Ultrapassado pelo Nubank em valor de mercado, Itaú BBA não acha uma boa comprar ações do roxinho
Banco de investimento chama atenção para desafio estrutural ao potencial de monetização de clientes do Nubank no Brasil
Após os holofotes da estreia em Nova York, o Nubank (NU) parece encarar uma dura realidade: suas ações patinam na bolsa e algumas instituições financeiras começam a ver pouco potencial de ganho para as ações do roxinho.
No caso do Itaú BBA, esse potencial é… zero. O banco de investimentos iniciou a cobertura do NU com classificação underperform (equivalente à venda) e preço-alvo de US$ 8 — o que representa uma desvalorização de 19,84% com relação ao preço de fechamento de ontem das ações na Nasdaq.
O BTG Pactual é outro banco de investimentos que passou a ver pouco espaço para ganhos com o roxinho. Confira a recomendação para as ações feita pela instituição.
Quando realizou sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em Nova York, o Nubank se transformou no banco mais valioso da América Latina, superando o próprio Itaú no topo do ranking.
O NU chegou a ver seus papéis dispararem 30% nos primeiros dias de negociação, mas tudo o que sobe, desce — e não é de hoje que as ações do roxinho estão em baixa na bolsa.
Perto do fechamento das negociações em Nova York, os papéis do Nubank operavam com queda de 2,60%, cotados em US$ 9,72.
Nubank versus Banco Inter
O Itaú BBA vê muitas conquistas e potencial de crescimento para o Nubank, mas vê um desafio estrutural para seu potencial de monetização de clientes no Brasil e espera que o próximo ciclo de crédito inadimplente (NPL) no sistema seja difícil para a base recém-formada do banco.
“Acreditamos que isso provavelmente desencadeará uma correção e diminuirá a percepção do mercado sobre o lucro/potencial do cliente do banco”, diz o relatório.
Por essa razão, o Itaú BBA diz que o Banco Inter é seu banco digital preferido, por ter um valuation mais atrativo e um perfil de crédito/cliente melhor.
Méritos e desafios do roxinho
Segundo o Itaú BBA, a construção de uma base de 48 milhões de clientes, 35 milhões deles ativos, é notável e soma-se à experiência bancária que oferece cartões de crédito e contas gratuitas - o que coloca o NU na vanguarda do dia a dia de muitos brasileiros.
Porém, a próxima etapa é mais desafiadora. Segundo o banco de investimentos, os clientes do Nubank e a exposição ao crédito tendem para a faixa de renda mais baixa no Brasil (56% ganham até três salários mínimos).
“Isso limita estruturalmente a monetização per capita vis-à-vis o que o preço das ações exige, em nossa opinião”, diz o relatório.
As receitas de serviço, segundo o Itaú BBA, podem ajudar, mas a maior parte do pool de receitas do setor bancário está na área de crédito de varejo em crescimento, na qual cerca 50% do volume do Brasil está concentrado nos clientes 10% mais ricos.