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Camille Lima
Camille Lima
Repórter no Seu Dinheiro. Estudante de Jornalismo na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.
FORA DO RADAR

Depois de Elon Musk, o segundo homem mais rico do mundo ficou incomodado ao ter seu jatinho rastreado

CEO da LVMH, Bernard Arnault, decidiu vender a aeronave particular após diversas contas passarem a rastreá-la nas mídias sociais

Camille Lima
Camille Lima
19 de outubro de 2022
11:21 - atualizado às 11:24
Bernard Arnault , CEO da holding de marcas de luxo LVMH e o quarto homem mais rico do mundo em 2019
Bernard Arnault , CEO da holding de marcas de luxo LVMH - Imagem: Shutterstock

Ao que parece, é um consenso geral entre os milionários e bilionários: ninguém fica muito contente ao ver todos os seus movimentos acompanhados e divulgados nas redes sociais. Depois de Elon Musk e Taylor Swift, agora é a vez de Bernard Arnault, o segundo homem mais rico do mundo, se incomodar com o fato de ter seu jatinho particular rastreado.

O CEO da LVMH contou na segunda-feira (17) que decidiu vender a aeronave após diversas contas tentarem rastreá-la nas mídias sociais. Para escapar dos olhares, o magnata de luxo agora aluga aviões particulares.

“O grupo [LVMH] tinha um avião, e nós o vendemos. O resultado agora é que ninguém pode ver para onde vou, já que eu alugo as aeronaves particulares quando uso”, disse Arnault, em entrevista à rádio francesa Classique, de propriedade da LVMH.

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O jatinho de Bernard Arnault

Diversas contas foram criadas no Twitter no ano passado para rastrear e compartilhar as informações de voos de grandes bilionários com jatinhos particulares, com o intuito de alertar para os impactos das viagens sobre o meio ambiente.

Os perfis mais populares que seguem a atividade das aeronaves de Bernard Arnault — @IFlyBernard e @Laviondebernard —, porém, foram criados há apenas alguns meses como uma espécie de denúncia às emissões de poluentes causadas pelos voos dos jatinhos.

As publicações contam com informações sobre a trajetória das viagens, a duração dos voos e a quantidade de gás carbônico (CO2) emitida no percurso.

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Em tweet feito no começo de junho, o primeiro usuário disse que “os bilionários estão destruindo o planeta por meio de seu modo de vida”.

“Esta conta no Twitter tem a humilde ambição de expor uma pequena parte dela seguindo as rotas de seus aviões particulares ultrapoluentes.”

Em setembro, a conta @laviondebenard questionou o grupo LVMH, dono de marcas como Louis Vuitton e Dior, sobre a falta de dados de voos recentes. Isso porque, desde o começo do mês passado, o jato de Bernard Arnault que estava sendo rastreado desapareceu da lista de registro de aeronaves francesas.

Desde então, o avião foi visto apenas em um único voo de Londres para Munique em 22 de setembro para a "K5 Aviation", uma empresa de aviação alemã privada.

“O jato particular LVMH não é registrado na França desde 1º de setembro de 2022. Ainda não há notícias de Bernard Arnault ou LVMH sobre o assunto de jatos particulares. Então, Bernard, estamos nos escondendo?”

O filho do CEO da LVMH, Antoine Arnault, foi à defesa da empresa sobre o uso de jatos privados após Bernard sofrer duras críticas da imprensa francesa pelos impactos ambientais das viagens.

Na visão de Antoine — que hoje é chefe das marcas Berluti e da Loro Piana, ambas sob o guarda-chuva da LVMH —, o uso das aeronaves particulares concedeu ao grupo de varejo de luxo uma vantagem na corrida para ser o primeiro a chegar em novos produtos e negócios em potencial.

"O avião é uma ferramenta de trabalho. Nossa indústria é hipercompetitiva. Não encontramos nada melhor do que um jato particular para vencer essa corrida todos os dias e estar apenas um pequeno passo à frente dos nossos concorrentes.”

Quem é Bernard Arnault

Dono de marcas de luxo como Louis Vuitton, Dior, Tiffany&Co, Givenchy e Sephora, Bernard Arnault é hoje um dos homens mais ricos do mundo; começou-se a dizer até que todos os caminhos em Paris levam a Arnault.

Atualmente com cerca de 150 mil funcionários, o império LVMH tornou-se a maior empresa da Europa, superando até mesmo a gigante alimentícia Nestlé.

O grupo registrou um faturamento de cerca de 18,7 bilhões de euros no segundo trimestre deste ano, um crescimento de 27% em relação ao mesmo período de 2021.

“Ainda somos pequenos. Estamos apenas começando. Isso é muito divertido. Somos o número um, mas podemos ir mais longe.”

Com uma riqueza formada a partir de joias e bolsas, Arnault tornou-se o segundo homem mais rico do planeta. Sua fortuna é estimada em US$ 151,8 bilhões, segundo o ranking em tempo real da Forbes.

De olho nos jatinhos dos bilionários

Apesar de estar sob os holofotes agora, Bernard Arnault não foi o único bilionário investigado por suas viagens com jatos privados nos últimos meses. 

No começo de 2022, Elon Musk ofereceu US$ 5 mil para um estudante universitário de 19 anos com experiência em tecnologia encerrar a conta que havia criado no Twitter, @ElonsJet. 

O perfil fornecia atualizações regulares sobre os voos feitos pelo CEO da Tesla em seu avião particular.

A justificativa do bilionário para derrubar o perfil era que disse que o site representava um risco para sua segurança. “Não gosto da ideia de levar um tiro de um maluco”, escreveu Musk ao jovem, em mensagem privada.

O estudante, porém, recusou a oferta de US$ 5 mil — e exigiu um montante dez vezes maior, de US$ 50 mil, do chefe da Tesla.

Em julho deste ano, a cantora Taylor Swift também foi alvo de críticas por seu jato particular ter liderado uma lista das aeronaves que causaram grandes pegadas de carbono. O avião realizou 170 voos entre 1 de janeiro e 29 de julho de 2022, emitindo 8.294 toneladas de CO2.

Na época, porém, os porta-vozes da artista afirmaram que o "avião era regularmente emprestado para outras pessoas".

A lista de ricaços criticados pelo uso intenso de aeronaves particulares é longa, e inclui nomes como Kylie Jenner, Drake, Mark Zuckerberg, Bill Gates, Steven Spielberg e Oprah Winfrey.

*Com informações de Bloomberg, Fortune e Le Monde

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