Petróleo abaixo de US$ 100: 3 fatores que aliviaram a pressão da principal commodity energética do mundo — mas isso vai durar?
Confira ainda algumas dicas do que o investidor que aposta em petroleiras pode fazer nessa situação, segundo especialistas do setor

Os investidores do mundo tiveram uma surpresa na manhã desta quarta-feira (13) — e, diferentemente da onda negativa dos últimos dias, esta notícia foi positiva. O barril do petróleo Brent, utilizado como referência internacional, rompeu momentaneamente o suporte de US$ 100.
Vamos relembrar: as cotações da principal commodity energética do mundo começaram a subir vertiginosamente com o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro deste ano.
Desde então, à exceção de abril, quando o preço do barril tocou momentaneamente os US$ 99, o petróleo continuava sendo negociado acima dos US$ 100 — chegando a atingir os US$ 128 nas máximas do ano.
Dito isso, a novidade de hoje é positiva para a dinâmica da inflação global, uma vez que alivia as pressões sobre os combustíveis. Tanto o Fed quanto o BC entendem que o petróleo acima de US$ 100 será uma realidade para os próximos meses, mas o alívio atual pode ajudar a rever as estimativas para a tendência inflacionária.
Já para quem investe em petroleiras, o saldo é negativo porque o potencial de geração de receita fica menor — se o petróleo está mais barato, as vendas geram menos dinheiro para os cofres das empresas.
Por volta das 10h de hoje, o barril do Brent era negociado em queda de 0,44%, cotado a US$ 99,03. Mas o que mudou para o mundo sentir um alívio das cotações do petróleo? Aqui vão alguns dados que ajudam o investidor a entender a queda do preço:
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1 — Oferta de petróleo em queda
As sanções impostas à Rússia pelos países do Ocidente após a invasão da Ucrânia geraram um choque na oferta do petróleo, o que explica a disparada das cotações.
Mas um relatório publicado nesta quarta-feira pela Agência Internacional de Energia (AIE) mostrou que a desaceleração econômica deve gerar uma queda na demanda pela commodity.
No saldo geral, a oferta e demanda devem se equilibrar até o final de 2022 e início de 2023, o que já começa a influenciar nos preços.
Em números
De acordo com a agência, as projeções de demanda mundial de petróleo para este e o próximo ano caíram de 240 mil barris por dia (bpd) para 99,18 milhões de bpd em 2022; para 2023, as estimativas saíram de 280 mil bpd para 101,32 milhões de bpd.
Além disso, sanções adotadas contra a Rússia, pela guerra na Ucrânia, estão prejudicando sua oferta menos do que se previa, enquanto a produção de EUA e Canadá está aumentando, diz a agência.
2 — Recessão virando a esquina
A demanda global por petróleo vem sendo estabilizada ao longo dos últimos meses. No mais recente relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o cartel viu uma manutenção da demanda pela commodity.
A queda nas cotações já vem acontecendo desde então, mas o que pegou ainda mais os mercados hoje foi a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
A inflação por lá registrou a maior alta em 12 meses dos últimos 41 anos, o que dá sinal verde para que o Federal Reserve eleve ainda mais os juros na próxima reunião de política monetária — e também nas seguintes..
Esse aperto na maior economia do mundo dá mais força à tese que vem se formando de uma recessão global, o que deve reduzir ainda mais a demanda por energia.
3 — E mais covid no mundo
A descoberta de uma nova variante do coronavírus também liga o sinal amarelo para os investidores e analistas.
O risco de novos lockdowns globais começou a ser aventado após a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitir um alerta sobre a BA.2.75, variante que circula na Índia há mais de um mês e é uma das possíveis causas do aumento de novas infecções na China.
Na última semana, Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, afirmou que a entidade está rastreando a nova cepa, que circula há mais de um mês no país asiático.
Mas a queda do petróleo vai durar?
Na visão de Rodrigo Barreto, analista de investimento da Necton, é difícil cravar se esse movimento de queda irá perdurar.
“A gente não vê o petróleo desgarrar muito dessa região de 100 ou 110 [dólares]. Depende de uma série de fatores: guerra, se a Europa vai usar petróleo ao invés de gás no inverno, etc. Eu não cravaria [que a queda irá durar]”, comenta ele.
Mas e quem investe em petroleiras? Algumas dicas
Se você tem dinheiro em aplicações expostas ao preço do petróleo, como ações de companhias petroleiras, não deixe de conferir o nosso especial Onde Investir no 2º semestre.
Dentro do universo das ações, ainda pode ser cedo para abandonar a cautela de papéis mais seguros — como as de empresas ligadas às commodities, por exemplo. Na visão dos analistas consultados pela reportagem, as cotações mais altas das matérias-primas devem continuar.
Mas se você pretende abandonar a bolsa, aqui vão algumas ideias:
- Onde investir no 2º semestre: Renda fixa, nós gostamos de você! Com juros altos, ativos mais rentáveis do ano continuam atraentes
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