Fundo imobiliário de cemitérios entra no IFIX e salta 35% em maio — CARE11 é oportunidade ou cilada?
Considerado pioneiro no setor de cemitérios, jazigos e serviços funerários, o CARE11 também registra o maior retorno da indústria em 2022, segundo um levantamento da Smartbrain
Na crença popular, cemitérios costumam ser associados a momentos de grande tristeza, como a morte ou a visita ao túmulo de um ente querido. Mas, recentemente, esses locais lúgubres ganharam um novo significado no mercado de fundos imobiliários brasileiros: o de fonte de retornos atrativos.
A mudança na perspectiva é provocada pelo desempenho do FII Brazilian Graveyard and Death Care (CARE11), que já avança 35% em maio — desempenho muito superior ao do principal índice de fundos imobiliários (IFIX), que recua 1,75% no mesmo período. Nesta quinta-feira (12), o fundo corrige parte do desempenho e cai 3,20%, a R$ 5,15.
Considerado pioneiro no setor de cemitérios, jazigos e serviços funerários, o CARE11 também registra o maior retorno da indústria em 2022, segundo um levantamento da Smartbrain.
A plataforma de informações financeiras calculou a valorização das cotas e os dividendos pagos por mais de 200 fundos imobiliários entre janeiro e abril deste ano. Mesmo sem distribuir proventos desde setembro do ano passado, o CARE11 registrou o maior retorno do período: 37,91%.
Por que o CARE11 subiu tanto?
O desempenho ímpar do fundo da gestora Zion Invest pode ser explicado por dois fatores principais. O primeiro é a entrada do ativo na nova carteira teórica do IFIX no início deste mês.
“Ao entrar no IFIX, o fundo ganha uma visibilidade e um pouco mais de liquidez. Esse movimento é normal e explica parte do aumento do volume negociado nos últimos 30 dias, que subiu para a casa de R$ 1,8 milhão por dia”, afirma Caio Araújo, analista da Empiricus e colunista do Seu Dinheiro.
Leia Também
O outro combustível para a alta vem de um comportamento que é típico dos seres humanos: o efeito manada. Para Araújo, a tendência é ainda mais acentuada pelo fato de os fundos imobiliários estarem inseridos em um mercado de pessoas físicas.
“Quando um investidor entra e tem ganhos com o fundo, chama a atenção de outros, o que acaba levando a altas consecutivas. Isso acaba atraindo ainda mais investidores que, às vezes, não têm muito conhecimento sobre o case, mas compram as cotas”, afirma.
Oportunidade ou cilada?
O efeito manada não costuma ser visto como positivo, mas ganhar tração graças a esse comportamento não significa, necessariamente, que um fundo imobiliário é ruim.
Mas é preciso redobrar a atenção na análise para identificar o que pode ser uma oportunidade e é uma cilada para os investidores desavisados.
Na visão de Araújo, o CARE11 se enquadra mais no segundo caso. O fundo apresenta alguns atrativos, como o desconto de mais de 35% na cotação atual em relação ao valor patrimonial das cotas.
O problema está na pouca visibilidade para os 9.427 cotistas do fundo.
Uma pesquisa nos sistemas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostra que os últimos detalhes disponíveis sobre os investimentos estão no informe anualizado, com informações das posições da carteira em dezembro do ano passado.
Segundo o documento, o patrimônio de R$ 283 milhões do FII estava dividido em três ativos:
- Participação no Grupo Cortel, holding de cemitérios, crematórios e outros serviços funerários;
- Participação na VHR Empreendimentos, dona do Terra Santa Cemitério Parque, empreendimento localizado na região metropolitana de Belo Horizonte (MG);
- Posse de 2.873 jazigos no cemitério do Morumby, localizado no bairro homônimo em São Paulo.
Como o CARE11 gera valor para os cotistas?
A participação no grupo Cortel é o destaque da carteira. No final de março, a empresa tornou-se a primeira do setor de ‘deathcare’ a levantar recursos via Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), com uma emissão de R$ 100 milhões.
“Como essa empresa, que está no portfólio do CARE11, está conseguindo captar para fazer expansão, teoricamente esse pode ser um ponto positivo para os cotistas do fundo”, diz Araújo.
Mas o analista faz uma ressalva: como este é um setor ainda incipiente, não há grandes players ou gestores consolidados que mostram como é possível contornar a inadimplência e gerar valor por meio dos empreendimentos funerários.
Enfim, vale ou não investir nas cotas do fundo imobiliário? Para o analista da Empiricus, nesse momento é melhor ficar fora. “Pela falta de informação e de visibilidade — e como temos outros setores bem mais avançados com upsides interessantes e uma métrica melhor — não recomendo o CARE11 na carteira”.
Quais fundos imobiliários pagam dividendos hoje
Por falar em outros fundos imobiliários, 11 ativos depositam dividendos na conta dos investidores hoje.
Veja abaixo quais são eles e confira o valor por cota e a data base dos proventos. As informações são do ClubeFII.
Fundo | Data base | Valor por cota |
Kinea Creditas (KCRE11) | 29/04 | R$ 1,06 |
Kinea Securities (KNSC11) | 29/04 | R$ 1,14 |
Kinea High Yield CRI (KNHY11) | 29/04 | R$ 1,55 |
Kinea Índice de Preços (KNIP11) | 29/04 | R$ 1,70 |
Kinea Rendimentos Imobiliários FII (KNCR11) | 29/04 | R$ 0,97 |
Kinea Crédito Agro Fiagro (KNCA11) | 29/04 | R$ 1,17 |
RBR Premium Recebíveis Imobiliários (RPRI11) | 29/04 | R$ 1,20 |
Vectis Juros Real (VCJR11) | 29/04 | R$ 1,49 |
Habitat Recebíveis Pulverizados (HABT11) | 29/04 | R$ 1,25 |
Vectis Datagro Crédito Agronegócio Fiagro (VCRA11) | 29/04 | R$ 1,09 |
Fiagro RURA11 explica o que fez os dividendos caírem 40% e diz quando deve voltar a pagar proventos maiores a seus 89 mil cotistas
De acordo com o relatório gerencial do fundo, o provento será reduzido durante três meses, contados a partir de outubro
Capitânia pede assembleia para discutir troca na gestão do XPPR11, fundo imobiliário gerido pela XP
A Capitânia propõe que a XP seja substituída pela V2 Investimentos na função, casa que atualmente conta com quatro FIIs no portfólio
BTLG11 de volta ao topo: alta da Selic abre oportunidade para comprar o fundo imobiliário favorito para novembro com desconto
Apesar de ter sentido o “efeito Selic” na bolsa, o BTG Pactual Logística não deve ser tão impactado nas frentes operacionais e de receita
Moura Dubeux (MDNE3) anuncia os primeiros dividendos de sua história após trimestre recheado de recordes; CEO diz que meta é “não parar mais” de pagar proventos
Cumprindo a promessa feita aos investidores de distribuir proventos ainda em 2024, a incorporadora depositará R$ 55 milhões na conta dos acionistas em 22 de novembro
Ações da Tenda (TEND3) disparam 7% na bolsa após balanço com recordes históricos e guidance de resultados turbinado
A atualização do guidance, com números revisados para cima, era amplamente aguardada pelo mercado e é bem-recebida pelos investidores hoje
Energia renovável: EDP compra mais 16 novas usinas solares por R$ 218 milhões
Empreendimentos estão localizados na Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, e somam 44 MWp de capacidade instalada
Onde investir na renda fixa em novembro? XP recomenda CDB, LCI, LCA, um título público e ativos isentos de IR; confira
Rentabilidades dos títulos sugeridos superam os 6% ao ano mais IPCA nos ativos indexados à inflação, muitos dos quais sem tributação
Fundo imobiliário TRBL11 anuncia dividendos menores e cotas recuam na bolsa; veja o que afeta os proventos
O FII comunicou que pagará R$ 0,62 por cota neste mês, uma queda de cerca de 27% ante à distribuição de outubro.
Ações da EZTec (EZTC3) disparam 9% e lideram Ibovespa após lucro triplicar e construtora anunciar dividendos; é hora de comprar os papéis?
Um dos combustíveis para a disparada é o lucro líquido da companhia, que saltou 239% e ficou em R$ 132,6 milhões no terceiro trimestre
O payroll vai dar trabalho? Wall Street amanhece em leve alta e Ibovespa busca recuperação com investidores à espera de anúncio de corte de gastos
Relatório mensal sobre o mercado de trabalho nos EUA indicará rumo dos negócios às vésperas das eleições presidenciais norte-americanas
Vale a pena atualizar o valor do imóvel na declaração de IR na tentativa de pagar menos imposto? Fizemos as simulações
Contribuintes podem atualizar valor de imóvel até 16 de dezembro, recolhendo menos IR, mas medida pode não ser tão benéfica quanto parece
Ranking dos investimentos: perto de R$ 5,80, dólar tem uma das maiores altas de outubro e divide pódio com ouro e bitcoin
Na lanterna, títulos públicos longos indexados à inflação caminham para se tornar os piores investimentos do ano
Alta de 75% nos dividendos: Fundo imobiliário do Itaú anuncia que proventos devem subir após venda de CRI com ganho milionário
O CRI vendido era uma das maiores posições do portfólio, equivalendo a cerca de 5,95% do patrimônio líquido
As regras do ITBI vão mudar de novo: reforma tributária abre nova possibilidade de cobrança do imposto para compra e venda de imóveis
O contribuinte que antecipar o pagamento para a data da assinatura da escritura no cartório pagará uma alíquota menor
Quanto custa a ‘assessoria gratuita’? O que muda com a regra que obriga à divulgação da remuneração dos assessores de investimento
A norma da CVM obriga os assessores de investimentos e outros profissionais do mercado a divulgarem suas formas e valores de remuneração, além de enviarem um extrato trimestral aos clientes
Log (LOGG3) dobra lucro no 3T24 e CEO ainda vê amplo espaço para crescer, mas cenário macro preocupa
Empresa de galpões logísticos mantém planos de expansão, mas juro menor e cumprimento do arcabouço fiscal ajudariam negócio, diz CEO da Log
Financiar imóvel ficará mais difícil? Novas regras de financiamento pela Caixa entram em vigor a partir desta sexta (1º); entenda o que muda
O banco justificou as restrições porque a carteira de crédito habitacional da instituição deve superar o orçamento aprovado para 2024
Os Fiagros estão em crise ou é hora de aproveitar a queda das cotas e investir? Gestores e especialistas indicam onde encontrar as melhores oportunidades no setor
Especialistas apontam que o momento atual permite a compra de ativos sólidos a um preço descontado para quem souber separar o joio do trigo.
Maxi Renda (MXRF11) investe milhões em cotas de outro fundo imobiliário que deve ter rendimento “muito interessante” para a carteira; veja qual é o FII
De acordo com o relatório gerencial do fundo, divulgado ontem, o MXRF11 investiu R$ 69,5 milhões no Pátria Renda Urbana (HGRU11)
Fundo imobiliário TORD11 explica por que vendeu imóveis com prejuízo milionário; cotas do FII acumulam queda de 55% na B3 em 2024
Além da cifra muito inferior à investida, o FII ainda aceitou receber uma entrada de 10% do preço negociado à vista e o restante em 24 parcelas mensais corrigidas pelo IPCA