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Carolina Gama
Formada em jornalismo pela Cásper Líbero, já trabalhou em redações de economia de jornais como DCI e em agências de tempo real como a CMA. Já passou por rádios populares e ganhou prêmio em Portugal.
COM A BOLA NO CHÃO

O chefão do Fed falou, Wall Street gostou! Powell patrocina disparada das bolsas lá fora; o que ele disse dessa vez?

As declarações fizeram o Nasdaq subir para a casa dos 3%, enquanto o S&P 500 passou a avançar mais de 2%. Já o Dow Jones ganhou 300 pontos. Por aqui, o Ibovespa saiu do vermelho.

Carolina Gama
30 de novembro de 2022
17:04 - atualizado às 10:33
Imagem mostra Jerome Powell como grande estrela do mercado financeiro
Imagem: Shutterstock, com intervenções de Andrei Morais

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, patrocinou a arrancada das bolsas em Nova York nesta quarta-feira (30). O chefão do maior banco central do mundo agradou os investidores ao sinalizar o compromisso com um ritmo mais brando de aumento de juro

“Faz sentido moderar o ritmo de aumento da taxa à medida que nos aproximamos do nível de restrição que será suficiente para a inflação desacelerar”, disse Powell em um discurso na Brookings Institution

Mais que isso: o presidente do Fed afirmou que esse momento de moderação no aperto monetário pode vir já em dezembro, quando o comitê tem encontro marcado para os dias 13 e 14. 

A reação de Wall Street foi imediata. O Nasdaq subiu para a casa dos 3%, e o S&P 500 passou a avançar mais de 2%, enquanto o Dow Jones ganhou 300 pontos. 

Fed: coloca água no chope, tira água do chope

Dá para entender as razões de Nova York ter ganhado tração com a sinalização de Powell — que também tirou o Ibovespa por vermelho por aqui

Além de o mercado não gostar de juro alto, nos últimos dias as apostas de que o Fed elevaria pela quinta vez seguida a taxa básica em 0,75 ponto percentual (pp) haviam voltado à mesa. 

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Tudo porque James Bullard, presidente do Fed de Saint Louis, disse no início da semana que o mercado financeiro estava subestimando as chances de o banco central norte-americano se manter agressivo no aperto monetário para controlar a inflação.

Na ocasião, Bullard chegou inclusive a dizer que preferia que o Fed agisse mais rapidamente agora no aumento do juro para que as pressões sobre os preços diminuam ao longo de 2023. 

Foi a água no chope do mercado. Se, até então, a maioria dos investidores acreditava em uma alta de 0,50 pp em dezembro, as declarações de Bullard fizeram ressurgir a crença de que outra elevação de 0,75 pp continuava viva para a última reunião do Fed do ano. 

Para Beto Saadia, economista e sócio da BRA BS, subir juros muito rápido é como cozinhar em fogo alto: pode queimar o alimento por fora e ainda deixá-lo cru por dentro.

"Toda alta de juro tem uma defasagem temporal, geralmente acima de um ano. É o tempo que leva para uma decisão de juros impactar a economia", lembra Saadia.

Powell coloca a bola no chão

Se fosse na Copa do Mundo, certamente algum narrador diria que o que Powell fez hoje foi colocar a bola no chão e pedir calma para o time. 

No discurso, o capitão do Fed reconheceu que o aumento do juro ajuda a equilibrar os riscos de gerenciamento, mas que a desaceleração no ritmo é uma boa maneira de se alcançar esse objetivo. 

Nesse sentido, Powell afirmou que continua acreditando em um caminho para uma aterrissagem “suave” — mesmo que o caminho tenha se estreitado no ano passado.

“Gostaria de continuar acreditando que existe um caminho para uma aterrissagem branda ou suave. Nosso trabalho é tentar conseguir isso, e acho que ainda é possível”, disse.

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