produtos de renda variável, o risco depende mais dos devedores dos papéis do que do mercado. Fora isso, assemelham-se muito à renda fixa.
Esses FIIs, diferentemente dos de tijolo, acabam se beneficiando da alta dos juros, já que muitos dos seus títulos são indexados à Selic, por exemplo. Apesar da maior estabilidade, os fundos de papel não estão tão baratos como os de tijolo, segundo Marinelli.
“Os fundos de papel devem apresentar menor volatilidade e são importantes para montar uma estratégia de renda em 2022. Contudo, eles já não são uma barganha e é preciso ter parcimônia. Conforme as janelas se abram para fundos de tijolo, a tendência é que migremos para eles”, explica o especialista do BTG Pactual digital.
De qualquer maneira, os fundos imobiliários, inseridos dentro de uma carteira diversificada e com um próprio balanceamento de características, seguem, na visão do especialista, como um investimento interessante para 2022.
“Olhando para os próximos 12 e até mesmo 24 meses, os fundos imobiliários são excelentes veículos de investimento, pois têm liquidez, são geradores de renda e ainda trazem a possibilidade de ganho de capital com eventuais valorizações das cotas”, analisa.