Ficou para depois: Eletrobras (ELET3) adia para 2023 processo de migração para Novo Mercado; entenda
Empresa justifica que decidiu adiar o processo em razão das condições do mercado, mas pode encontrar problemas para levar a migração adiante em 2023
A Eletrobras (ELET3;ELET6) anunciou a suspensão temporária do processo de migração para o Novo Mercado — segmento com práticas mais rigorosas de governança corporativa da bolsa brasileira, a B3. A empresa justifica que as condições do mercado e a situação macroeconômica fizeram o conselho de administração optar por adiar essa mudança até 2023.
A migração para o Novo Mercado é um dos passos estabelecidos no chamado “Plano de Transformação” da companhia após a privatização.
Para se adequar às regras do segmento especial de listagem da B3, a Eletrobras precisa fazer uma série de mudanças, incluindo a conversão de todas as ações em ordinárias (ON), que dão direito a voto nas assembleias de acionistas.
A migração para o Novo Mercado teria como efeito a aglutinação desses papéis. Dessa forma, apenas as ações ordinárias ELET3 da Eletrobras permaneceriam em negociação.
Por que essa aglutinação é importante?
Essa prática é vista com bons olhos pelo mercado porque coloca todos os investidores em pé de igualdade. Evidentemente, as condições do mercado influenciam na tomada dessa decisão para que a empresa não saia no prejuízo durante essa fusão.
Em 12 meses, os papéis da Eletrobras têm o seguinte desempenho:
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Ticker | Preço | VAR(%) 12 meses |
ELET3 | R$ 45,72 | 41,61% |
ELET6 | R$ 48,47 | 52,20% |
A empresa afirma que os demais detalhes sobre esse movimento ainda estão sob análise do conselho.
O outro lado da moeda da Eletrobras
Apesar do forte desempenho dos papéis — em boa parte motivado pela privatização da empresa —, existe um ponto importante a ser levado em conta no processo de migração para o Novo Mercado da B3: o governo ainda detém aproximadamente 40% das ações ON e 13% das PNB da Eletrobras.
Entretanto, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva sempre se posicionou contra a privatização — e chegou a cogitar a reestatização da companhia durante a campanha.
Como a migração para o Novo Mercado reduziria ainda mais o poder de decisão do Estado na empresa, é possível que o novo governo se posicione contra o processo.
Eletrobras (ELET3) enxugando a máquina
Apesar do revés na migração para o Novo Mercado, a administração da Eletrobras tomou dois passos importantes na melhora da governança da companhia.
A primeira foi a aprovação do resgate da totalidade das ações preferenciais de classe A da companhia — aquelas com o ticker ELET5, que têm menor liquidez.
Assim, a Eletrobras pretende incorporar essas ações e manter apenas os papéis ordinários (ELET3) e preferenciais tipo B (ELET6).
O conselho da ex-estatal também aprovou a incorporação de ações de várias empresas controladas, como a Chesf, CGT Eletrosul, Furnas e Eletronorte.
Por fim, a Eletrobras informou que o cronograma e as condições das operações, incluindo o preço de resgate das ações PNA e a relação de troca na incorporação das ações das controladas, ainda serão definidos.
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