🔴 DECLARAÇÃO PRÉ-PREENCHIDA LIBERADA: VEJA COMO USAR PARA ANTECIPAR A RESITUIÇÃO – ACESSE AQUI

Ana Carolina Neira

Ana Carolina Neira

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero com especialização em Macroeconomia e Finanças (FGV) e pós-graduação em Mercado Financeiro e de Capitais (PUC-Minas). Com passagens pelo portal R7, revista IstoÉ e os jornais DCI, Agora SP (Grupo Folha), Estadão e Valor Econômico, também trabalhou na comunicação estratégica de gestoras do mercado financeiro.

PLANO DE VOO

Azul (AZUL4) sonha com expansão em Congonhas, mas alta nos custos pode ser vilã no pós-pandemia

Hoje, a Azul (AZUL4) já não sofre com problemas de oferta ou demanda, mas cotações do dólar e do petróleo afetam balanço da empresa afirma Alex Malfitani, co-fundador e CFO da companhia, em entrevista ao Seu Dinheiro

Ana Carolina Neira
Ana Carolina Neira
5 de outubro de 2022
6:45 - atualizado às 23:09
Avião da Azul (AZUL4)
Aeronave da Azul (AZUL4) em processo de decolagem - Imagem: Luis Neves/Divulgação

No início de 2020, a Azul (AZUL4) estava preparada para voar mais alto: a companhia havia encerrado o ano anterior com um lucro líquido de R$ 1,2 bilhão e uma margem recorde, de 24,1%; em 2018, os números também haviam surpreendido os analistas positivamente. O que poderia dar errado, considerando esse ritmo tão bom?

Bem, nem mesmo as piores projeções davam conta de uma pandemia que até hoje não teve fim, ainda que a vida da grande maioria das pessoas já tenha voltado ao normal. Afinal, nenhuma companhia aérea está preparada para deixar seus aviões parados no chão.

De lá pra cá, uma série de fatores desafiaram a gestão da Azul: em 2020, ela viu seu número de voos diários cair de mil para apenas 70; na virada de 2021 para 2022, a variante ômicron afetou as empresas aéreas que já não tinham tripulação para voar diante do alto nível de contágio.

Passados esses momentos, todo o setor aéreo respira um pouco mais aliviado, mas ainda é difícil dizer que todos os problemas causados pela pandemia ficaram para trás. Hoje, o aumento do custo da operação é o que mais atrapalha a grande maioria das empresas — e a Azul não é uma exceção.

"Quando olhamos os números do ano todo, é claro que ainda existe impacto da pandemia, mas 2023 deve trazer uma melhora. Hoje não temos problema de oferta nem demanda, o problema é o custo", afirma Alex Malfitani, co-fundador e CFO da Azul, em entrevista ao Seu Dinheiro. Ele cita especialmente as cotações do dólar e do petróleo, essenciais nas operações aéreas.

E as notícias são pouco animadoras nesse sentido: nesta semana, o petróleo volta a mostrar uma valorização intensa. Em relatório, o BofA estima um preço de US$ 100 para o barril em 2023, US$ 83 para 2024 e US$ 70 para 2025 – a partir daí, o preço do Brent é ajustado pela inflação.

Leia Também

Ou seja: não haverá caminho fácil para as companhias aéreas no médio prazo. No último balanço da Azul, divulgado em agosto, o efeito corrosivo da alta dos juros e do dólar já era evidente.

No segundo trimestre deste ano, as despesas da Azul com combustível de aviação saltaram 178%, chegando a R$ 1,698 bilhão, um aumento de 80,9% por litro. No mesmo período, a empresa teve uma baixa de R$ 2 bilhões somente com perdas cambiais — algo que pesou no balanço, já que ela possui empréstimos e passivos de arrendamento com contratos em dólar.

Alex Malfitani,
Alex Malfitani, co-fundador e CFO da Azul

O plano de voo da Azul (AZUL4)

Hoje, o plano de Malfitani é atingir margens tão saudáveis quanto as vistas lá em 2019. "Acredito que só teremos uma margem igual àquela em 2024, mas trabalhamos para entregar em 2023", diz o CFO da Azul (AZUL4).

Entre as medidas adotadas para melhorar a saúde financeira e aguentar o aumento de custos, ele cita a troca de aeronaves por modelos mais modernos, capazes de economizar combustível. Segundo ele, a renovação da frota permite um custo por assento menor que o da concorrência.

Além disso, a demanda tem colaborado, ainda que com um perfil bastante diferente. Se antes as viagens a trabalho aconteciam com muita frequência, a pandemia mudou este quadro; além disso, os passageiros hoje têm uma flexibilidade maior para voar em dias com tarifas mais baixas. Ainda assim, as passagens corporativas hoje custam 50% a mais do que no período pré-pandemia.

Já as viagens de lazer têm encontrado um bom suporte na Azul Viagens, a operadora de turismo da companhia, com foco em voos regionais saindo de cidades do interior de São Paulo e da região Centro-Oeste.

Ao analisar os números de tráfego mais recentes da Azul, o Citi apontou que os dados são encorajadores, afirmando que a empresa conseguiu aumentar sua taxa de ocupação mesmo com crescimento na oferta de voos.

De acordo com os dados informados pela Azul, houve uma alta de 21,5% no tráfego consolidado de passageiros (RPK) no mês de agosto em comparação com o mesmo período no ano passado.

Já a capacidade (ASK) teve um aumento de 16,5% ante igual período de 2021. Assim, a taxa de ocupação das aeronaves foi de 81,3% no mês, um avanço de 3,4 pontos percentuais na comparação ano a ano.

Para calcular essas taxas, a Azul considera o número de passageiros de acordo com os quilômetros voados (RPK). Já o ASK se dá pelo número de assentos livres multiplicados pela quilometragem voada.

No mesmo relatório, os analistas do Citi elogiam também a redução de voos menos lucrativos da companhia, uma vez que o tráfego doméstico ainda não está a pleno vapor.

Aonde a Azul (AZUL4) ainda quer chegar

A pandemia trouxe uma frustração adicional para a Azul (AZUL4): embalada pelos bons resultados dos anos anteriores, a companhia anunciou, em janeiro de 2020, voos diários para Nova York saindo do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).

A ideia era, a partir de junho daquele ano, ampliar a atuação da empresa nos Estados Unidos, onde já mantém rotas para Orlando e Fort Lauderdale. A operação permitiria que a Azul realizasse 30 viagens semanais em solo americano.

O plano, obviamente, nunca saiu do papel — e não deve ser retomado tão cedo. Segundo Alex Malfitani, o foco da empresa hoje está nos hubs onde já é suficientemente forte, como Campinas, Recife (PE) e Belo Horizonte (MG), que devem ser cada vez mais conectados a outros pontos do país.

"Por enquanto não trabalhamos com novos destinos para os Estados Unidos ou Europa, vamos esperar para considerar Nova York outra vez", afirma.

Nessa linha, a Azul já anunciou um reforço em suas rotas de verão recentemente, com as operações extras que vão ligar Salvador (BA) a outras grandes capitais, como Cuiabá (MT) e Belo Horizonte.

A Azul Conecta, que trabalha com aviação regional, também auxilia na expansão da empresa. O objetivo é atender 81 cidades brasileiras até o fim deste ano — atualmente, são 60. Com essa estratégia, que usa aviões de pequeno porte em aeroportos menores, a Azul consegue voar sozinha em quase 70% das suas rotas.

"Para 2023, vamos precisar monitorar muito o sentimento do cliente, seja corporativo ou de lazer. Mas até aqui acreditamos em um cenário de crescimento para o Brasil", diz o CFO.

A expansão em Congonhas

Outro plano no radar da Azul é a expansão de suas operações no aeroporto de Congonhas, um dos principais do país, especialmente para rotas domésticas. No mês passado, a Agência Brasileira de Aviação Civil (Anac) e a Infraero confirmaram 86 slots (pousos e decolagens) disponíveis para distribuição no terminal para o início de 2023.

Em relatório, o Bradesco BBI aponta que as mudanças devem ser positivas para a Azul. Nos cálculos dos analistas, são 45 slots novos e 41 que pertenciam à Avianca Brasil — no total, a Azul poderia ficar com 84 espaços para pousos e decolagens, considerando os atuais 26 que já tem.

As companhias aéreas têm até o próximo dia 6 de outubro para fazer os pedidos de uso dos espaços; a Anac deve confirmar a quantidade que cabe a cada empresa aérea até 3 de novembro. 

Os slots ficarão disponíveis em março de 2023, a tempo de aproveitar o finalzinho do verão — considerando o tempo de compra de um bilhete aéreo e a viagem em si, a Azul já poderá vender essas passagens no fim deste ano.

"Com essa mudança poderemos atender um público que hoje não conseguimos. Campinas é perto, mas dependendo de onde a pessoa está não compensa pegar um voo lá, acaba que não conseguimos pegar um público de Congonhas ou Guarulhos para Campinas", explica Alex Malfitani, que trabalha com a ideia de terminar o ano com pelo menos 80 slots no aeroporto da zona sul de São Paulo.

Em relatório, o BTG Pactual também aponta que essa distribuição de slots deve ser benéfica para a companhia, além de ser um dos pontos de atenção para os investidores.

Entre os demais fatores positivos para a empresa, os analistas do banco apontam sua dinâmica competitiva, a recuperação de volume e a parceria com a United — esta comprou 5% da Azul em 2015, e ambas possuem um acordo de compartilhamento de voos.

O BTG também diz preferir nomes com maior exposição ao mercado local no segmento aéreo, a exemplo da Azul.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
PASSO A PASSO NOTURNO

Dormir bem virou trend no TikTok — mas será que o sleepmaxxing, a ‘rotina de sono perfeita’, realmente funciona?

20 de março de 2025 - 11:37

Especialistas dizem que a criação de uma rotina noturna pode trazer benefícios para a qualidade de vida, mas é preciso ter cuidado com os exageros

ENTREVISTA EXCLUSIVA

CEO da Lojas Renner aposta em expansão mesmo com juro alto jogando contra — mas mercado hesita em colocar ações LREN3 no carrinho 

20 de março de 2025 - 5:53

Ao Seu Dinheiro, o presidente da varejista, Fabio Faccio, detalhou os planos para crescer este ano e diz que a concorrência que chega de fora não assusta

ENTREVISTA COM FUNDADOR

Bitcoin (BTC) no caixa é só um dos pilares da estratégia do Méliuz (CASH3) para reconquistar atenção para as ações após drenagem de liquidez 

11 de março de 2025 - 5:51

Ao Seu Dinheiro, o fundador Israel Salmen conta que quer reduzir a dependência das plataformas de e-commerce e apostar em um novo mercado; confira a entrevista na íntegra

AÇÃO DO MÊS

Eletrobras (ELET3) é a nova queridinha dos analistas e divide pódio com Itaú (ITUB4) e Sabesp (SBSP3) como ações mais recomendadas para março

6 de março de 2025 - 5:55

Cada um dos integrantes do trio acumulou três indicações entre as 10 corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro; veja o ranking completo

CARTEIRA DE BORDO

Investir em criptomoedas para viajar o mundo? Azul fecha parceria com Bankei e dá pontos para quem compra bitcoin

27 de fevereiro de 2025 - 17:28

Parceria entre as empresas permite que investidores acumulem até 9 mil pontos no programa Azul Fidelidade

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Entre a crise e a oportunidade: Prejuízo trimestral e queda no lucro anual da Petrobras pesam sobre o Ibovespa

27 de fevereiro de 2025 - 8:04

Além do balanço da Petrobras, os investidores reagem hoje à revisão do PIB dos EUA e à taxa de desemprego no Brasil

ARRUMANDO A CASA

Gol (GOLL4) avança na sua reestruturação e pede o cancelamento do registro de ações nos EUA

26 de fevereiro de 2025 - 19:22

A decisão foi aprovada por unanimidade pelo conselho de administração durante assembleia no dia 17 de fevereiro

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Procuramos independência: Ibovespa tenta se recuperar de queda em dia de IPCA-15, balanços e Haddad

25 de fevereiro de 2025 - 8:16

IRB e Vivo divulgam resultados por aqui; lá fora, investidores concentram o foco no balanço da Nvidia

REAÇÃO AO BALANÇO

CEO da Azul (AZUL4) quer construir uma “empresa melhor” após prejuízo bilionário no 4T24. Por que as ações da aérea sobem forte na B3 hoje?

24 de fevereiro de 2025 - 11:29

Ainda que o balanço da Azul (AZUL4) no 4T24 tenha sido tingido de vermelho no resultado líquido, outros indicadores brilham aos olhos dos investidores

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um café amargo na bolsa: Ibovespa se prepara para balanços da Petrobras e da Ambev em semana agitada de indicadores

24 de fevereiro de 2025 - 8:01

Poucos aromas são tão irresistíveis quanto o do café. No entanto, muita gente se queixa que o sabor do cafezinho não chega perto de seu cheiro. Talvez porque não é todo mundo que consegue beber café sem adicionar pelo menos um pouco de açúcar ou adoçante. De uns tempos para cá, porém, cada vez mais […]

BALANÇO 4T24

Agenda Ibovespa: dividendos da Petrobras (PETR4) e dados da Azul (AZUL4) prometem mexer com a Bolsa em mais uma semana de balanços

23 de fevereiro de 2025 - 17:29

Dividendos da petroleira estarão no foco da análise dos investidores, já a companhia aérea tem muita informação relevante para os analistas na divulgação do 4T2024.

SETOR AÉREO

Voos cancelados: Azul suspende operações em 14 cidades do país; confira a lista

23 de fevereiro de 2025 - 8:58

Medida afeta destinos em quatro regiões do país e dez estados: Ceará, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Piauí, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Paraná.

MAIS AÇÕES EM CIRCULAÇÃO

Azul (AZUL4) tenta arrumar a casa com aumento de capital de até R$ 3,37 bilhões; papéis caem mais de 2% na B3

21 de fevereiro de 2025 - 11:35

Segundo a companhia aérea, o aumento de capital está inserido no contexto da reestruturação e visa não só obter novos recursos financeiros; saiba quais são as outras finalidades da operação

REPORTAGEM ESPECIAL

Sócio polêmico, alto endividamento, possível risco no caixa: por que a Oncoclínicas (ONCO3) cai 90% desde o IPO e o que esperar da ação

18 de fevereiro de 2025 - 6:12

As ações da rede de tratamentos oncológicos praticamente viraram pó desde a estreia na B3, mas há quem acredite que a situação pode ficar ainda mais complexa; entenda

BATALHA DE RODRIGOS

Hilbert ou Santoro… ou melhor, BTG ou XP? O que as campanhas publicitárias com os Rodrigos revelam sobre a estratégia das plataformas de investimento

8 de fevereiro de 2025 - 8:01

Instituições financeiras lançam campanhas de marketing na mesma época, usando garotos-propagandas já consagrados aos olhos do público brasileiro

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tabuada na bolsa: Ibovespa reage ao balanço do Bradesco enquanto investidores aguardam payroll nos EUA

7 de fevereiro de 2025 - 8:17

Participantes do mercado olham para o payroll em busca de sinais em relação aos próximos passos do Fed

O CÉU ABRIU

Ação da Azul (AZUL4) arremete e surge entre as maiores altas do Ibovespa; governo dá prazo para fusão com a Gol (GOLL4)

6 de fevereiro de 2025 - 18:51

Mais cedo, o ministro de Porto e Aeroporto, Silvio Costa Filho, falou sobre os próximos passos do acordo entre as companhias aéreas

DESTAQUES (NEGATIVOS) DA BOLSA

Raízen (RAIZ4) e Braskem (BRKM5) lideram quedas do Ibovespa. O que está por trás das perdas das ações?

6 de fevereiro de 2025 - 13:19

Na ponta positiva do principal índice da bolsa brasileira aparece a Azul; entenda o que faz os papéis da companhia aérea decolarem nesta quinta-feira (6), depois das perdas da véspera

O CÉU ABRIU

Ação da Azul (AZUL4) arremete e surge entre as maiores altas do Ibovespa; governo dá prazo para fusão com a Gol (GOLL4)

6 de fevereiro de 2025 - 12:52

Mais cedo, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, falou sobre os próximos passos do acordo entre as companhias aéreas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Uma renda nem tão fixa assim: Ibovespa reage a balanços enquanto investidores monitoram Trump e decisão de juros na Inglaterra

6 de fevereiro de 2025 - 8:16

Itaú reporta lucro líquido maior do que se esperava e anuncia dividendos extraordinários e recompra de ações multibilionária

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar