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Ricardo Gozzi
MERCADO EDITORIAL

Francesa Annie Ernaux levou o Nobel de Literatura: entenda como o prêmio traz paz financeira aos laureados e a seus editores

Prêmio Nobel é um dos principais catalisadores de venda do mercado editorial ao redor do mundo; editora já mandou reimprimir livros de Annie Ernaux

Ricardo Gozzi
6 de outubro de 2022
14:32 - atualizado às 15:05
Annie Ernaux, ganhadora do prêmio Nobel de literatura de 2022
Annie Ernaux, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 2022. - Imagem: Montagem / Divulgação

Annie Ernaux é a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2022. Além da distinção, a escritora francesa vai embolsar 10 milhões de coroas suecas. Na cotação atual, o montante equivale a R$ 4,67 milhões.

Mas a mestra francesa da autoficção, habituada aos prêmios, não vai comemorar sozinha o Nobel e a paz financeira por ele proporcionada. Quem também está festejando o anúncio é a jovem editora Fósforo.

Afinal, dentro do limitado mercado editorial brasileiro, qualquer ajuda é bem-vinda. E poucos catalisadores de venda são tão eficazes quanto uma autora premiada com o Nobel de Literatura no catálogo.

“Não existe força externa que ajude tanto um escritor ou seus livros quanto um Prêmio Nobel”, disse Lucien Leitess, diretor da editora suíça Unionsverlag, numa entrevista concedida à Deutsche Welle em 2019.

Golpe de sorte ou faro apurado?

A Fósforo estreou no mercado editorial em 2021. Em seu catálogo, os livros da premiada escritora francesa até agora pouco conhecida do público brasileiro agora prometem levar as vendas da Fósforo a um novo patamar.

No decorrer dos últimos meses, a editora colocou em circulação “O Lugar”, “Os Anos”, “O Acontecimento” e “A Vergonha”.

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Em novembro, Annie Ernaux está de passagem marcada para o Brasil para lançar “O Jovem”.

Diante da premiação, Annie Ernaux certamente brilhará entre as atrações principais da Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty.

A participação da escritora de 82 anos de idade no evento, previsto para ocorrer entre 23 e 27 de novembro na cidade fluminense, já estava confirmada antes do anúncio feito na quinta-feira pela Fundação Nobel.

Clima é de empolgação na editora que publica Annie Ernaux no Brasil

Entre os colaboradores da Fósforo, o clima é de empolgação. Antes da divulgação do prêmio, Annie Ernaux já figurava entre os best-sellers da editora, que detém direitos de exclusividade sobre a obra da escritora no Brasil.

No mercado brasileiro, os livros da Annie Ernaux pré-Nobel já figuravam com mais de 18 mil exemplares vendidos ao todo, sendo 15 mil na versão física e 3 mil em formato digital.

Parece pouco, mas são bons números para o mercado editorial brasileiro em um intervalo tão curto.

Impacto do Nobel sobre as vendas: 30 mil livros em três minutos

Assim que o prêmio foi divulgado, a Fósforo passou a receber uma enxurrada de encomendas e contatos de jornalistas em busca de informações.

Na Amazon, Annie Ernaux saltou rapidamente para os mais vendidos. Entretanto, ainda não há uma estimativa disponível sobre o impacto do anúncio do Nobel sobre as vendas.

Na entrevista à Deutsche Welle citada no início da matéria, Lucien Leitess contou a história do escritor egípcio Naguib Mahfouz, vencedor do Nobel de Literatura de 1988.

“Ninguém o conhecia. Alguns não conseguiam nem soletrar o nome dele. Tínhamos vendido 300 exemplares em três anos. De repente vendemos 30 mil em três minutos”, afirma o editor.

Não se espera um impacto dessa magnitude sobre as vendas dos livros de Annie Ernaux, famosa e premiada na França antes do Nobel.

Ainda assim, é certo que as vendas de seus livros vão disparar.

E, por precaução, a Fósforo já mandou reimprimir “Os Anos” e “O Lugar”.

*Com informações da Deutsche Welle.

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