Reino Unido ameaça revisão em termos do Brexit e alimenta temores de guerra comercial; fique por dentro da visita de Boris Johnson à Irlanda do Norte
Divergências entre diferentes unionistas e nacionalistas na Irlanda do Norte pode acabar afetando relação entre Reino Unido e União Europeia
O primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, esteve hoje (16) em Hillsborough, na Irlanda do Norte, para discutir os termos do acordo que, no contexto do Brexit, estabeleceu a necessidade de inspeção em bens que transitem entre a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte, que permanece no Mercado Único Europeu.
A viagem, organizada às pressas, acontece depois do Partido Unionista Democrático (PUD) bloquear a formação de um novo governo, apesar da derrota nas eleições de 5 de maio, em que, pela primeira vez em 101 anos, venceram os nacionalistas do Sinn Féin.
Na Irlanda do Norte, as regras para a formação do executivo preveem a necessidade de acordo entre as forças.
O que é o Protocolo da Irlanda do Norte?
A Irlanda do Norte é o único território do Reino Unido que possui fronteira terrestre com um país da União Europeia, a República da Irlanda, e por isso exige tratamento especial de ambos os lados.
Antes do Brexit, tudo o que passava pela região estava sujeito às mesmas regras comerciais, o que permitia a livre circulação das mercadorias. Depois do Brexit, diferentes graus de inspeção passaram a ser exigidos, já que a União Europeia possui regras bastante rígidas para permitir a entrada de mercadorias no bloco.
A solução encontrada foi inspecionar as mercadorias que transitam entre Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte, permitindo assim a manutenção do livre trânsito entre Irlanda do Norte e a Irlanda. Além disso, produtos comercializados na Irlanda do Norte ficaram sujeitos às regras europeias.
Leia Também
Biden testa linha vermelha de Putin na guerra com a Ucrânia e deixa casca de banana para Trump
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
A instabilidade política da região, que inclusive motivou o acordo que hoje possibilita que o PUD obstrua a formação de um novo executivo, também foi levada em consideração na elaboração do protocolo, já que evita uma fronteira física nas ilhas da Irlanda, garantindo a manutenção do Acordo de Sexta-Feira Santa de 1998.
Problemas internos (e externos)
Depois do encontro com os cinco principais partidos de Stormont, Boris Johnson disse que gostaria de resolver os problemas de maneira consensual e negociada, de maneira a evitar a instalação de algumas destas barreiras no sentido leste-oeste (da Irlanda do Norte para a Grã-Bretanha).
A presidente do partido que venceu as eleições, Mary Louy McDonald, também se pronunciou e chamou de inaceitável o que chamou de táticas de obstrução em relação ao protocolo. Para ela, o governo britânico estaria provocando de maneira perigosa as instituições europeias e fazendo da sociedade um “refém”.
Já o líder do DUP, Sir Jeffrey Donaldson, disse que julgaria a atuação de Boris Johnson através de suas ações e não palavras, e justificou a escolha de barrar a constituição de um novo poder executivo — segundo ele, não se pode haver compartilhamento de poder sem consenso, e neste momento não há consenso.
O Reino Unido e a Europa
Quem não está gostando nada da confusão que vai se armando em Belfast é a União Europeia. O vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, disse que as ameaças por parte do Reino Unido são inaceitáveis e reforçou sua preocupação com a possibilidade de Boris Johnson tomar decisões de forma unilateral.
Também pesa para isso o fato de que Boris Johnson tem defendido a revisão do acordo, utilizando o argumento de que a guerra na Ucrânia e a pandemia mudaram de maneira decisiva a realidade da região, obrigado uma repactuação.
O problema é que a União Europeia já propôs mudanças ao protocolo em outubro de 2021, quando chegou a defender mais flexibilidade para bens como remédios, plantas e alimentos, o que foi rejeitado pelo Reino Unido.
Para complicar ainda mais a situação, a secretária de relações exteriores de Boris Johnson, Liz Truss, disse na semana passada que o governo britânico “não terá escolha a não ser agir” caso a União Europeia não demonstre a flexibilidade necessária.
Guerra comercial no horizonte?
De uma maneira ou de outra, o governo do Reino Unido não parece totalmente decidido de que a única saída possível é romper o protocolo de maneira natural, e mesmo que esse fosse o caso, seria necessário enfrentar a oposição internamente e o processo exigiria tempo.
De 6 meses a 1 ano — segundo Mujtaba Rahman, da consultoria Eurasia. Assim, o risco de uma guerra comercial estaria ainda um pouco distante no tempo.
Outro analista, Christopher Granville, da TS Lombard, defendeu, em entrevista à CNBC, que a postura de Westminister seria, na verdade, uma maneira de se engajar na disputa política interna ao Reino Unido, ao demonstrar que está batendo de frente com a União Europeia.
Segundo Lombard, a posição de Boris Johnson também teria o objetivo de tirar o foco de problemas como o custo de vida em alta e o resultado desfavorável em eleições regionais.
*Com informações da CNBC e BBC
Recado de Lula para Trump, Europa de cabelo em pé e China de poucas palavras: a reação internacional à vitória do republicano nos EUA
Embora a maioria dos líderes estejam preocupados com o segundo mandato de Trump, há quem tenha comemorado a vitória do republicano
Além do Ozempic: Novo Nordisk tem lucro acima do esperado no 3T24 graças às vendas de outra ‘injeção de emagrecimento’
Novo Nordisk deu um respiro para o mercado de drogas de emagrecimento, que é encarado com certo ceticismo após altas expressivas
Começa a semana mais importante do ano: Investidores se preparam para eleições nos EUA com Fed e Copom no radar
Eleitores norte-americanos irão às urnas na terça-feira para escolher entre Kamala Harris e Donald Trump, mas resultado pode demorar
‘Nova fase de crescimento’: HSBC anuncia reestruturação e nomeia primeira CFO mulher; veja o que vai mudar no banco inglês
Mudanças vêm em um contexto de queda de juros na Europa e maior foco nos negócios na Ásia
Agenda econômica: Prévia da inflação do Brasil, temporada de balanços e Livro Bege são destaques da semana
A temporada de balanços do 3T24 no Brasil ganha suas primeiras publicações nesta semana; agenda econômica também conta com reuniões do BRICS
Randoncorp (RAPT4) mira internacionalização, vai ao Reino Unido e compra o grupo de autopeças EBS por R$ 410 milhões
Companhia é uma das maiores distribuidoras independentes de autopeças de sistemas de freio para veículos comerciais na Europa
O que divide o brasileiro de verdade: Ibovespa reage a decisão de juros do BCE e dados dos EUA em dia de agenda fraca por aqui
Expectativa com o PIB da China e novas medidas contra crise imobiliária na segunda maior economia do mundo também mexem com mercados
Sinais de mais estímulos à economia animam bolsas da China, mas índices internacionais oscilam de olho nos balanços
Enquanto isso, os investidores aguardam o relatório de produção da Vale (VALE3) enquanto a sede da B3, a cidade de São Paulo, segue no escuro
Agenda econômica: Inflação é destaque no Brasil, EUA e China, com ata do Fed e PIB do Reino Unido no radar
Além de dados de inflação, as atenções dos mercados financeiros se voltam para o fluxo cambial do Brasil e a balança comercial dos EUA e Reino Unido
Carros elétricos da China vão ser taxados em até 45% na União Europeia; o que isso significa para o mercado de EVs?
O governo chinês afirma que a decisão afeta décadas de cooperação entre os dois grupos; alguns países temem retaliação do país asiático
Bolsas da China vão do ‘dragão de madeira’ ao ‘touro de ouro’ com nova rodada de estímulos — mas índices globais caem de olho em dados da semana
Nos próximos dias serão publicados os números de emprego nos Estados Unidos, que darão pistas sobre o futuro dos juros norte-americanos
Um rolê no parquinho da bolsa: Ibovespa tenta reduzir perda acumulada em setembro em dia de Pnad e Caged, além de PCE nos EUA
A dois pregões do fim do mês, Ibovespa acumula queda de 2,2% em setembro, mas ainda pode voltar para o alto da roda gigante
Em defesa da BYD: China apela para que os EUA desistam de restrições a produtos automotivos — e promete revidar se isso não acontecer
O pedido acontece depois de o Departamento de Comércio norte-americano propor nesta semana a adoção de medidas contra produtos e serviços automotivos chineses
Entre estímulos e desestímulos: corte de juros na China anima bolsas internacionais, mas Ibovespa espera a ata do Copom
Iniciativas do banco central chinês incluem a redução do compulsório bancário e corte de juros para financiamentos imobiliários e compra de um segundo imóvel
Governo Biden quer proibir carros inteligentes com tecnologia da China nos EUA – e Rússia também entra na mira
Os Estados Unidos alegam que o uso de tecnologia da China e da Rússia ameaça a segurança nacional; mas rival enxerga protecionismo
Agenda econômica: prévia da inflação é destaque no Brasil e nos EUA, com ata do Copom e PIB norte-americano no radar
Por aqui, a divulgação do IPCA-15 e da ata da última reunião do comitê de política monetária, que levou à primeira redução da Selic em mais de 2 anos, dominam a semana
França anuncia novo gabinete de centro-direita após vitória da esquerda nas eleições parlamentares; conheça os membros
Novo premiê, Michel Barnier, montou gabinete já aprovado e anunciado pela presidência neste sábado
Cada um tem seu momento: Ibovespa reage a decisões de política monetária no Brasil e nos EUA
Enquanto o Fed começou a cortar os juros nos EUA, o Copom subiu a taxa Selic pela primeira vez em dois anos por aqui
Dia de uma super decisão: bolsas amanhecem voláteis em meio à espera das decisões sobre juros no Brasil e EUA
Enquanto as apostas de um corte maior crescem nos Estados Unidos, por aqui o Banco Central está dividido entre manter ou elevar a Selic
Não tem como fugir da Super Quarta: bolsas internacionais sentem baixa liquidez com feriados na Ásia e perspectiva de juros em grandes economias
Enquanto as decisões monetárias da semana não saem, as bolsas internacionais operam sem um único sinal