Bomba suja, “dessatanização” e conflito mundial: os novos alertas de Putin sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia
Do lado do Ocidente, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, chamou a retórica nuclear do presidente russo de perigosa, imprudente e irresponsável
O mundo voltou a flertar com uma guerra em escala global depois que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez uma série de alertas sobre o conflito na Ucrânia e o uso de armas nucleares — o que, na visão de Moscou, demandará um processo de “dessatanização” de Kiev.
O primeiro alerta veio em uma reunião com diretores de inteligência de vários países ex-soviéticos, ocasião na qual o chefe do Kremlin disse que o risco de conflito no mundo e na região é alto, por isso seria preciso aumentar a segurança em torno da infraestrutura russa.
Depois, Putin afirmou que seu governo estava consciente dos planos da Ucrânia de usar uma bomba suja — um tipo de bomba com material nuclear implantado para contaminar uma grande área com radioatividade.
Desde o início da semana, essa afirmação vem sendo feita por vários membros do Kremlin sem provas. As autoridades ucranianas e ocidentais, bem como especialistas em armas, dizem que a Ucrânia não tem meios para construir essa bomba suja a qual a Rússia se refere.
Por isso, Kiev convidou a Agência Internacional de Energia Atômica para inspecionar suas usinas nucleares na tentativa de desmascarar a alegação de Moscou — que os ucranianos dizem estar sendo espalhada como uma operação de bandeira falsa para escalar o conflito.
A Rússia, no entanto, sustenta que sua alegação é verdadeira e manteve ligações de alto nível com ministros da Defesa dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), bem como da Índia e da China — dois países considerados potências nucleares —, e entregou uma carta às Nações Unidas (ONU) para enfatizá-la.
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O ministro da Defesa indiano, Rajnath Singh, disse que as armas nucleares não devem ser usadas por nenhum dos lados, argumentando que “a perspectiva do uso de armas nucleares ou radiológicas vai contra os princípios básicos da humanidade”.
De acordo com comunicado do governo indiano, Singh enfatizou ainda a necessidade de que o conflito seja resolvido por meio da diplomacia.
O que o Ocidente acha de tudo isso?
Se Putin está blefando ou não, não se sabe. Mas o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, chamou a retórica nuclear do presidente russo de perigosa, imprudente e irresponsável.
“[A Rússia] afirma falsamente que a Ucrânia está se preparando para usar uma bomba radiológica suja em seu próprio território", disse ele.
“A Rússia muitas vezes acusa os outros pelo que eles próprios pretendem fazer”, acrescentou.
Stoltenberg também disse que a Otan “não está vendo nenhuma mudança na postura nuclear da Rússia” que, segundo ele, está sendo monitorada de perto.
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Putin observa exercícios nucleares
Enquanto o Ocidente reclama, Putin observava nesta quarta-feira (26) exercícios das forças nucleares estratégicas da Rússia.
O canal de notícias militar Zvezda mostrou o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, dizendo a Putin que os exercícios estavam praticando “entregar um ataque nuclear massivo por forças ofensivas estratégicas em resposta a um ataque nuclear inimigo”.
O chefe de gabinete, Valery Gerasimov, reportou a Putin que o exercício envolveu mísseis balísticos intercontinentais Yars, submarinos e aviões bombardeiros estratégicos Tupolev.
A “dessatanização” da Ucrânia
Não bastasse as ameaças sobre uma guerra mundial e nuclear, a Rússia também defendeu um processo de “dessatanização” e “desnazificação” da Ucrânia.
Em um artigo, o secretário assistente do Conselho de Segurança russo, Aleksey Pavlov, argumenta que a “dessatanização” era cada vez mais urgente, pois existem, segundo ele, centenas de seitas operando no país.
“Acredito que com a continuação da operação militar especial, torna-se cada vez mais urgente realizar a dessatanização da Ucrânia, ou, como o chefe da República da Chechênia, Ramzan Kadyrov, colocou apropriadamente, sua 'dessatanização completa '", disse.
Pavlov afirma ainda que a “Igreja de Satanás se espalhou pela Ucrânia”, acrescentando que é “uma das religiões oficialmente registradas nos Estados Unidos”.
“Todo esse satanismo encontra uma resposta animada e apoio das autoridades oficiais ucranianas”, acrescentou, sem citar evidências.
*Com informações da Reuters e da CNBC
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