Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) apagadas? Varejistas de e-commerce devem ter resultados fracos no 3º trimestre; números melhores podem ficar só para 2023
Alta de juros, endividamento das famílias e baixa confiança do consumidor estão entre desafios das varejistas brasileiras

As varejistas com forte atuação no e-commerce — como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) — foram, durante algum tempo, queridinhas da bolsa brasileira. Suas ações eram recomendadas por analistas, gestores e influenciadores, e tinham até suas próprias torcidas no chamado FinTwit — a comunidade que reúne entusiastas do mercado financeiro no Twitter.
Mas, num cenário de juros ainda altos, famílias endividadas e pouca confiança do consumidor, os desafios para essas companhias ficaram evidentes. Como consequência, os papéis das três principais empresas do setor se desvalorizaram na bolsa: só em 2022, VIIA3 amarga perdas de quase 40%; AMER3 recua perto de 50%, e MGLU3 tem baixa de 38%.
Com a proximidade da divulgação dos resultados referentes ao terceiro trimestre do ano, muitos investidores desejam saber se Magazine Luiza, Via e Americanas trarão bons dados — e, claro, se o jogo está perto de uma virada para as varejistas.
- Magazine Luiza (MGLU3) já era? Cara ou barata? Com uma queda de mais de 30% no ano, alguns fatores marcantes podem impactar a ação e concorrentes daqui para frente. Acesse neste link mais detalhes.
Para quem aposta numa guinada, no entanto, as notícias não devem ser boas. No curto prazo, o trio de varejistas ainda deve sofrer e depende bastante de um quadro macroeconômico melhor para respirar com calma.
"Esperamos que as empresas de comércio eletrônico experimentem mais um trimestre fraco, considerando a alta alavancagem e exposição a produtos de alto valor", escreveram os analistas do Santander, em relatório.
Eles acrescentam que essas empresas mantiveram o foco em suas margens e lucratividade nos últimos trimestres — uma escolha que impactou as promoções e as métricas operacionais, levando a "números de vendas decepcionantes", especialmente para Americanas, Magazine Luiza e Via.
Leia Também
Brasil x Argentina na bolsa: rivalidade dos gramados vira ‘parceria campeã’ na carteira de 10 ações do BTG Pactual em abril; entenda
‘Ninguém pendura um CDB na parede’: obras de arte ganham força como opção de investimentos — como começar sua coleção
Confira as projeções do banco para o resultado dessas companhias no 3º trimestre:
Receita líquida - YoY | Ebitda - YoY | GMV total - YoY | Preço-alvo para o fim de 2023 | Recomendação | |
Americanas (AMER3) | -15% | -23% | -8,8% | R$ 35,00 — potencial de alta de 120,1% | Neutro |
Magazine Luiza (MGLU3) | 4% | 45% | 4,6% | R$ 11,10 — potencial de alta de 143,4% | Compra |
Via (VIIA3) | -4% | Não há | -8,8% | R$ 5,80 — potencial de alta de 83,5% | Neutro |
O caminho das varejistas até aqui
Para entender porque as varejistas passam por esse momento ruim que se reflete no balanço trimestral de Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3), não basta olhar apenas para o momento macroeconômico. É importante analisar também como o setor se comportou desde o início da pandemia.
Ainda na esteira dos juros baixos, que naturalmente beneficiam empresas que dependem da disponibilidade de crédito, as varejistas surfaram bem a onda do início da crise da Covid-19. A necessidade de unir lazer e trabalho dentro de casa fez muitos consumidores comprarem TVs novas, trocarem eletrodomésticos, investirem em computadores melhores para o trabalho ou num celular novo para as crianças assistirem às aulas.
O fato é que, pouco mais de dois anos depois — e uma Selic de 13,75% que encarece o crédito —, poucas pessoas estão precisando investir nesse tipo de produto novamente em tão pouco tempo. Ou seja: os carros-chefes das três companhias não estão com uma demanda aquecida.
Ainda que o governo federal tenha colocado R$ 21 bilhões extras na mão dos eleitores durante a campanha — dinheiro que poderia ter beneficiado o varejo nacional —, boa parte desse valor foi parar no varejo de alimentos e pagamento de dívidas.
"Só veremos uma mudança mesmo em 2023. Os resultados de agora podem vir ligeiramente melhores, mas a melhora de fato vem conforme a situação macroeconômica fica mais positiva. Com os juros cedendo, as teses de longo prazo como o varejo são beneficiadas, já que é um setor alavancado e exposto ao crédito disponível", diz Bruno Damiani, analista de varejo da Western Asset.
Na avaliação dele, um ponto de atenção para o balanço de todas as varejistas neste ano é como elas estão administrando o capital de giro, assim como o nível de caixa.
No geral, o analista afirma que todas elas estão sendo obrigadas a abrir mão de vendas em nome da preservação das margens; o repasse justo de preços também é cada vez mais difícil, prejudicando o lado operacional. A queima de caixa também merece atenção.
Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3): desafios das varejistas
"Se observar, todas estão incentivando menos o consumidor, oferecendo frete grátis com menos frequência, não temos mais aqueles programas de cashback absurdos. Todo mundo precisa segurar o caixa porque o curto prazo ainda é desafiador", comenta Lucas Ribeiro, responsável pela área de renda variável da Kínitro Capital.
Ele aponta também para outro obstáculo no caminho do trio de varejistas brasileiras: a competição com Mercado Livre, Amazon e as asiáticas, como Shopee e AliExpress. As duas primeiras, por exemplo, estão no topo da lista daqueles consumidores que buscam frete grátis e entregas extremamente rápidas.
"O comércio online tem poucos players, sendo um negócio competitivo e com margens apertadas. No longo prazo, sequer haverá espaço para todas elas", comenta o gestor ao traçar possibilidades para o futuro do setor.
Ribeiro não acredita que elas irão sumir, mas sim que talvez precisem definir um nicho mais específico de atuação em busca de melhorar suas operações. Para ele, é o diferencial competitivo de cada uma que irá definir quem sairá melhor nos próximos anos, com maior consolidação no mercado.
"A questão é que talvez elas não tenham esse diferencial necessário para se consolidar no mercado", diz.
Hoje, a Kínitro Capital não tem nenhuma varejista de e-commerce na carteira, pois o gestor acredita que os retornos de companhias como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) ainda podem ficar comprometidos diante dessa indefinição.
Um outro gestor, que prefere não ser identificado, vê um futuro difícil para as empresas, com poucas chances de que elas voltem a mostrar balanços com recordes históricos ou valuations extraordinários.
No caso da Via e da Americanas, ele afirma que o mercado ainda possui suas dúvidas a respeito da gerência de ambas empresas.
"A Via teve um turn around que não deu certo e diversos problemas de governança corporativa, que ainda afastam investidores. A Americanas pode ter sua salvação com a chegada do Rial", diz.
Ele se refere a Sérgio Rial, que será diretor-presidente da Americanas a partir de 2023. Antes, ele liderou o Santander Brasil durante sete anos. Para parte do mercado, sua experiência no setor financeiro pode ser fundamental para recuperar a empresa e a saúde de seus balanços.
Americanas (AMER3) acendeu sinal de alerta
No fim de outubro, foi justamente a Americanas (AMER3) a primeira a acender o alerta de que os resultados das varejistas poderiam vir mais fracos do que o previsto. Em 20 de outubro, a ação tombou mais de 10% e liderou as baixas da bolsa.
Na época, o BTG Pactual informou em relatório que espera que o volume bruto de vendas (GMV, na sigla em inglês) das Lojas Americanas caia 12% em relação ao mesmo período de 2021.
O banco ainda prevê um recuo no critério vendas mesmas lojas (SSS) e um Ebitda — lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização — de R$ 579 milhões ante R$ 743 milhões um ano antes, enquanto a receita líquida deve ser 14% menor na mesma base comparativa.
"Após um segundo trimestre sólido para a maioria dos varejistas de e-commerce em nosso universo de cobertura, esperamos um terceiro trimestre impactado pelas perspectivas macroeconômicas", escrevem os analistas do BTG.
Na avaliação de Carlos Alves, sócio e gestor de ações da Polo Capital, se as projeções para a Americanas se confirmarem, os números da Via devem vir na mesma direção. A Magazine Luiza tem chances de mostrar números um pouco mais saudáveis por sua capacidade de ainda praticar melhores preços, com a ressalva sobre o quanto isso vai prejudicar as margens da companhia de Luiza Trajano.
Ações para se proteger da inflação: XP monta carteira de baixo risco para navegar no momento de preços e juros altos
A chamada “cesta defensiva” tem dez empresas, entre bancos, seguradoras, companhias de energia e outros setores classificados pela qualidade e baixo risco
Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) perdem juntas R$ 26 bilhões em valor de mercado e a culpa é de Trump
Enquanto a petroleira sofreu com a forte desvalorização do petróleo no mercado internacional, a mineradora sentiu os efeitos da queda dos preços do minério de ferro
Embraer (EMBR3) tem começo de ano lento, mas analistas seguem animados com a ação em 2025 — mesmo com as tarifas de Trump
A fabricante de aeronaves entregou 30 aviões no primeiro trimestre de 2025. O resultado foi 20% superior ao registrado no mesmo período do ano passado
Oportunidades em meio ao caos: XP revela 6 ações brasileiras para lucrar com as novas tarifas de Trump
A recomendação para a carteira é aumentar o foco em empresas com produção nos EUA, com proteção contra a inflação e exportadoras; veja os papéis escolhidos pelos analistas
Nike vai recuperar o pace? Marca perdeu espaço para Adidas e On, mas pode voltar aos pés dos consumidores
Após anos de marasmo, perdendo espaço para concorrentes, empresa americana tenta recuperar influência no mercado focando em um segmento que sempre liderou
Itaú (ITUB4), de novo: ação é a mais recomendada para abril — e leva a Itaúsa (ITSA4) junto; veja outras queridinhas dos analistas
Ação do Itaú levou quatro recomendações entre as 12 corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro; veja o ranking completo
Rodolfo Amstalden: Nos tempos modernos, existe ERP (prêmio de risco) de qualidade no Brasil?
As ações domésticas pagam um prêmio suficiente para remunerar o risco adicional em relação à renda fixa?
Onde investir em abril? As melhores opções em ações, dividendos, FIIs e BDRs para este mês
No novo episódio do Onde Investir, analistas da Empiricus Research compartilham recomendações de olho nos resultados da temporada de balanços e no cenário internacional
Minoritários da Tupy (TUPY3), gestores Charles River e Organon indicam Mauro Cunha para o conselho após polêmica troca de CEO
Insatisfeitos com a substituição do comando da metalúrgica, acionistas indicam nome para substituir conselheiro independente que votou a favor da saída do atual CEO, Fernando Rizzo
Cogna (COGN3) mostra ao investidor que terminou o dever de casa, retoma dividendos e passa a operar sem guidance
Em meio à pandemia, em 2020, empresa anunciou guidances audaciosos para 2024 – que o mercado não comprou muito bem. Agora, chegam os resultados
Assembleia do GPA (PCAR3) ganha apoio de peso e ações sobem 25%: Casino e Iabrudi sinalizam que também querem mudanças no conselho
Juntos, os acionistas somam quase 30% de participação no grupo e são importantes para aprovar ou recusar as propostas feitas pelo fundo controlado por Tanure
Michael Klein eleva posição acionária na Casas Bahia (BHIA3) e dá mais um passo para retornar ao conselho da varejista
Segundo o comunicado, o aumento da posição acionária tem como objetivo viabilizar o envolvimento de Michael Klein na gestão da Casas Bahia (BHIA3)
Trump-palooza: Alta tensão com tarifaço dos EUA força cautela nas bolsas internacionais e afeta Ibovespa
Donald Trump vai detalhar no fim da tarde de hoje o que chama de tarifas “recíprocas” contra países que “maltratam” os EUA
Lucro do Banco Master, alvo de compra do BRB, dobra e passa de R$ 1 bilhão em 2024
O banco de Daniel Vorcaro divulgou os resultados após o término do prazo oficial para a apresentação de balanços e em meio a um negócio polêmico com o BRB
Tupy (TUPY3): Troca polêmica de CEO teve voto contrário de dois conselheiros; entenda o imbróglio
Minoritários criticaram a troca de comando na metalúrgica, e o mercado reagiu mal à sucessão; ata da reunião do Conselho divulgada ontem mostra divergência de votos entre os conselheiros
Vale (VALE3) garante R$ 1 bilhão em acordo de joint venture na Aliança Energia e aumenta expectativa de dividendos polpudos
Com a transação, a mineradora receberá cerca de US$ 1 bilhão e terá 30% da nova empresa, enquanto a GIP ficará com 70%
Trump preocupa mais do que fiscal no Brasil: Rodolfo Amstalden, sócio da Empiricus, escolhe suas ações vitoriosas em meio aos riscos
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, o sócio-fundador da Empiricus, Rodolfo Amstalden, fala sobre a alta surpreendente do Ibovespa no primeiro trimestre e quais são os riscos que podem frear a bolsa brasileira
Shopee quer bater de frente com Mercado Livre e Amazon no Brasil — mas BTG faz alerta
O banco destaca a mudança na estratégia da Shopee que pode ser um alerta para as rivais — mas deixa claro: não será nada fácil
Michael Klein de volta ao conselho da Casas Bahia (BHIA3): Empresário quer assumir o comando do colegiado da varejista; ações sobem forte na B3
Além de sua volta ao conselho, Klein também propõe a destituição de dois membros atuais do colegiado da varejista
Ex-CEO da Americanas (AMER3) na mira do MPF: Procuradoria denuncia 13 antigos executivos da varejista após fraude multibilionária
Miguel Gutierrez é descrito como o principal responsável pelo rombo na varejista, denunciado por crimes como insider trading, manipulação e organização criminosa