🔴 SAVE THE DATE – 25/11: MOEDA COM POTENCIAL DE 30.000% DE VALORIZAÇÃO SERÁ REVELADA – VEJA COMO ACESSAR

Ana Carolina Neira
Ana Carolina Neira
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero com especialização em Macroeconomia e Finanças (FGV) e pós-graduação em Mercado Financeiro e de Capitais (PUC-Minas). Com passagens pelo portal R7, revista IstoÉ e os jornais DCI, Agora SP (Grupo Folha), Estadão e Valor Econômico, também trabalhou na comunicação estratégica de gestoras do mercado financeiro.
fazendo as contas

A Cosan (CSAN3) deu um passo maior que a perna ao comprar a fatia na Vale (VALE3)? Entenda por que o mercado está receoso com a operação

Investidores digerem a compra ousada de 6,5% da Vale (VALE3) pela Cosan (CSAN3), ainda cercada de dúvidas

Ana Carolina Neira
Ana Carolina Neira
11 de outubro de 2022
6:40 - atualizado às 16:09
Cosan
Imagem: Shutterstock

Desde o fim da tarde de sexta-feira (7), os investidores buscam compreender melhor uma notícia que deixou o mercado bastante surpreso: a compra, pela Cosan (CSAN3), de uma fatia de 6,5% da Vale (VALE3). E, enquanto o mercado faz as contas a respeito da bilionária transação, a ordem parece ter sido a mesma — na dúvida, é melhor vender.

Afinal, se os planos da Cosan parecem ser grandiosos, eles também são bastante complexos: a estrutura de financiamento para a aquisição foge, em muito, do que se costuma ver nas operações do tipo. De acordo com gestores e analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro, a pressão vendedora acontece principalmente por conta das dúvidas em relação ao negócio. 

Além do arcabouço financeiro em si, também há questionamentos sobre o nível de alavancagem que a Cosan assumirá nos próximos anos, sua estrutura de capital, a falta de experiência no setor de mineração e o racional estratégico dessa decisão tão ousada.

No mercado, o comentário é de que o anúncio feito ainda durante o pregão — algo atípico, uma vez que notícias assim tendem a influenciar o movimento dos papéis de maneira instantânea — foi feito pelo receio de que a compra da fatia na Vale vazasse, o que prejudicaria ainda mais as empresas.

Basta ver o comportamento das duas empresas na bolsa: ao fim da quinta-feira (6), antes de a transação ser revelada, as ações CSAN3 valiam R$ 18,24; no fechamento de sexta (7), elas estavam cotadas a R$ 16,65, recuando 8,72% — a maior queda do Ibovespa no dia. Nesta segunda, os papéis caíram mais 7,5%, a R$ 15,40, acumulando perdas de 15,5% em dois pregões.

As ações VALE3 também tiveram impacto negativo, embora o efeito tenha sido bem mais contido: saíram de R$ 75,55 no fechamento de quinta para R$ 73,99 na segunda, uma baixa de 2% em duas sessões.

Leia Também

Cosan (CSAN3) monta posição na Vale (VALE3): como?

A operação para compra de 4,9% da Vale mistura aquisição de papéis VALE3 no mercado à vista e estrutura de derivativos. No futuro, caso tudo saia conforme o previsto, a participação da Cosan (CSAN3) na mineradora pode chegar a 6,5% em até cinco anos, o que resultaria em um investimento de R$ 22 bilhões — considerando o fechamento do pregão anterior ao anúncio.

Apenas a título de ilustração: em paralelo à megatransação, a Cosan também perdeu R$ 5 bilhões em valor de mercado, considerando a queda em suas ações.

Em relatório, o BTG Pactual aponta que o investimento é, de fato, ambicioso. Segundo o cálculo dos analistas, caso todo esse cenário se confirme, a Cosan teria dois terços de seu valor de mercado investido na Vale.

Ainda na sexta-feira, a Cosan fez uma teleconferência com analistas para explicar o negócio. Durante a chamada, a companhia informou que financiará R$ 8 bilhões desse montante via empréstimos bancários com garantias. O restante será financiado por derivativos num prazo de cinco anos.

A transação foi dividida da seguinte maneira: num primeiro momento, a Cosan comprou 1,5% das ações da Vale. Além disso, realizou um empréstimo para adquirir outros 3,4% diretamente via um instrumento de compra e venda conhecido como "collar" — pares de opção de compra e venda de ativos. 

Por fim, realizou uma operação via derivativos para eventualmente garantir mais 1,6% das ações da mineradora por uma conversão, que poderão ter direito a voto no futuro.

Os executivos da Cosan ainda reforçaram que não haverá diluição de acionistas para que toda a operação seja paga, o que era uma das principais dúvidas do mercado. A mensagem principal foi de que o negócio visa justamente o contrário: gerar valor aos acionistas. 

A Cosan ainda aproveitou para defender a qualidade da Vale e sua consistência de resultados. Assim, ela se junta aos principais acionistas da mineradora: Previ (8,61% do capital), Capital World Investor (6,69%), BlackRock (6,33%) e Mitsui (5,99%).

Mas isso não foi o suficiente

Ainda que a Cosan (CSAN3) tenha tentado esclarecer tais pontos, isso não foi suficiente, como mostra o derretimento das suas ações. "O mercado não quis dar o benefício da dúvida e ainda vai levar um tempo para absorver todas as informações", diz Pedro Queiroz, especialista em renda variável da SVN Investimentos. 

Para ele, esse pode inclusive se tornar um bom ponto de entrada nos papéis, uma vez que o negócio não é necessariamente ruim, mas ainda carece de algumas explicações.

Outra leitura presente no mercado hoje é de que, conforme a Cosan amplia seu leque de atuação, ela pode ficar ainda descontada em relação ao valor de mercado de suas subsidiárias com capital aberto.

Os analistas do BTG calculam que a empresa tenha um desconto de 22% nessa comparação, enquanto a média para outras holdings semelhantes é de 30% de desconto.

O portfólio da companhia já inclui atividades nos setores de crédito de carbono (a partir da Raízen (RAIZ4) e da Radar), óleo e gás (com Raízen e Comgás (CGAS5)), energias renováveis (também a Raízen) e commodities agrícolas (com a Rumo (RAIL3)).

Uma das maneiras de reduzir esse desconto no curto prazo é justamente fazer o IPO de outras subsidiárias, como a Compass e a Moove, que podem gerar alguns bilhões nos próximos anos.

Já o Credit Suisse, também em relatório, mantém uma postura cautelosa. Um dos pontos trazidos pelos analistas do banco é a dúvida sobre o nível de alavancagem da Cosan e como ela justifica esse uso, além da "falta de sinergia clara" entre as empresas.

Por fim, outra dúvida presente é o andamento de todo o negócio: a estrutura adotada permite que a Cosan saia do negócio nos próximos cinco anos, prazo para o término do investimento.

"Isso com certeza traz um grau de incerteza, afinal, ninguém tem ideia do que será a economia nos próximos cinco anos. Se lá na frente a Cosan entender que não foi um bom negócio, ela não é obrigada a ficar com os papéis e pode reduzir as demais estruturas que usa para o financiamento", explica um gestor, que prefere não ser identificado.

O BTG Pactual manteve a recomendação de compra para CSAN3, com preço-alvo de R$ 39 para os próximos 12 meses — potencial de alta de 153,2% de acordo com o último fechamento.

O Credit Suisse também tem recomendação de compra para a ação, com um preço-alvo mais modesto de R$ 23,00 — potencial de ganhos de 49,3%.

Cosan (CSAN3): futuro nebuloso

Se, no presente, as dúvidas mais preocupantes são sobre o financiamento complexo adotado para pagar toda a operação, o futuro também traz uma porção de questões.

Uma delas está diretamente ligada aos dividendos pagos pela Cosan (CSAN3), afirma Larissa Quaresma, analista da Empiricus. Ela explica que os proventos recebidos pela Cosan das suas subsidiárias (Raízen, Compass, Rumo, Moove e Radar) passarão a ser usados para amortizar a dívida de R$ 22 bilhões contraída para pagar a aquisição de participação na Vale (VALE3). 

"Com isso, espera-se que Cosan diminua o pagamento de dividendos aos seus acionistas".

Um gestor de ações de uma asset em São Paulo que tem posição em Vale e preferiu não ser identificado trouxe o mesmo exemplo para explicar o movimento de venda visto na bolsa ontem.

"No curto prazo teremos impactos negativos nos dividendos, seja de Raízen, seja de Compass [ambas subsidiárias da Cosan]. E isso, por consequência, se reflete nos dividendos da Cosan", diz.

Ele também acrescenta um ponto sobre o perfil de Rubens Ometto, fundador do conglomerado da Cosan. Segundo o gestor, o executivo dificilmente atua como minoritário em alguma empresa — o que deixa em aberto os seus planos futuros para a Vale.

"Ele não entra para 'receber ordem'. Sendo bem sincero, vendo o perfil do Ometto, acho difícil ele ficar quieto e aí acho que vamos começar a observar algum movimento, principalmente com os fundos de pensão."

Do ponto de vista estratégico, ainda há dúvidas sobre como a Cosan vai exercer influência na gestão de uma companhia do tamanho da Vale, especialmente com uma fatia tão pequena.

Entre os pontos positivos citados por gestores ouvidos pelo Seu Dinheiro e que justificam uma visão mais otimista para a Cosan no longo prazo estão a posição estratégica da Vale nos temas ligados à transição energética, onde a mineradora deve apontar ganhos relevantes nos próximos anos.

A Cosan (CSAN3) e o setor de minério

Esse não é o primeiro movimento da Cosan (CSAN3) no setor de minério de ferro, o que traz à mesa uma eventual sinergia a ser destravada com a compra de participação na Vale (VALE3).

No fim do ano passado, o conglomerado anunciou um acordo com a chinesa CCCC para adquirir o TUP São Luís, empresa detentora de um terminal de uso privado localizado na capital maranhense.

O negócio ajuda a Cosan em seus planos de produzir minério de ferro a partir de uma joint venture, algo que deve acontecer a partir de 2025.

Impactos para a Vale (VALE3)

As ações da Vale sentiram um impacto mais limitado desde o anúncio do negócio, uma vez que a chegada da Cosan pode ajudá-la estrategicamente. Para o mercado, nunca seria ruim uma empresa referência e com histórico de resultados chegando ao Conselho.

Em relatório, o Itaú BBA aponta impactos leves no curto prazo, sem esperar mudanças significativas na estratégia da Vale após a compra de uma fatia dela pela Cosan.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
PÉ NO CHÃO

“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente

21 de novembro de 2024 - 13:19

Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital

FACA NA TECNOLOGIA

O Google vai ser obrigado a vender o Chrome? Itaú BBA explica por que medida seria difícil — mas ações caem 5% na bolsa mesmo assim

21 de novembro de 2024 - 12:48

Essa seria a segunda investida contra monopólios ilegais nos EUA, desde a tentativa fracassada de desmembrar a Microsoft, há 20 anos

BOM, PORÉM…

Nvidia (NVDC34) vê lucro mais que dobrar  no ano — então, por que as ações caem 5% hoje? Entenda o que investidores viram de ruim no balanço

21 de novembro de 2024 - 11:22

Ainda que as receitas tenham chegado perto dos 100% de crescimento, este foi o primeiro trimestre com ganhos percentuais abaixo de três dígitos na comparação anual

FÁBRICA DE BILIONÁRIOS

Que crise? Weg (WEGE3) quer investir US$ 62 milhões na China para aumentar capacidade de fábrica

21 de novembro de 2024 - 8:22

O investimento será realizado nos próximos anos e envolve um plano que inclui a construção de um prédio de 30 mil m², com capacidade para fabricação de motores de alta tensão

DE COADJUVANTE A PROTAGONISTA

Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente

21 de novembro de 2024 - 6:09

Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade

PAPEL ATRAENTE

É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA

19 de novembro de 2024 - 18:17

O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025

SD Select

Em busca de dividendos? Curadoria seleciona os melhores FIIs e ações da bolsa para os ‘amantes’ de proventos (PETR4, BBAS3 e MXRF11 estão fora)

19 de novembro de 2024 - 15:47

Money Times, portal parceiro do Seu Dinheiro, liberou acesso gratuito à carteira Double Income, que reúne os melhores FIIs, ações e títulos de renda fixa para quem busca “viver de renda”

HIDRELÉTRICAS

R$ 4,1 bilhões em concessões renovadas: Copel (CPLE6) garante energia para o Paraná até 2054 — e esse banco explica por que você deve comprar as ações 

19 de novembro de 2024 - 15:12

Companhia paranaense fechou o contrato de 30 anos referente a concessão de geração das usinas hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias

EM ROTA DE COLISÃO?

Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo

19 de novembro de 2024 - 14:28

O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente

Conteúdo BTG Pactual

Equatorial (EQTL3) tem retorno de inflação +20% ao ano desde 2010 – a gigante de energia pode gerar mais frutos após o 3T24?

19 de novembro de 2024 - 14:00

Ações da Equatorial saltaram na bolsa após resultados fortes do 3º tri; analistas do BTG calculam se papel pode subir mais após disparada nos últimos anos

SD Select

‘Mãe de todos os ralis’ vem aí para a bolsa brasileira? Veja 3 razões para acreditar na disparada das ações, segundo analista

19 de novembro de 2024 - 10:29

Analista vê três fatores que podem “mudar o jogo” para o Ibovespa e a bolsa como um todo após um ano negativo até aqui; saiba mais

COMPRAR OU VENDER

Grupo Mateus: Santander estabelece novo preço-alvo para GMAT3 e prevê valorização de 33% para as ações em 2025; saiba se é hora de comprar

18 de novembro de 2024 - 17:42

O banco reduziu o preço-alvo para os papéis da varejista de alimentos em relação à 2024, mas mantém otimismo com crescimento e parceria estratégica

PÉ NO ACELERADOR

Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação

18 de novembro de 2024 - 13:31

Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa

DESTAQUES DA BOLSA

Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial

18 de novembro de 2024 - 12:27

O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada

EM MINAS GERAIS

Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3) voltam a ficar no radar das privatizações e analistas dizem qual das duas tem mais chance de brilhar

18 de novembro de 2024 - 10:31

Ambas as empresas já possuem capital aberto na bolsa, mas o governo mineiro é quem detém o controle das empresas como acionista majoritário

RESULTADOS FINAIS

Lucro dos bancos avança no 3T24, mas Selic alta traz desafios para os próximos resultados; veja quem brilhou e decepcionou na temporada de balanços 

18 de novembro de 2024 - 6:01

Itaú mais uma vez foi o destaque entre os resultados; Bradesco avança em reestruturação e Nubank ameaça desacelerar, segundo analistas

DO ROXO AO VERMELHO

Warren Buffett não quer o Nubank? Megainvestidor corta aposta no banco digital em quase 20% — ação cai 8% em Wall Street 

15 de novembro de 2024 - 18:01

O desempenho negativo do banco digital nesta sexta-feira pode ser explicado por três fatores principais — e um deles está diretamente ligado ao bilionário

OS PLANOS DO BB

Banco do Brasil (BBAS3) de volta ao ataque: banco prevê virada de chave com cartão de crédito em 2025 

15 de novembro de 2024 - 17:02

Após fase ‘pé no chão’ depois da pandemia da covid-19, a instituição financeira quer expandir a carteira de cartão de crédito, que tem crescido pouco nos últimos dois anos

EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

CEO da AgroGalaxy (AGXY3) entra para o conselho após debandada do alto escalão; empresa chama acionistas para assembleia no mês que vem

15 de novembro de 2024 - 16:16

Além do diretor-presidente, outros dois conselheiros foram nomeados; o trio terá mandato até a AGE marcada para meados de dezembro

O QUE DIZEM OS NÚMEROS

Ações do Alibaba caem 2% em Nova York após melhora dos resultados trimestrais. Por que o mercado torce o nariz para a gigante chinesa?

15 de novembro de 2024 - 14:03

Embora o resultado do grupo tenha crescido em algumas métricas no trimestre encerrado em setembro, ficaram abaixo das projeções do mercado — mas não é só isso que explica a baixa dos ativos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar